Diz ele: Chuviscou torrencialmente (Ferreira Fernandes)

Na crónica de ontem, tratei, com a ironia que o assunto/sujeito me parecia pedir, da bizarra explicação de Vítor Gaspar sobre os fracos números do investimento português no primeiro trimestre. “Adversas condições meteorológicas”, disse ele, sem rir, o que é de gargalhada. Daí eu ter recheado a crónica de termos irrisórios: previsões tão falhadas na meteorologia quanto nas finanças, cortes cegos nas altas pressões dos Açores… Para declarações oficiais loucas, crónicas tolas. Admito, porém, que o ângulo esteve errado. Não que Gaspar não merecesse o escárnio. O habitual discursador seco tentar desculpar-se com o excesso de precipitação (foi outra das piadas) estava a pedi-las. O meu erro foi ter deixado que a anedota da árvore me tapasse a floresta de análises sérias que o episódio exigia. A questão grave é: Vítor Gaspar, o homem mais determinante numa das situações mais graves da História portuguesa, não é um político. E isso é uma tragédia. Na sexta-feira passada – quando meia-Europa estava mergulhada nas águas, Budapeste e Praga salvas com sacos de areia, mortos, dezenas de milhares de desalojados – Gaspar justificou os nossos falhanços assim: em Portugal chuviscou torrencialmente. Da Alemanha (milhares de desalojados, 25 mil socorristas e 16 mil militares nas estradas) é um tal Wolfgang Schäuble, com quem Gaspar tem de se explicar. Receio que o nosso ministro lhe apareça de capa encerada e botas de borracha e cano alto.

5 thoughts on “Diz ele: Chuviscou torrencialmente (Ferreira Fernandes)”

  1. Neste ano, se algo tem ajudado as contas deste governo têm sido as condições metereológicas e as prioridades políticas do governo anterior. Já teve semanas de total autosuficiência na produção de energia eléctrica, uma dos habituais factores de desequilíbrio das contas externas.

  2. oh rui lisboa! já chega de propaganda. vai desglobalizar pró karalho com o mundo cruel e impiedoso que persegue o gasparalho mais a corja que o sustenta no poder.

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