Um extraterrestre que aterrasse em Portugal, por estes dias, ficaria muito surpreso com o facto de não constarem, na lista dos actuais ministros, os nomes da mulher e dos filhos de António Costa. O escândalo é tal que é o que parece. E parece mais. Parece que, desta vez, não foi o primeiro-ministro a convidar todos os membros do Governo, como sempre sucede, mas sim que foram os ministros que se convidaram uns aos outros, tendo aproveitado a oportunidade para convidarem membros da família.
A mim espanta-me que os escandalizados, e são tantos, não busquem argumentos que justifiquem a dimensão do escândalo. Por exemplo, por que raio não investigam os Orçamentos de Estado? Será que o Centeno beneficiou algum destes ministérios por pressão dos familiares? Ou, valha-me Deus, será que foram alvo de menos cativações?!
E, já agora, se a coisa é tão grave, porque é que não há ninguém na oposição que se chegue à frente e peça a demissão destes ministros? Aqui a resposta parece-me óbvia. O Verão pode não ser muito quente, nem muito seco.
não sei , mas acabo de descobrir que é primo da aberração José castelo branco. omg! adorava que o nomeasse ministro , fazia uma bela parelha com o PR.
“E, já agora, se a coisa é tão grave …”
É uma pena que o debate se concentre no que a oposição e a comunicação social valorizam (“os Ministros”) e não no que é essencial e devia preocupar (porque é grave) qualquer democrata e defensor de um sistema representativo assente em partidos políticos: o nepotismo que marca o funcionamento dos partidos políticos e que se mede, não pelas “relações familiares dos Ministros”, mas para escolhas menos visíveis e mediáticas: os Secretários de Estado, os Gabinetes Ministeriais (assessores, adjuntos, …), as direcções das Empresas e Institutos Públicos, Direcções -Gerais, as Estruturas de Missão, …
Isto, claro, a nível da Administração Central. Mas que curiosamente tem origem na Administração Local: quantos dos actuais Secretários de Estado e Gabinetes Ministeriais já passaram pela CM de Lisboa e Juntas de Freguesia de Lisboa, por exemplo?
Que por sua vez são alimentadas pelas Concelhias e Distritais dos partidos políticos. Quantos dos anteriores fazem/fizeram parte das Concelhias e Distritais de Lisboa do PS, por exemplo?
Era muito interessante não só fazer a análise da teia genealógica, mas também a análise do percurso/teia “politico/profissional”: Concelhias e Distritais -> CM e Juntas de Freguesia -> Secretários de Estado, os Gabinetes Ministeriais (assessores, adjuntos, …), as direcções das Empresas e Institutos Públicos, Direcções -Gerais, as Estruturas de Missão, …
E é precisamente na base (Concelhias e Distritais ) que o nepotismo tem origem: qualquer cidadão “comum” percebe que ao aderir a um partido político “todos são iguais mas há uns mais iguais que outros”.
A Guida ironiza com o “se a coisa é tão grave” porque está mais interessada em saltar para uma das trincheiras do debate politico-partidário (PS/Governo versos PSD/Oposição) do que debater o problema de fundo. E esse existe e é grave.
ou seja, somos uma monarquia sem rei nem roque mas com uma nobreza florescente.
Será que o Centeno beneficiou algum destes ministérios por pressão dos familiares?
Eu o que não percebo é como é que o Centeno, que é quem paga à gente toda, não tem ele próprio montes de familiares na administração pública. Que raios, o ministro que está em melhores condições para ser nepótico, parece ser o único que não o é?!
Olha outro. E não tem nada a ver com Ministros.
“Primo do secretário de Estado do Ambiente demitiu-se após nomeação.
Armindo dos Santos Alves, tinha sido nomeado pelo secretário de Estado do Ambiente como adjunto”
https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/primo-do-secretario-de-estado-do-ambiente-demitiu-se-apos-nomeacao-matos-fernandes-desconhecia-relacao-familiar-429554
Parafraseando (livremente) a Guida, “Parece que, desta vez, foram os Secretários de Estado que aproveitaram a oportunidade para convidarem membros da família para seus adjuntos”.
Tudo gente competentíssima, e que não pode ser prejudicada profissionalmente por causa das relações familiares. Coitados …
Mas não percamos tempo com isto, a coisa não é assim tão grave.
A ministra da justiça, que é conselheira, vem justificar que os juizes possam ganhar mais de que o primeiro ministro. É este parentesco político que Deve ser criticado.