O tema da vingança é um dos meus favoritos. Tanto a que se serve a frio como a que se serve a ferver. Ao cruzar um autor referido em comentário com um delicioso texto do Fernando — o qual me deixou a sonhar com uma série de pequenas, doces, lancinantes, impiedosas, secretas e compassivas vinganças —, o resultado é a citação que segue:
Se não entendo tudo, devo ficar contente com o que entendo. E entendo que vejo estas árvores e que tenho direito a minha língua e que posso olhar nos olhos dos estranhos e dizer: não me desculpe por não gostar do que você gosta; não me olhe de cima para baixo; não me envergonhe de minha fala; não diga que minha fala é melhor do que a sua; não diga que eu sou bonito, porque sua mulher nunca ia ter casado comigo; não seja bom comigo, não me faça favor; seja homem, filho da puta, e reconheça que não deve comer o que eu não como, em vez de me falar concordâncias e me passar a mão pela cabeça; assim poderei matar você melhor, como você me mata há tantos anos.
João Ubaldo Ribeiro, Vila Real
A MEU FAVOR
A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer
A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.
A meu favor tenho uma rua em transe
Um alto incêndio em nome de nós todos
Alexandre O’Neill
tomem lá um teorema bonito, tenho ali uma foto do Ubaldo e é simpático,
Se f é uma função diferenciável em A (aberto de R^n) então f é contínua em A
Eh pás, esta é demais,
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=58&id_news=293729
servida a ferver, corres o risco da injustiça irremediável. servida a frio, de te tornares um hamlet, num casting razoável.