Estava-se mesmo a ver: Rui Rio vai entregar a gestão do Rivoli à produtora de Filipe La Féria. Venham de lá as “grandes produções” revisteiras, os musicais à la Broadway dos pobrezinhos, o fogo-de-artifício para contentar o povão e satisfazer a ideia de cultura do autarca que tem alergia a subsídios.
Ou seja: entrega-se assim, de mão-beijada, a um privado com uma noção de “espectáculo” estritamente comercial, um espaço que as verbas públicas da Câmara do Porto ajudaram a restaurar e conservar. Pode não haver aqui qualquer surpresa (este desenlace já se adivinhava mesmo antes do eufemístico “aturado processo de selecção”), mas importa sublinhar o modo como a diversidade cultural nas grandes cidades vai sendo cerceada, subrepticiamente ou às escâncaras, por políticos medíocres que nivelam a arte pela bitola da televisão e encaram os criadores alternativos ora como empecilhos ora como parasitas (ou como as duas coisas ao mesmo tempo).
Logo durante a ocupação foi denunciada a intenção do RR entregar o Rivoli ao La Féria
Tudo bem, ZM. Só para lembrar (fala um alentejano) que, entre o Rivoli e a Avenida dos Aliados, ainda cabem muitos La Féria na horizontal.
O Porto já era o que se vê. Passa a ver-se melhor o que já era.
Fernando,
Eu sei que o título do post não é toponimicamente correcto, mas não resisti ao potencial irónico da expressão ‘Avenida dos Aliados’.
ZM, aproveite-se então completamente o costume local, e o teu título (que poderás usar numa crónica no DN) será «Passa Por Mim Nos Aliados». E depressa, antes que to roubem.
Será melhor termos um La Féria com produções de qualidade cultural dúvidosa, mas com salas cheias e espaço rentabilizado, ou uma amálgama de autointitulados intelectuais vanguardistas a desenvolver actividades que ninguem vê, subsidiados pelo erário público?