António Cartaxo tem uma das melhores vozes da rádio (frase que não sei o que queira dizer, nem tenho modo de justificar, mas que fica aqui muito bem, isso é inquestionável), a que se junta uma cabeça que resguarda o seu apurado gosto musical das ameaças externas. Na Antena 2, logo a seguir ao noticiário das dez matinais, fica o éter De Olhos Bem Abertos. São cinco minutos, não mais, de trechos musicais embrulhados em palavras apaixonadas. É a minha bendita cocaína dos dias úteis.
A cada semana se pode ouvir online os cinco programas da semana anterior. Recomendo-vos todos, e sempre, mas o do dia 25 de Setembro em particular. Porque termina com uma comparação entre Londres e o Campo Grande (em Lisboa). E isso, meus amigos, nunca antes tinha sido tentado neste universo.
(e o de 24 de Setembro devia ser de audição obrigatória na Escola, em todos os níveis e logo a começar pelo 1º, gastando-se 5 minutos por ano com estes 5 minutos, até ao fim da escolaridade, e convocando-se o pessoal auxiliar, incluindo o da cozinha e o da limpeza, para a festa)
Hoje quero tirar uma dúvida. Pedia ao Fernando e ao José Francisco que me dissessem.
Banco – é a caixa
O empregado que paga e recebe – é o caixa
e se for uma empregada? é o ou a caixa?
João,
É problema semelhante ao de polícia: a Polícia, o polícia, mas a mulher-polícia.
Penso que se diz, por aí, «a menina da caixa».
OK. Fernando. essa é uma saída. Há ainda outra coisa que me faz dúvida; as máquinas automáticas multibanco serão a caixa multibanco ou o caixa multibanco? Raios partam este português!
João,
Aí há que distinguir.
Dizemos «a caixa multibanco». Mas (talvez por cópia do uso brasileiro) chamamos ao mesmo objecto «o caixa automático», entendendo-se por tal a versão robotizada do indivíduo dessa profissão.
Tenha calma. Estamos num domínio em que apelamos para usos (mais ou menos justificáveis), que ainda não são norma e provavelmente nunca o serão. Porque surgirão objectos sucessores. Com novas, e fascinantes, consequências linguísticas.
Fui ouvir Cartaxo. Que preciosidade!
Obrigado ao Fernando. E, agora, explico a minha dúvida. Nestas coisas novas eu, geralmente, sigo o falar sem “purismos. Aconteceu que ao abrir o correio electrónico tinha duas mensagens. Uma dizia – atenção roubos nas caixas; a outra dizia – atenção roubos nos caixas. Fiquei baralhado e nada melhor do que perguntar a quem sabe.
Cartaxo é, com efeito, de ouvir ‘de olhos bem abertos’. Seja na Antena 2, seja (em boa hora o decidiram) na Antena 1.
Mas na dois há mais, dele. Mais tempo, mais preciosidades. De ouvir, sempre…