Post mortem

Com os primeiros flocos de neve de ontem, começaram a pingar as primeiras atribuições de culpa: o efeito de estufa anda a destrambelhar tudo e vamos a caminho de uma nova idade do gelo. Alarmismo sem bases científicas, claro está; se uma andorinha não faz a Primavera, também um nevão não faz o fim do mundo.
Com efeito, por muitas notícias assustadoras que vamos lendo, nada está ainda provado. E o problema é mesmo esse: se algum dia toda a comunidade científica aceitar como certo o papel das actividades humanas nas alterações do clima, será depois de convencida por alguns estudos a posteriori.

4 thoughts on “Post mortem

  1. Os nosso liberais cepticos so funcionam cam base em certezas cartesianas (e nos entretantos vao lendo o que as publcacoes de uns “cientistas”, os unicos que “ousam” criticar os consensos da “esquerda anti-mercado”)

  2. Actualmente, em relação ao aumento de temperatura, parece haver 2 pontos a considerar.

    1. o aumento de temperatura registado actualmente e que não se tem a certeza de ser devido a um carácter cíclico do clima no planeta ou se será causado (ou pelo menos acelerado) pela acção humana.

    2. o potencial aumento de temperatura no planeta causado pelos gases que já foram libertados mas que ainda não estão a fazer efeito (por exemplo, só agora se está a atingir a concentração máxima dos CFC’s na atmosfera, os quais já foram banidos há uns bons anos).

    A seguir, há a questão do efeito desse aumento de temperatura. No passado olhávamos apenas para a tmeperatura global e falávamos em subida das águas do mar. Actualmente vê-se o efeito que essa subida terá no clima, a perturbação que terá em fenómenos como a corrente do golfo (ou outras) e o El Niño e de que forma tais aumentos se reflectirão em coisas como mudança das estações do ano ou mesmo na concentração de oxigénio na atmosfera.

    Depois, há ainda a questão “malthusiana”: será que a tecnologia nos permitiria resolver estes problemas independentemente do que fizéssemos até lá? Ou seja, será que a tecnologia nos permitiria compensar subidas do nível das águas com diques, secas com reservatórios de água, temperaturas mais altas com sistemas de refrigeração e mais baixas com estufas? Esta questão permitiria um abuso constante dos recursos do planeta porque poderíamos resolver sempre o problema com recurso à tecnologia.

    Só que, no fim de contas, a questão é outra e bem mais simples. Queremos ou não manter o planeta como está? Se as nossas acções não estão a aquecer o planeta, nesse caso não fará diferença que continuemos a poluir, mas o ar ficará mais desagradável, o ambiente mais feio. No fundo, a questão do ambiente é ideológica: até que ponto estamos dispostos a prejudicar o meio ambiente (num limite de inofensividade, este seria prejudicado em termos de beleza) para garantir o nosso conforto?

    Pessoalmente acho que estamos bem assim. Tentemos antes melhorar quem não tem condições. Depois logo se vê.

  3. É falso que nada esteja provado.

    – Está provado que os anos mais quentes dos últimos 100 anos aconteceram nos últimos 10

    – Está provado que os extremos meteorológicos têm vindo a tornar-se mais extremos

    – Está provado que certos gases têm determinados efeitos na atmosfera e no modo como esta interagem com a radiação que nos chega do Sol ou com a sua irradiação de volta para o espaço sob a forma de radiação infravermelha (uma das principais maneiras que a Terra tem de perder calor)

    – Está provado que desde que começou a Revolução Industrial tem havido um aumento brutal na concentração de dióxido de carbono na atmosfera

    – Está provado que durante os últimos 50 anos aumentaram centenas ou milhares de vezes as concentrações de outros gases, mais raros, mas não menos eficientes na retenção da radiação infravermelha: CFCs, monóxido de carbono, monóxido de azoto, etc., etc.

    – Está provado, por outro lado, que também aumentou brutalmente a concentração de partículas em suspensão e que estas partículas tendem a aumentar o albedo do planeta e, consequentemente, diminuir a quantidade de radiação que chega ao solo.

    – Estão provadas muitas outras coisas.

    A única coisa que não está provada é uma relação *inequívoca* e *imediata* entre a actividade humana e as alterações climáticas. Há uma miríade de provas nessa direcção, mas são todas circunstanciais. Falta uma confissão do criminoso, ou uma fotografia que o mostre a cometer o crime. E é essa a prova que, de facto, só parece ser possível obter post mortem. Aí tens toda a razão.

    Relativamente ao que diz o João André, o problema é que ao prejudicarmos o meio ambiente não estamos a garantir o nosso conforto: estamos a garantir o nosso desconforto.

  4. Mais do que a garantir o nosso desconforto, estamos a patrocinar uma série de desastres à escala global, coisa que além de provada é já visível. Por lamentáveis questões ideológicas, há quem assobie para o ar perante o problema.
    Gostava de saber o que é que o josé tim diz em relação a isto, quando não está a recordar fantasmas de outrora.

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