Bom dia em Portimão
Boa noite em Alcoutim
A força de uma paixão
Que parece não ter fim
Bodas de prata, cruzeiro
Entre Mar e Guadiana
Amor fica em primeiro
Sete dias por semana
O que António precisa
Para sorrir de alegria
Está na voz de Luísa
Onde a paixão principia
Quando foram à procura
Sementeira de esperança
E a vida foi muito dura
Lá por terras de França
O tempo passa e corre
Em todos os dias da vida
Mas nos filhos não morre
Esta paixão perseguida
Numa filha que continua
No ofício e na profissão
A vida que sendo sua
É um fruto desta paixão
No filho que joga e estuda
Quatro linhas dum relvado
E todos os dias se muda
A expressão do resultado
Com António, com Luísa
Mãos dadas passo a passo
Esta paixão é uma divisa
No tempo e no seu espaço
José do Carmo Francisco
Vai dar banho ó cão!
A POESIA ESTÁ DE LUTO!
Apesar de isto ser digno de uma cançoneta do Dino Meira, confesso (rendido) que há algo nesta melopeia que me agrada particularmente. Não sei bem o que é, talvez a total sujeição da sintaxe à métrica. É. Deve ser isso. Esse texto é muito engraçado. Apetece musicá-lo com um cavaquinho, assim à la Stephin Merritt.
JP,
Eu julgava que era a sujeição da métrica à sintaxe.
O Zé do Carmo despreza a métrica (nada a fazer, o Daniel e eu não conseguimos convencê-lo), e dá largas à sintaxe.
A melopeia é gira. Mas a poesia é também manufactura. Não para o Zé, claro.
E era tão fácil pôr o ritmo métrico de acordo com o ritmo fonético!
Nos casos que o requeriam, por exemplo assim:
O Amor fica em primeiro
Lá pelas terras de França
Nos dias todos da vida
Mas nos filhos nunca morre
Na filha que continua
É fruto desta paixão
Todos os dias se muda
Esta paixão é divisa
puá
só se aproveita isto
No filho que joga e estuda
Quatro linhas dum relvado
E todos os dias se muda
A expressão do resultado
Versos que curam as hemorróidas da cabeça do Venâncio
“Porri-potente herói, que uma cadeira
Susténs na ponta do caralho teso,
Pondo-lhe em riba mais por contrapeso
A capa de baetão da alcoviteira;
Teu casso é como o ramo da palmeira,
Que mais se eleva, quando tem mais peso;
Se não o conservas açaimado e preso,
É capaz de foder Lisboa inteira!
Que forças tens no hórrido marsapo,
Que assentando a disforme cachamorra
Deixa conos e cus feitos num trapo!
Quem ao ver-te o tesão há não discorra
Que tu não podes ser senão Príapo,
Ou que tens um guindaste em vez de porra?”
Claro, claro: métrica à sintaxe, saiu-me a frase ao contrário.
Ai, «Susana». Ficava-te bem citar o autor (o Sadino, está visto), e esmerares-te mais no grafismo do soneto.
De resto, o Sadino sabia como medir o verso. Para ele, quando se joga, joga-se por regras.
mas porque assinou ele «susana»? têm cada ideia.
Talvez assim, ou não?
(com as minhas desculpas ao autor do poema)
Dia bom em Portimão
Noite boa em Alcoutim
A força de uma paixão
Que parece não ter fim.
Bodas de prata, cruzeiro
Entre mar e Guadiana
O amor fica em primeiro
Sete dias por semana.
Mas o que António precisa
Para sorrir de alegria
Mora na voz de Luísa
Onde a paixão principia.
Quando foram à procura
Da sementeira da esperança
A vida foi bem mais dura
Lá pelas terras de França.
O tempo que passa e corre
Todos os dias da vida
Só nos filhos nunca morre
Esta paixão perseguida.
A filha que continua
No ofício e profissão
A vida que sendo sua
É fruto desta paixão.
No filho que joga e estuda
Quatro linhas de um relvado
Que todos os dias muda
A expressão do resultado.
Com António e com Luísa
De mãos dadas passo a passo
Tem por paixão a divisa
Quer no tempo ou no seu espaço.
Acredite, Daniel, que não o copiei!
Mal, claudia, mal!
Não foi bonito, susana!
Que todos me desculpem pelo abuso.
Saudações.
candido mota, suponho que tenha percebido que a primeira «susana» não é a que tem uma participação no aspirina.
nem pra versos de s.joão… enfim, e o homem a dar-lhe!..
Cândido Mota,
Espectacular!
E que dirá o nosso Zé do Carmo da façanha? Aprenderá ele um dia a métrica que há-de tornar estes seus poemas a maravilha que merecem ser?
Cândido! Cândido! Cândido!.. Cândido!
Agora, sim! A poesia digna da métrica.
Não foi abuso, foi apenas uma sugestão de leitura, perfeitamente aceite enquanto tal. E de forma civilizada. Assim, sim.
Zé, não fujas à seringa.
Que o texto do Cândido é uma «sugestão de leitura» já se tinha percebido.
Mas é muito mais do que isso. É a correcção (mais exactamente, uma correcção) dum texto anterior. Teu.
E para que seja claro: quem faz poesia do tipo da que tu fazes aceita as regras dela. É o meu ponto de vista, é o ponto de vista do Daniel – já vês, duas pessoas que te querem bem, e que não te querem ver passar vergonhas.
É sobre isso que gostaria de ouvir-te. E não só sobre a civilidade do comentador Cândido.
Não é vergonha reconhecer que, tal como em algumas traduções melhores que o original, o poema fica melhor nesta versão. Não se discute, agradece-se.
TUDO VALE A PENA SE A MÉTRICA NÃO FOR PEQUENA
Peixe assado sabe bem
Grelhado melhor saberia
Quer nas brasas de Belém
Ou forjas da Maçonaria
Na cozinha os tiranetes
Planejam o prato do dia
Uns preferem salmonetes
Outros intriga ou enguia
Depois das pancinhas cheias
Com sobremesas mui ricas
Combinam futuras ceias
Ou ritos em chafaricas
Onde se discutem estratégias
Com manos de Londres e Paris
E o peixe das ementárias
É doutra malha e cariz
Já dizia o Fernão Pena
Da alma com muitos senãos
Comam petinga pequena
Que as trutas são prós irmãos
Finis
Que Deus, ou o Mota, nos ajude.
José, pau acho que terás, já de tomates é que não digo nada.
TT, essa métrica está uma desgraça