Para além de concordar com o texto… Eu já aqui escrevi, há uns anos atrás, que apesar de não concordar com algumas opções políticas de Sócrates, em matéria de crescimento da dívida pública Sócrates não tem a culpa que o PSD lhe põe nos ombros. De facto, olhando para a trajectória de crescimento da dívida, a tendência de crescimento (exponencial) da mesma vem do tempo do último governo de Cavaco Silva. Basta fazer um gráfico logaritmico da dívida, que logo esse facto se torna evidente.
Por outro lado… será que a actual consolidação orçamental é mesmo real? Isto apesar de toda a fanfarra laranja, que assim vai tentando dar sentido ao enorme custo social da mesma. Será que as finanças públicas se tornaram sustentáveis? Os números, na verdade, não favorecem o governo de Passos Coelho. Eis uma reflexão que deveria ser feita com seriedade, evitando-se a propaganda baseada em bodes expiatórios ou em europeismos ingénuos.
O europeismo ingénuo lusitano tem sido aquele sentimento de que queremos ter para nós todos os confortos da Europa do Norte, mas sem entender como configurar a nossa economia (que é, ou era, a de um país emergente) para os poder alcançar. Aliás, nisso de não entender como lá chegar a direita é muito, muito pior, que o PS. O PS, como sabemos, sucumbiu ao erro da moeda única. Mas não sem Vitor Constâncio, então Secretário-Geral do PS, de facto ter dado luta. Por outro lado, o PS tem a noção da importância do desenvolvimento social e humano de uma sociedade. Como hoje se observa, tal noção é algo que sempre iludiu o PSD e o CDS profundos que são, aparentemente, herdeiros dos temas políticos anti-revolucionários liberais: miguelistas, sidonistas, salazaristas, etc.
Assim, o pensamento europeista da direita nacional é como o pensamento pró-romano dos germânicos do século V que, também eles, desejavam tomar posse dos confortos romanos. Mas, apenas com saques a Roma e à sua economia, nunca puderam alcançar o que tanto almejavam. O europeismo ingénuo poderá levar a nossa nação à ruína. O nosso mal tem sido o de que muitos dos programas políticos do chamado “arco do poder” assentam na exploração ad nauseam dessa pulsão simplista dos portugueses.
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Oferta do nosso amigo joaopft
“… que apesar de não concordar com algumas opções políticas de Sócrates…”
oh pêfêtê, conta lá ao estimado auditório quais foram as opções políticas do socras que te desagradaram, tirando a avaliação dos profes que já aqui escreveste há uns anos atrás.
” blá… blá… desejavam tomar posse dos confortos romanos.”
não me digas que os alemães querem de volta os audis e os mercedes em segunda mão que nos venderam mais o resto do lixo com que vão entulhando a nossa economia. ganha juízo pá, os gajos querem é dinheiro e mercado para fazer mais dinheiro, quando precisam de vender dão facilidades e baixam a taxa de juro, quando querem cobrar sobem a taxa de juro e penhoram, tudo à sombra do chapéu do bce.
Vamos ser francos, o europeísmo foi o (único) projecto político do PS e do PSD desde a sua fundação, nunca tiveram qualquer ideia que não fosse um mero derivado do que viam e ouviam lá fora. A ingenuidade foi pensar que os “parceiros” europeus alguma vez quiseram uma relação de igualdade e é nesse ponto que bate a desilusão com o “projecto político” destes dois partidos.
harmodio,e qual era a alternativa? um projecto que a europa rejeitava? ainda não estavamos na ue e já estavamos a sofrer sançoes por causa da politica de vasco gonçalves!dezenas de grandes empresas se mario soares,não tivesse feito o trabalho de casa (por o socialismo na gaveta) encerrava portas por falta de encomendas durante meses.uma delas foi a portucel!
mais uma medida dos socialistas.o governo vai terminar as obras do regadio do alqueva,por considerar fundamental para a nossa competitividade. só agora?
Nuno, a história pós-revolucionária terá com certeza mais subtilezas do que apenas os arranjos necessários agradar a parceiros exteriores (que comercialmente nem eram tão relevantes como são hoje) mas seria algo inútil debater se A ou B tomou a acção certa há 4 décadas já que isso não se traduz em nada que seja utilizável hoje. O meu comentário original ia no sentido de colocar uma causa para esta desilusão com os partidos do centro. Há um vazio ideológico e de poder que não pode ser preenchido com mais do mesmo (europeísmo que nos coloca numa posição de inferioridade) ou com malabarismo mediáticos (directas e guerras de liderança diversas).
harmonio, temos este vazio por que a direita governou tempo demais durante os 40 anos de democracia com a ajuda da extrema esquerda.tudo que cheira a esquerda neste pais tem a mão do ps.até os temas fraturantes teve o voto com convicçao do ps de socrates. .com as regras da europa acual liderada pela direita,muita coisa não pode avançar.
Nuno, em 40 anos de alternância pouco mudou, nada foi criado, pensar que desta é que se vai mudar seja o que for é loucura (a repetição da mesma acção à espera de resultados diferentes). São divisões e sectores (esquerda, direita, centro…) vazios de conteúdo e quem espera algo sairá inevitavelmente desiludido.