O Bloco no seu labirinto

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Francisco Louçã teve um resultado pior do que aquele que o Bloco teve nas legislativas. Escaparam mais de 1% dos votos, grande parte deles jovens e urbanos. Ficou provado que uma parte do eleitorado do Bloco é volátil. A frase de campanha que ninguém é proprietário dos votos tem um reverso menos simpático: se as pessoas não se acham implicadas em causas comuns e num projecto político, isso quer dizer que têm uma relação de consumidor/espectador com a política e com o Bloco e não uma relação de sujeito da acção e de participante. Ora, o projecto político do Bloco implica a tentativa de construção de um nova organização que consiga responder a questões novas e evitar erros antigos. Esta construção não exige só a feitura de um programa de esquerda mais actual, mas sobretudo conseguir formas de ganhar, para a actividade política e para acção da Esquerda, importantes camadas da sociedade que se encontram privadas da capacidade de colocar a sua opinião.
Um tal movimento/partido tem de ter a capacidade de usar os novos meios e as tecnologias da comunicação, mas não pode ficar prisioneiro das mediações da comunicação. A política tem de existir para além da televisão e da comunicação social.
Um tal movimento político não se pode resumir à acção parlamentar tem que ganhar a rua. Tem que colocar muitas causas na ordem do dia e contribuir para uma nova hegemonia na luta das ideias.
Um partido de causas não deve ter a pretensão de ser a vanguarda de ninguém, mas tem de afirmar uma relação de “afinidade electiva” com os movimentos sociais e construir políticas e acções que dinamizem uma cidadania activa.
É preciso uma política que ultrapasse fronteiras nacionais, saiba responder às questões da ecologia, da precariedade do trabalho, da imigração, da privatização do genes e dos serviços públicos, dos novos meios de comunicação, e que se bata contra a política de guerra permanente do Império.
Os resultados das eleições presidenciais demonstraram que existe um elevado número de votos na esquerda (Alegre, Jerónimo e Louçã) que não se reconhecem nas políticas neo-liberais de Sócrates e que não se vão identificar com o sovaquismo (um híbrido de Sócrates com Cavaco). O papel do Bloco deve ser o de facilitador de convergências, construtor de pontes, tendo em vista a criação de novas plataformas plurais e de políticas de esquerda para a sociedade portuguesa. A capacidade de participar no necessário processo de reconstrução da esquerda portuguesa passa obrigatoriamente por abandonar todos os sectarismos. A forma como o Bloco conseguir acolher os seus militantes e simpatizantes que participaram nas campanhas de outros candidatos de esquerda é um sinal importante que é dado nesse sentido.

26 thoughts on “O Bloco no seu labirinto”

  1. OK, agora a sério para variar.

    Embora concorde com algumas coisas aqui escritas, parece-me que há vários erros neste texto.

    Um, e o mais importante, é a ideia que não está explícita mas sim implícita, de que um verdadeiro eleitorado é obrigatoriamente fiel, ou de que aquele que não o é funciona como “espectador/consumidor”. Isto parece-me um grande erro. Por várias razões:

    1) Porque todos os movimentos políticos têm uma porção de eleitorado que é volátil, o que é intrínseco à sua natureza e à natureza daquilo que as pessoas pretendem dizer com o seu voto. Diferentes eleitores usam o voto de maneira diferente e isso não é mau: é inerente à democracia.

    2) As forças com menos eleitorado volátil são as forças monolíticas, cujo eleitorado funciona para com elas quase de de forma religiosa, ou pelo menos ao nível da clubite. Um movimento pode enraizar-se na sociedade de várias maneiras, mas certamente que a religiosa ou “clubítica” é a pior maneira possível, em especial para um movimento com as características do BE.

    3) Embora o Louçã fosse o candidato do BE, a eleição presidencial *não* é uma eleição partidária, e o eleitorado Louçã não deve ser comparado com o eleitorado do BE. Por uma razão simples: há eleitores do BE que se revêem na ideia de que o PR deve ser relativamente livre de laços partidários, ou pelo menos de que não deve estar simultaneamente a ocupar cargos de direcção executiva. Julgo que esses eleitores votaram todos no Alegre. Mas não deixam por isso de ser eleitores do BE.

    Finalmente, também não me parece que o BE tenha muito talento para construtor de certas pontes. Bem sei que é esse um dos objectivos do Bloco desde a sua fundação, e que já era essa uma das principais palavras de ordem do PSR antes do Bloco, bem sei que foi através das pontes que se chegou à união entre as forças que hoje compõem o Bloco, mas a verdade é que a força do Bloco está em ser anti-sistema (ou pelo menos anti certas partes do sistema mais mafientas) e não há nenhuma vantagem em tentar construir pontes com os sectores do sistema representados pelo PS. Mesmo pelo PS de Alegre.

    A não ser pontes conjunturais para alcançar objectivos específicos.

  2. Esta conversa a mim já me cansa.

    O que interessa é discutir questões práticas, discutir tomadas de posição práticas em relação a coisas ou problemas concretos.

    E aí é que a porca torce o rabo porque, muitas vezes, em questões práticas, e não obstante todas as “pontes”, as pessoas têm culturas e interesses divergentes.

    Eu fui militante (“aderente”) do Bloco, e abandonei-o quando vi a posição que o Bloco tomou sobre a lei das rendas. Essa posição não foi discutida dentro do Bloco, como deveria ter sido. O facto é que, quando se chegou a este ponto prático importante, todas as conversas sobre construção de “pontes” e etc, do tipo desta com que o Nuno nos presenteou neste post, falharam rotundamente.

  3. “Escaparam mais de 1% dos votos, grande parte deles jovens e urbanos.”

    Ficou provado que uma parte do eleitorado do Bloco cresceu.

  4. Se o Nuno diz que “A política tem de existir para além da televisão e da comunicação social” é porque no BE a política se resume a isto.

  5. Mas afinal o que é que o BE quer? Que esquerda nova é esta? São comunistas “soft”, são sociais-democratas, são o quê? Enquanto não se deixarem de discursos circulares, não passam deste patamar de votações. Felizmente, diga-se!

  6. Acho que de facto é tempo da esquerda discutir sem sctarismos… mas é também tempo d perceber porque é que determinadas pessoas aderiram a algumas candidaturas… quererão elas regressar ao bloco????

    E se o bloco só existe na televisão, como consegue contiunar a existir, quem lhe continua a dar a mão?

    Mas gosto das tuas pistas… se fosse “aderente” do bloco já tinha no que pensar…

  7. Essa “fuga” de votos, é uma transferência saudável, é o voto útil e esclarecido de quem queria ver Manuel Alegre na 2ª volta, em vez de Mário Soares. Por muito que concordemos com a argumentação política de Louçã, era impossível reunir os votos suficientes para ser o 2º mais votado. Essa razão é simples e imediata, não precisamos de fazer análises muito complexas. Pena que a imbecilidade tenha sido maior.

  8. “Os resultados das eleições presidenciais demonstraram que existe um elevado número de votos na esquerda (Alegre, Jerónimo e Louçã)” – é bom não esquecer que Jerónimo e Louçã só valem 12%. Ou seja, as políticas do contra, da oposição de rua não tiveram aceitação no eleitorado. Quanto a Alegre é um caso à parte que não entra nestas contas. O Bloco devia saber ler estes resultados, ou seja, o crescimento que teve esgotou-se, o populismo de esquerda esfumou-se. E mais, segundo o próprio autor do post, as politicas de Sócrates foram ratificadas, o próprio fala em “Sovaquismo”.

  9. Concordo consigo. Tem razão. Mas repare numa coisa: qual é o partido cujo eleitorado não é volátil? Num dia dão maioria ao psd e no outro ao ps.

    Se calhar o mal é de toda uma sociedade que tem medo de vestir um camisola. O Bloco não será alheio a isso, estou certo.

    E, enfim, calculo que não saiba, o Bloco estende-se para alem do media: tem a página da net, tem mailing list’s onde se discute um pouco de tudo, etc.

    Lá está, cabe a todas e todos entrar e fazer parte dessas discussões, e dar o seu contributo na construção de uma alternativa. Da minha parte, faço todos os possíveis, falo com coleg@s, levanto problemas, etc. Mas ambos sabemos que nem tod@s estão interessados, que se calhar acham mais cómodo esperar por outro ‘salvador da pátria’.

  10. Podem tapar-se os olhos com a peneira. Mas isso é pouco inteligente. Vejamos as coisas como elas são:
    1. O Bloco é fruto de evidente oportunismo.
    2. A dimensão que possui decorre de uma exposição mediática que excede largamente o valor da sua implantação social.
    3. As causas que adoptam são milimetricamente calculadas em função de interesses meramente particulares.
    4. O discurso raramente descola do campo panfletário e demagógico.
    5. A existência do Bloco é altamente dependente da situação económica do país. É essa a lógica dos grupos que centram a sua acção no combate ao sistema: quando o momento é de crise atingem expressão máxima; quando o tempo é de desafogo praticamente desaparecem.
    6. Ou seja, o Bloco não passa de mera moda. Qualquer coisa de puramente circunstancial e transitória. Afinal que trouxe de novo?

  11. Estava a ler tão enternecido esta auto-flagelação, quando no último parágrafo o Bloger tinha que deixar cair a nódoa no pano tão alvo que estava a tecer. Caro camarada, você têm que deixar de pensar que os camaradas só gostam da sua escrita, quando vocês usam os chavões do costume (tiques marxista que custam a passar). Então o camarada Nuno refere que Sócrates é um neo-liberal? Gostaria que o camarada me elucidasse sobre o que é o neo-liberalismo. O que eu sei é que Sócrates não é de certeza um liberal, pois se assim fosse a sua política nunca seria de aumento de impostos. Mas se calhar o tal neo-liberalismo é mesmo isso, centralização de decisões, planificação da economia, primado do estado sobre o indivíduo e consequentemente aumento de impostos. Mas espera lá… estas medidas são socialistas/comunistas. Parece que descobri finalmente o que é que os camaradas querem dizer quando falam de neo-liberalismo.

  12. Sim, a deriva do P.S. de Sócrates para o centro, tendo embora a vantagem de poder vir a “engolir” todo o espaço social-democrata, abre caminho a uma renovação política à esquerda.

    Mas esse é um percurso difícil e demorado, que não se compadece com “sprinters”, mas antes exige fundistas e que, acima de tudo, tem de começar pela base: a ideologia. E continuar pela prática, a linguagem e a mito-simbologia.

    Para poder traduzir na esfera política o que todos nós sentimos, intuitiva e culturalmente, mas que tarda em ganhar forma concreta.

    E neste processo todos devem ser bem-vindos, se partiljarem os mesmos ideais progressistas modernos, incluindo a “esquerda festiva”, ou “folclórica” que votou em Alegre (malgré lui…) e que terá também o seu valor neste processo.

  13. Afinal o que o Nuno propõe é mais do mesmo, numa de fuga para a frente. Quando se esperava alguma crítica à opção pela dispersão de candidaturas num primeiro mandato (que tem sido sempre ganho pela candidatura que reúne todas as forças no seu campo), o Nuno vem com o blábláblá do costume de que “O papel do Bloco deve ser o de facilitador de convergências, construtor de pontes”, não para trabalhar com o que existe, mas “tendo em vista a criação de novas plataformas”, isto é para ainda dividir, fragmentar mais…Nada portanto de novo no universo bloquista. Tudo como dantes!

  14. O que é que a Margarida tem contra a “dispersão de candidaturas”? Essa dispersão permitiu que muitas pessoas de esquerda votassem sem ser em Cavaco Silva, sem se absterem nem votarem branco. Se tivesse havido ainda mais candidaturas (Manuela Magno, Luís Filipe Guerra) isso teria sido positivo, pois teria contribuído para que mais algumas pessoas tivessem votado sem ser em Cavaco e que, portanto, Cavaco não tivesse ganhado à primeira volta. Quanto maior a dispersão de candidaturas, melhor, pois assim mais eleitores se sentem motivados para votar em alguém.

  15. Por exemplo, no limite de não-dispersão de candidaturas, teríamos apenas Cavaco Silva contra Mário Soares. (Ou então, Cavaco Silva contra Jerónimo de Sousa.) A Margarida tem alguma dúvida de que, nesse caso, a vitória de Cavaco Silva teria sido muito mais retumbante do que o que foi?

  16. “Francisco Louçã teve um resultado pior do que aquele que o Bloco teve nas legislativas. Escaparam mais de 1% dos votos”

    Sabem qual a diferença entre 1 ponto percentual e 20%?

    Os resultados do BE para quem sabe matemática.

    A matemática é mesmo uma coisa complicada e só serve para atrapalhar, não é?

    Pobre e triste país o nosso. Quem nos acode? Quem nos acode? Quando as ditas élites não percebem nada de matemática e, demasiadas vezes, fazem gala dessa mesma ignorência?

  17. Ó Lavoura, he,he,he. Essa tem mesmo muita piada. Uff. Quase não conseguia parar de rir.
    Quer então dizer que se tivesse havido mais candidaturas à esquerda o resultado seria outro, nomeadamente um Cavaco “lavado em lágrimas”, o que de resto faria do filme de Rosa Coutinho uma “doce” premonição.
    Mas então, se Garcia Pereira não tivesse ido a votos isso significava que era Cavaco quem mais lucrava. Hum…
    Assim tudo fica mais claro. Não restam dúvidas de que foi Cavaco quem convenceu os média a não incluir Garcia Pereira no cardápio inicial de candidatos.
    Sempre desconfiei dos tipos de Boliqueime, não sabia era porquê.
    Bem, mas se assim é então a legitimidade do novel presidente sai reforçada: é que os seus votantes estão em todos os quadrantes, i.e., direita, centro, e esquerda (e nesta não foi só o Sócrates que votou nele).
    Por outro lado, continuo a concordar consigo quando diz que se Cavaco tivesse tido apenas um oponente a diferença de votos seria muito maior. Aliás, eu arrisco mesmo a dizer que se o Cavaco tivesse ido a votos sózinho era tipo para arrebatar uma vitória histórica.
    Enfim. Ontem falei com o Pai Natal. Mandou cumprimentos para todos…

  18. É um bocado difícil pedir que o Bloco faça a “ponte” quando o sucesso do Bloco está também na diferença.
    No final destas eleições houve muita introspecção no meio político quando essa introspecção devia também ocorrer na comunidade civil. Existe um dado muito importante e negativo, numa altura de crise e de conflituosidade social a população não quis o confronto, não quis a disputa para que daí se “precipitasse” a diferença.
    O eleitorado confundiu o confronto ideológico com o puro e simples mal dizer, ficaram no topo os candidatos que assinaram um “pacto de não agressão” mas que também não clarificaram, nem discutiram cenários concretos.

    Dado curioso:
    durante os debates houve uma subida nas intenções de voto de Louçã e Gerónimo e desceram Alegre e Cavaco, penso que Soares manteve.

    A mim parece que o eleitorado tem que reflectir mais até que os partidos.

  19. “A mim parece que o eleitorado tem que reflectir mais até que os partidos.”

    Estes comentários são um achado. Com que então o povo é que tem de “aprender a pensar”…

    ahahhahahhahhahah

    Claro, a pinga é fraca mas a culpa não é do tasqueiro. É do borrachola.

    ehehehehhhehhe

  20. Apesar da ressaca estou sempre aberto ao uso de argumentos.

    O que o eleitorado tem de exigir, ideologias à parte, é o esclarecimento. Dessa base da democracia não abdico em prol de comentários simplistas.
    Nem sugeri que o povo tem de “aprender a pensar” sugeri apenas que exercesse o vil direito de conteúdo político para depois sim pensar.
    Aliás só peço isso, que pensem.

  21. E quem lhe garante que não pensam? Ou será que pensam, mas não como o amigo gostaria? Não será esse também o seu problema? Não aceitar que outros possam pensar de maneira diversa e sustentarem esse pensamento numa votação diferente à sua?

    Cuidado com os pretensiosismos e manias da superioridade. O povo é mais esperto e inteligente do que muitos julgam. Por o ser é que não tem “donos”. ;-)

    O resto…

  22. Meu caro, do povo também eu faço parte, não me excluo dele. Mas neste capítulo continuo a achar que faz parte da democracia a exigência de conteúdo esclarecedor.

    Obviamente que as generalizações são sempre injustas, mas existe quem não pense e, por exemplo, eu soube de pessoas que pagam a outras para votar num candidato.
    Aliás tenho estado sempre contra movimento anti-relativistas que visam reforçar a “necessidade” de dogmas e, por isso, é bastante claro que respeito opiniões diferentes, aliás eu quero é que as pessoas tenham opiniões, não convicções.
    O que eu digo é uma opinião, não peço consenso, peço o contrário.

    No entanto sempre que eu opinar sobre algo vou estar a colocar-me nessa posição de superioridade?
    Não me parece de todo, já viu o que era se os partidos usassem esse argumento para se dirigir ao povo? Dizendo que o povo estava numa posição de arrogância e superioridade ao criticar os partidos. Ou se cada vez que alguém exercer um juízo atirarmos com isso à cara (e atiramo-lo porque sabemos que ninguém gosta) ficamos todos uns arrogantes e a solução parece passar pelo consenso e ausência de crítica

  23. Companheiro Luís Lavoura
    Eu também estou desejoso de ver o BE na prática, na liderança dos processos que possam alterar o rumo deste País.
    Mas a discussão teórica, os princípios, as acções concertadas são essenciais ao bom funcionamento do BE.
    Estou completamente contra a sua decisão por discordar duma posição do BE. Proteste, faça barulho, dê socos em cima da mesa …, fundamente e faça valer a sua opinião. Mas, virar as costas(!?) tipo birra de criança não dá, definitivamente.

  24. O comentário do Marquês sobre o Bloco é tão ficcionista que me dei ao prazer de substituir o sujeito.
    Conclusão:
    Os predicados assentam agora muito melhor:

    Podem tapar-se os olhos com a peneira. Mas isso é pouco inteligente. Vejamos as coisas como elas são:
    1. O Cavaco é fruto de evidente oportunismo.
    2. A dimensão que possui decorre de uma exposição mediática que excede largamente o valor da sua implantação social.
    3. As causas que adopta são milimetricamente calculadas em função de interesses meramente particulares.
    4. O discurso raramente descola do campo panfletário e demagógico.
    5. A existência (política) do Cavaco é altamente dependente da situação económica do país. É essa a lógica dos grupos que centram a sua acção no combate a quem trabalha: quando o momento é de crise atingem expressão máxima; quando o tempo é de desafogo praticamente desaparecem.
    6. Ou seja, o Cavaco não passa de mera moda. Qualquer coisa de puramente circunstancial e transitória. Afinal que trouxe de novo?

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