Por mais penoso que seja, e é e será, ouvir Passos Coelho a tratar os portugueses como borregos, alguns de nós querem assumir a responsabilidade cívica de agir face ao aviltamento da República em curso. Na linha da frente dessa resistência, por inerência do sistema político, está a oposição. Mas a actual oposição é uma juliana de vícios antigos e mediocridades recentes. Salvam-se variados exemplos individuais, fragmentados e sem estratégia; afundam-se no marasmo e na desorientação as direcções partidárias. Pelo que há muito trabalho a fazer, e consiste ele em pensar.
Pensemos nesta parte do discurso que o primeiro-ministro e presidente do PSD teve a impudência de fazer em Setembro de 2013. Em cinco minutos, eis o enredo das suas mensagens:
– O Estado social é uma necessidade ética nascida com o 25 de Abril e o PSD não quer que ele ande para trás.
– O Estado social andou para trás nos últimos anos.
– O actual Governo está a melhorar o Estado social, conferindo-lhe mais justiça.
– O actual Governo vai resgatar o Estado social do seu atraso através da introdução de rigor, da redução dos custos do Estado e da descida de impostos quando tal for possível.
Citando a maior autoridade viva na matéria, aqui está uma falácia do camandro que é também um sofisma de arrebimbomalho. Passos começa pela farsa de se identificar com o projecto de regime nascido com a democracia, depois avacalha em modo carnavalesco a história dos últimos anos e acaba a gozar – literalmente – com os portugueses a quem retirou direitos, dinheiro, qualidade de vida, segurança e esperança.
Atente-se à passagem em que compara os aumentos feitos em algumas pensões mínimas com o congelamento dessas mesmas pensões decidido pelo anterior Governo em 2010 para ser aplicado em 2011. Em 2011. E que nos diz Passos Coelho acerca desse episódio? Que não pode levar a sério aqueles que em “tempo de abundância” congelaram as pensões mínimas e rurais e agora alegam que o actual Governo está a dar cabo do Estado social. São dois melros com um só tiro: o de o período de 2010 e 2011 ser um “tempo de abundância”, código passista que significa “tempo de despesismo e endividamento criminosos”, e o de estar a criticar os socialistas por terem assumido medidas duras de contenção e diminuição da despesa do Estado.
Todo o sentido discursivo do PSD desde que venceu as eleições é propositadamente ambivalente e contraditório, sucedendo-se os nós cegos na lógica por vezes com separação de apenas alguns segundos. Trata-se de uma técnica clássica de manipulação, onde se procura espalhar a confusão no interlocutor ou na audiência. Neste exemplo, o homem cujo projecto político se limita à obsessão em reduzir o Estado social custe o que (nos) custar vem dizer que é ele quem o está a salvar.
Não admira que se mostre tão divertido.
Muito sinceramente não estou convencido que a crise seja tão aguda como os media nos estão a querer fazer passar, aliás, basta ver como estava o algarve neste verão!
http://pantominocracia.blogspot.pt/2013/08/crise-vi-uma-grande-crise-de-espaco-na.html
“Na linha da frente dessa resistência, por inerência do sistema político, está a oposição”
Por inerência do sistema politico e por inerência lexical…
Boas
Quando a confusão é levada ao extremo somos levados a pensar que foi planeada. No entanto, no caso do governo/PSD, é apenas fruto da incompetência e falta de valores democráticos. E a ineficácia da oposição anda lá perto.
Nada (tudo) que um líder do PS como António Costa quase foi, não resolvesse em três penadas.
até o verme, meu deus, até o verme…
http://www.publico.pt/politica/noticia/angelo-correia-diz-que-psd-nao-se-preparou-para-ser-governo-1605163
era preciso oposiçao, para derrotar este governo quando a maioria dos portugueses está a levar no lombo?josé seguro não explica tudo.procuremos mais razões para as sondagens. o pcp não está preocupado com a direita.quando a critica, mete o ps no mesmo barco.qual a ideia? eu explico: “a defesa dos interesses dos trabalhadores” que os pariu!
Tudo se resume ao podre regime semi-presidencial que, nos entrega nas mãos de
uma partidocracia, fundada nos melhores príncipios do caciquismo transplantado
do anterior regime fascista! Agora, fala-se nos “aparelhos” partidários como sendo
as forças que dominam as lideranças … é a democracia na sua versão mais simples
e simbólica, os portugueses a troco do depósito de um voto de 4 em 4 anos, são
manipulados e mal tratados pelos seus “legais” representantes no que devia ser a
casa do Povo, últimamente, transformada no circo de S.Bento!
Atenção, o arrazoado debitado pelo estarola-mor, destinou-se a abrilhantar o encer-
ramento de mais um curso de jotas, contribuindo assim para o empobrecimento
intelectual dos formandos … que apaudiram frenéticamente o grande lider!!!