De repente, acordámos. O Benfica empatava em Setúbal, com cenas de implosão moral no relvado. No banco, um treinador messiânico, mas sem força para encher um balde de mar vermelho, fazia contas ao destino. O Sporting era borrego no Bessa. A equipa tinha juventude, talento, treinador carismático, condições para treinos vanguardistas, mas não conseguia jogar à bola. E, então, pensámos que a regularidade nos resultados do Porto, ao longo dos anos, e apesar de mundo e meio a lançar suspeitas de tenebrosa corrupção, só podia significar a vitória da competência. Os gajos, lá em cima, eram melhores. E prontos.
E agora? Creio que a solução passa por entregar a gestão do Sporting e do Benfica a um cartel que reúna as televisões, a imprensa desportiva, as cervejeiras, os amigos que ainda conseguem vender couratos à socapa e o Ministério da Economia. É que o País não aguenta o buraco. Quando o Benfica ou o Sporting perdem, ou não ganham, há milhões de pessoas que deixam de ver os telejornais, fogem dos resumos desportivos, baldam-se à compra do jornal, não vão aos estádios, não se juntam com os amigos, não compram cervejas nem frangos assados, deixam os preservativos sem uso. Isto do Porto estar sempre a ganhar é uma autêntica desgraça para o PIB, com a agravante de multiplicar geometricamente a quantidade de deprimidos em Portugal.
Perante este problema, o derby Opus—Maçonaria, no estádio do BCP, é um jogo a tostões.
Penso que os adeptos do Benfica e do Sporting já sublimaram a fase da depressão e, desta forma, anularam o terrível nexo de causalidade entre as derrotas do Benfica e do Sporting e falta de vigor do nosso PIB. Agora, exercitam o recalcamento com uma saudável velocidade.
Na verdade, ainda não chegou a haver uma fase de depressão. Pelo menos, grave. E era bom que houvesse.
Só faltou acrescentar uma coisa muito importante: isto acontece desde 1983, já estamos habituados. Duas vezes que a melodia foi interrompida (1999-2000 e 2001-2002)foi porque havia Awey-Acosta (primeiro) e João Pinto-Jardel (depois) a marcarem muitos golos. É essa a única fórmula para vencer o sistema.
crês então que a venda dos clubes a mafias como a dos couratos os colocaria em pé de igualdade com os dragões. bem observado, pelo menos por um prisma (o triangular, como é evidente).
Essa do «triangular» é um achado.
Valupi, andas a meter-te na minha vida. Como é que sabes que eu deixo de ver os telejornais e os resumos desportivos e nem olho para o jornal que compro por compromisso na loja ao pé da porta?
Creio, susana, porque isso de vender couratos dá muito jeito para fazer a gestão do balneário.
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Daniel, somos todos iguais. Não tem mistério.