Quem nas direcções trocadas me lembrou
Entre afazeres e normas e um governo
Talvez se tenha esquecido logo a seguir
A luz não chega a todos os recantos
Nem torna visíveis objectos e nomes
De quem desaparece noutra direcção
Aos sábados à tarde então passam jornais
Nos passeios eles estendem-se a dormir
Cansados de gritar a loucura do telex
Volto, sempre, à poesia como regulador
Escondo nas palavras o nome que procuro
Talvez brilho, talvez mãe – leme de luz
Poema da MENTE
(Affonso Romano de Sant`Anna)
Há um Primeiro-ministro que mente ,
Mente de corpo e alma , completa / mente
E mente de maneira tão pungente
Que a gente acha que ele , mente sincera / mente ,
Mais que mente , sobretudo , impune / mente …
Indecente / mente .
E mente tão nacional / mente ,
Que acha que mentindo história afora ,
Vai nos enganar eterna / mente
SONETO QUASE PERFEITO
(José Régio)
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupílo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno «sacrifício»
De trinta contos – só! – por seu ofício
Receber, a bem dele… e da nação.
(Escrito em 1969. Substitua-se os contos por euros!)
Isto não são comentários – são provocações. Inoportunas e descabidas. Tudo fora do contexto. Não estraguem nem sujem o que está. Vão marcar passo para outra companhia, tropa fandanga!
Ó zéxe não fiques zangado com as pequenas provocações, são apenas outras formas de poesia – tão digna como a tua, só que dotadas de uma eloquência política “prosaica” e, tens de reconhecer, actual e à medida deste blogue de cães amestrados: espaço prolífico em discurxos panegíricos e laudatórios absolutamente entediantes e pindéricos. Pergunta lá ao VAL se ele não se sente feliz em atrair a poesia que te oferecemos graciosa e generosamente?
Cumprimentos e, já agora, gostei mesmo do poema. Thanks. Mas não te admires se te cair mais caca em cima, porque o teu zeloso e bovináceo colega tem o dom de aspirar sofregamente o bedum e cagar tudo à volta dele. Opções. Né?
Eu adoro o Giroflé! Adoro o Giroflé. Pois a Tropa fandanga só pode ser o Giroflé. eheheheheh. God bless you all.