A 24 de Julho celebrou-se o Dia de Sakineh Mohammadi Ashtiani. Foi um evento que ligou 30 cidades em diferentes continentes, considerado um sucesso pelos organizadores – os mesmos que 1 mês depois conseguiram ligar mais de 100 cidades. E os mesmos que continuarão a sua acção militante, procurando fazer crescer uma causa a que se adere de imediato pelas melhores razões imagináveis. Pergunta: quem é que no dia 24 de Julho, em Portugal, fez referência à acção?
Ninguém, arrisco esta resposta aproximada. O que significa que a inscrição do tema nas agendas políticas é previsível face à crescente popularidade da causa em tão curto espaço de tempo. Aliás, talvez esta seja uma oportunidade de ouro para criar uma funda consciência da cidadania europeia, justamente orgulhosa e identitária, através da pressão local sobre os eurodeputados de forma a gerar unanimidade no Parlamento Europeu. É nesse plano que a bandeira contra a lapidação e a pena de morte ganhará mais visibilidade e eficácia, podendo até influenciar a Comissão Europeia.
E seria uma forma da Europa se reencontrar com o melhor de si própria. Estamos cheios de saudades.
Lindissimo… sim, Val, estamos cheios de saudades desse projecto de Europa Social em que acreditámos, pelo qual continuaremos a lutar e sem o qual se irá perder o sentido que justificou a adesão dos cidadãos à UE – o que, de resto, teria consequências complexas de que, face às dificuldades com que já nos deparamos, não precisamos.
Abraço :)
Europa como entidade mundial devia estar presente e concordo em que seja talvez uma oportunidade para a cidadânica europeia.
muito acertado o post.
fazer destaque de Carla Bruni ao respeito.
Quem é a Carla Bruni? Já sei que casou com o tipo ao fim de quatro meses, que quer muito parecer Jackie kennedy, mas, que faz ela? que teve um filho do enteado, num anterior casamento,esta coisa do moralismo e do respeito começa a mexer comigo.
Carla Bruni fez uma condena pública de condena da lapidação, tenho o mais grande respeito para a sua vida, embora segum o governo do Irão é uma puta, e que no irão tambem deveria ser lapidada.
não acredito que concordes co governo do irão.
Belo texto Valupi :-) Dessa Europa também tenho saudades.
A Europa constrói-se, passa e passará por altos e baixos. O estado em que se encontra deve-se igualmente à actual maioria que domina conselhos de ministros, parlamento europeu e comissão. É uma maioria de direita, por vezes ultraliberal outras de pendor cristão-democrata e fomos nós, eleitores europeus que elegemos estas pessoas. Directamente no caso dos ministros no conselho e PE e indirectamente no caso da Comissão que é escolhida em negociações entre governantes que nós elegemos.
Este funcionamento é desconhecido de muitos que pensam ser governados pela tecnocracia de Bruxelas, uma nebulosa.
Colocar as questões que coloca aqui deveria acontecer com maior frequência inclusive e sobretudo na nossa imprensa e tv ( aos nossos políticos também) que só se lembram de Bruxelas a propósito de fundos que vêm ou não e do eventual caso de corrupção que muitas vezes nem relatam bem.
A Europa deveria de facto reecontrar-se com o melhor de si própria.
O triste é que para que o assunto apareça nas “agendas”, não é suficiente que as mulheres sejam mortas à pedrada no Irão. Tem de aparecer uma celebridade como “vítima”. Os escribas e os políticos, pelos vistos, não ligam a mal vestidas.
A Europa, com todos os seus organismos e instituições, já fará um bom serviço, se fizer metade do que um certo talk show (por acaso de uma mulher, Oprah Winfrey) americano tem feito pela causa dos direitos humanos…das mulheres.
A Hillary também já está no terreno.
@ Edie : totalmente de acordo. Onde anda a nossa Lady Ashton? É bem capaz de andar a fazer alguma coisa, até nem digo que não, mas há notícias ? Não havendo a resposanbilidade também é da Comissão que não tem uma política de comunicação digna desse nome. Posto isto, a propensão dos leitores para ler apenas a desgraça quando relatada sobre “quem se conhece” também ajuda. Daí o êxito da Oprah e ainda bem, digo eu. Os jornais e tvs vivem das audiências e nós levamo-los a considerar que quanto pior melhor. Por essas e por outras há que reforçar a sociedade civil.
Senhor Reis
Eu não sei se a carla Bruni é isso que tão explicitamente citou. Naturalmente, que discordo, condeno veementemente esse fenómeno da lapidação. Não aceito é que a Carla Bruni se aproveite de uma posição em que de facto está, para vir falar de respeito, quando ela, segundo consta, não respeitou a família de alguém com quem esteve casada!
Claro que não concordo com o governo do Irão, nunca poderia fazê-lo, mas não admito é que a voz da Carla Bruni seja de repente erigida em microfone de todas as mulheres.
Quem quer ser exemplo, tem de dar o exemplo.
senhor toute a ber:
Não sou eu que disse, foi o governo do irão. Não acha que estamos a juzgar a sua vida privada?. Não acha que estamos a juzgar as mulheres coma no irão o meternos na moralidade do que fai a Carla Bruni?. Não deve ser tão fácil fazê-lo, pois não ouvi à outras mulheres de grandes dirigentes do mundo dizer nada.
Se voçe tivesse os altofalantes que ela tem não aproveitaria a ocassião para berrar por uma causa justa?.
Agradeço o de senhor reis mais gosto mais só de reis. sinto-me mais jovem.
saudações
Vai mais um copy paste para chatear as meninas nervosas:
“Se tivermos em conta a História, verificamos que a lapidação provém da Lei Judaica. Os Judeus lapidavam as mulheres e os homens adúlteros. É uma prática que existe na Lei de Moisés. Cristo foi o primeiro a contestá-la. A lapidação foi objecto de uma discussão “polémica” entre Cristo e os membros do Sinédrio (os juízes e os juristas judeus). Estes últimos levaram à presença de Cristo uma mulher adúltera, dizendo-lhe que, segundo a Lei de Moisés, ela deveria ser lapidada, pedindo-lhe o seu conselho a esse respeito. Dizem os textos Cristãos que Cristo respondeu que, “aquele que nunca tivesse pecado, atirasse a primeira pedra”, e que os membros do Sinédrio “retiraram-se, a começar pelos mais velhos”. A meu ver, este momento representa uma revolução extraordinária na história da Lei Semítica monoteísta.
No texto fundador do Islão, o Alcorão, não existe vestígio algum da incitação à lapidação. Não existe versículo Alcorânico algum que diga para se aplicar a lapidação. Apenas relatos da vida do Profeta a justificam perante aqueles que a defendem e, mesmo assim, convém interpretar bem esses mesmos relatos. Relatos esses (Ahadith) referem o que o Profeta permitiu em determinadas ocasiões”.
Eu aposto que o gato da Mary Bale angariaria mais assinaturas de solidariedade do que a coitada da Sakineh.
A escravatura – para mulheres e crianças – não acabou. O que acabou, no nosso sec.XXI, foram os movimentos abolicionistas.
Esta história é chocante, mas é apenas um caso entre 10 milhões (estima-se) de escravas sexuais.
http://www.youtube.com/watch?v=K72Bsramd0w
Reis,
Agradeço a sua resposta. Sim, há que aproveitar os alti – falantes como diz e muito bem. Simplesmente, para mim, vindo a voz de Carla Bruni mencionar respeito, não me sabe bem ouvi-lo, porque, assim consta, e ela não desmentiu, respeito foi algo que ela violou.
O que ela faz da vida privada, é com ela. Todavia, uma causa nobre corre o risco de ser menorizada pelo facto de ser representada por alguém que, desculpará, não é exemplo.
Uma pessoa com os detalhes que se lhe apontam, só exasperam os nojentos dos persas, mais nada. Quem as paga são elas – as que são condenadas à lapidação.
Imagine, agora, a Naomi Campbell falar de paz e amor, quando o passado dela regista agressões e julgamento por isso?
Já agora, sou contra a lapidação mas não defendo o adultério – palavra elegante para quem gosta de semear cálcio na testa do cônjuge. O adultero ou a adultera quanto a mim não passa de um porco/porca e cobarde.
Cumpts
Comentei mas a culpa é do sonambulismo.
Claudia, tu não frequentas outros blogues? lesquels, puis-je savoir?