A questão dos comentários, nas caixas dos jornais… Quer dizer, eu acho que começa a ser preciso arranjar meios de meter mão naquilo, porque aquilo basicamente é ódio atrás de ódio… Quer dizer, já vai muito além de qualquer razoabilidade de liberdade de expressão.
João Miguel Tavares
Eu, nada que apareça nas caixas de comentários dos blogues, ou dos jornais, me espanta porque eu acho que é uma sarjeta. [Alguém lhe chamou “esgoto a céu aberto”! – Carlos Vaz Marques] Sim, sempre foi, e não percebo como é que os jornais continuam a defender isso.
Pedro Mexia
Eu não sei se é mau isto de haver sarjetas nos blogues e nos sites dos jornais. Eu acho que devia haver mais estudos sobre a utilização das novas tecnologias pelo homem de Neandertal. Isso é uma coisa que me surpreende sempre: gente que eu suponho que vive em cavernas, por aquilo que diz e pelo modo como o diz, mas que está com um computador à frente, com um teclado.
Ricardo Araújo Pereira
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Vários jornalistas e publicistas, alguns deles acumulando com longa experiência como bloggers, neste período das reacções à morte de Carlos Castro voltaram à ladainha contra as caixas de comentários. Na sua entusiasmada opinião, as mais graves patologias psíquicas e morais que podemos detectar na sociedade correm soltas nessas fossas infectas a que se acede pela Internet para deixar conjuntos de caracteres.
Esta atitude, vinda daqueles que, por boas ou aleatórias razões, fazem parte da elite intelectual que intervém no espaço público, nasce de um triplo erro. Começam por não perceber o poder simbólico do crime em causa – onde a mutilação sexual, precisamente por ter sida feita por um homem noutro homem, cria uma situação de trauma colectivo que obriga a um difícil, e para muitos impossível, exercício de doação de sentido. Até isso acontecer, alguns homens, mais uma vez, ficarão predispostos para explosões de violência emocional, consequência do stress em que se encontram. Depois não entendem as noções básicas da comunicação na Internet, onde o vazio somático e o uso da linguagem escrita são factores inevitáveis de equívocos interpretativos (não temos a expressão facial e o tom de voz, o que pode levar a que uma piada seja tomada como uma ameaça, por exemplo e etc.) e de pulsões justiceiras (as flame wars como folclore das comunidades digitais desde o começo da Web). Há inúmera literatura científica sobre o fenómeno. Por fim, não compreendem que a sua verrina contra o povo abrutalhado que berra e larga caralhadas é uma declaração de desprezo pela democracia. Particularmente em Portugal, país sem tradição recente de cidadania, debate político elevado ou estima pela intelectualidade. Naturalmente, há milhões de portugueses que só agora estão a aprender a discutir com o vizinho, tenham eles 17 ou 71 anos. Os excessos, as falhas, a exposição crua das misérias que cada um de nós carrega, fazem parte do nosso destino comum. São a matéria de que somos feitos. A matéria com que se cresce.
João Miguel Tavares, publicista que fez do ódio a um governante a catapulta para a fama, mostra-se disponível para acabar com o ódio dos pestíferos anónimos que andam por aí a ameaçar o seu lugar. E não admira: é que o Correio da Manhã, para onde se mudou depois de ganhar o prémio Calúnia 2009, não pode acolher todos os que mostram ter algum talento para achincalhar figuras públicas. Aquilo é um esgoto a céu fechado e já está cheio de merda.
Se não defendesse os anónimos é que era de admirar.
Não são eles a fonte de animação do seu “aspirina”? Para si liberdade é dizer o que cada um lhe apetece, mesmo que insulte outros comentadores, até até autores de textos (como acontece habitualmente com o JCF).
Eu só me ocorre pensar que aos visados resta colocar a questão, depois de levarem uma descasca assim: bebem alguma coisa ou engolem em seco?
falas assim porque censuras o que não te agrada e depois há uns coxos que vão no teu paleio
Exactamente: um esgoto a céu aberto. Cheira mal, mas não falta quem o compre. “Hélas” !
Quanta bravura por detrás da mascarilha…
Quanta bravura por detrás da mascarilha…
E ainda ia à terceira, mas a perna manca não me permite…
Bem visto pá.
Deixa Suas Exas, que se julgam iluminadas, falar a partir da sua redoma.
O Ricardo Araújo Pereira vem defender que há uma elite modernaça que pode caluniar impunemente, ofender tudo e todos, desrespeitar as leis e os cidadãos, mais polidamente ou mais grosseiramente. Uma espécie de «humor fino», como o dele, e não o humor popularucho de um Quim Barreiros. Os “finos” do Ricardo Araújo tanto podem ser a Lili Caneças ou o Graça Moura, que caga e mija, de alto, em cima dos seus adversários, não literários mas políticos, alinhando na infâmia mais torpe, sempre que lhe dá na gana.
É no que dá, quando um humorista veste a farpela de um «Diácono dos Remédios».
ui, фoda-se!
o jmtavares é realmente um idiota pomposo. andou aí com a mania da liberdade de expressão e agora já não a quer. depois trabalha para o correio da manhã e cheirete mais nauseabundo não pode haver pior. bastava que fosse ele o alvo dos comentários e tornar-se-ia imediatemente num torquemadazito. é vê-lo daqui a pouco a fazer uma crónica contra a net. quem é mais chunga o jmtavares ou a ralé que enche as caixas de comentários de impropérios? a resposta é evidente.
Porra, um blogger da elite intelectual blogosférica que efectivamente percebe como funciona esta gaita. Estou chocado.
Val FTW!
Pelo contrário, acho que a função social dos comentário é grande, permitindo aliviar tensões numa população que se auto reprime todos os dias, a todos as horas. Ninguém partiu montras ou ateou fogo a carros quando se soube que os salários iam baixar ou que a idade da reforma ia subir todos os anos…
Ao menos deixem o pessoal desabafar nas caixas de comentários! Até porque os bilhetes para o futebol estão pela via das amarguras e insultar o árbitro tornou-se uma forma de desabafar excessivamente cara.
Valupi,
“Bem visto pá”. Ibn Erriq,
uma medalha para para quem não vê tudo de um só olho.
“Naturalmente, há milhões de portugueses que só agora….”
Naturalmente, há milhões de portugueses que nem agora…
Quanto ao mais são detalhes.
os esgotos e sarjetas fazem muita falta , encaminham a caca . deixem lá as pessoas serem agressivas de forma tão inofensiva na realidade. antes isso que andarem à facada. ladram mas não mordem.
Muito bem, caro Valupi.
Como sempre, certeiro nestas questões.
Hás-de ter um gene de liberdade lixado. És tu e eu. E eu até nem suporto neotontinhos.
Mas, cada um é para o que nasce. Só quem teme as caralhadas do “proletariado” pode temer que lhe tirem o pedestal de “elite”.
Olha aí, ó maluquito. Tive de mudar o e.mail porque o outro comentário deve ter ido para o spam.
Eu fico sempre muito honrada com a tua maquineta de detecção de spam em blogue de apoio ao grande timoneiro.
Mas bota aí o comentário que eu agora só cá venho para os momentos de “cumprimentos”.
E nem assim? com gmail passa?
O raio do detector tem faro lixado. Sim, sou eu, a zazie da traulitada aos palermas que temem a liberdade de todas as maneiras.
ahahaha
Não passa nada. Vais ter de chicotear o anãozinho escravo que anda a filtrar os comentários.
E ainda por cima tenho por lá, nas estatísticas, visitas diárias da Aspirina. E aposto que não hão-de ser do Carmo Francisco
“;O)
Só passou depois de retirar o link para o Cocanha.
Vê lá isso rapaz, que eu sei que não és tu. É instinto puro do anãozinho mecânico do filtro.
Ok.
Beijocas.
Eu não tenho culpa de ter sempre de largar uma série de comentários.
ahahahahahah
zazie, não faço ideia do que causa esse fenómeno recorrente. Já estive a ver a maquineta do spam e não encontro nenhuma referência à tua augusta pessoa e soberanos aposentos.
Creio que é mesmo a tua sagrada libertinagem a deixar as censuras em alvoroço e espasmos que não controlo.
Um bloger que trata os seus leitores por “larga o vinho” porque discorda de alguns comentários, e sem que estes sejam ofensivos ou maldosos, é preciso ter lata para vir com estes moralismos.
Estou de acordo consigo, pois a maioria de alguns comentários, sobretudo em alguns jornais, são um autêntico esgoto.
(Ou eu ou o António, um de nós não deve ter percebido nada do post.)
ehhehe
É um fenómeno. Deve ser da velocidade. A maquineta fica zonza e depois bloqueia tudo.
Larga o vinho, António.
Beijocas, Shark
Tenho de tirar o link do Cocanha que lá ficou mais outro entalado.
Beijocas imensas para ti, minha querida Zazie!
Alguém falou em «esterco»? Roman God Sterculius. Vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=TBHYM0SWxqc
Estou de acordo com a maior parte do comentário excepto em dois pontos: não creio que isto seja exclusivo dos portugueses (alguém já leu os comentários do Youtube? Jasus!). Eu sei que o Val começa por dizer “particularmente em Portugal”, mas depois passa para a cansativa ladaínha dos “nossos males, blá blá blá”. OK…
Também não percebo onde é que vocês vêem a referência às “caralhadas”, a não ser que se tenham esquecido de citar essa parte. Não me parece que eles se estivessem a referir a isso, mas mais ao clima de ódio que existe nas caixas de comentários (em Portugal e em qualquer lado). O elitismo pode ser patético, mas não é menos ridículo ver alguns dos comentadores a armarem-se em defensores do povo: “oh, o povo tão genuíno que diz caralhadas”.
Não percebi nada, mas nada mesmo. nem sei o que é uma caralhada, mas sei o que é uma caralheta, come-se quentinha com azeitonas e bebe-se-lhe zurrapa em cima e o consolo da barrigona descansa, à espera de um momento de liberdade.
Quem é o Augusto que anda a dizer que aqui se ofende o JCF? Tá vesgo ou quê pá?
Drone, a ladainha dos “nossos males” é relativa à opinião daqueles que se queixam dos “nossos males” quando expostos nas caixas de comentários. Também não insinuei que o fenómeno seja exclusivo dos portugueses, antes referi que é inerente à Internet e à Web; ou seja, às plataformas de comunicação digital. E acrescentei que há muita literatura científica (psicologia, sociologia, antropologia) acerca do fenómeno (que já vai com perto de 20 anos de maciça experiência…).
Na parte das caralhadas, foi opção minha, ao generalizar, mas criou uma ambiguidade que registaste. De facto, o contexto é o da morte do Carlos Castro e a subsequente violência verbal nas caixas de comentários a respeito da relação e da homossexualidade, mas as queixas contra os comentários do Zé Povinho não são de agora, não nasceram com este assassinato. Foi a isso que aludi, embora de modo defeituoso por faltar este esclarecimento.
Bravo, não podia estar mais de acordo contigo, primo.
Tanto ruído sobre os comentários dos blogues; e a chamada “imprensa séria”, mas feita de caca que por aí campeia, com pseudo-jornalistas de caca, paus-mandado dos donos e dos interesses dos jornais e televisões que temos e que são um autêntico cagadouro a céu aberto. Tenho dito!