RubenAmorim Futebol Clube

Olhando para o mundo, para o que se passa na Palestina, Ucrânia, Sudão, Iémen, Afeganistão, Haiti, na outrora democracia norte-americana, na vaga fascizante que varre a Europa, no Portugal onde Ventura se ri de tudo e de todos e Seguro deverá receber o apoio do PS a menos que surja um milagre, haverá problema maior e mais urgente do que a situação de Ruben Amorim no Manchester United? Não creio.

A coisa é a seguinte, vai aqui em sumário executivo:

– O homem, ainda antes de aterrar em Ringway nos idos de Novembro de 2024, garantiu que de imediato a equipa iria exibir uma “ideia”. Essa “ideia” era sua, pois claro. E as vitórias poderiam tardar, porque é preciso tempo para treinar aquelas jogadas mesmo fixes que resultam em golos, umas, e em defesas estupendas, outras. Mas quanto à “ideia”, isso ‘tava garantido. Porque a “ideia” era dele, estava-lhe acessível, o homem entendia-a, apenas tinha de mandar a rapaziada mostrar a “ideia” no relvado.

– As semanas sucederam-se às semanas, os meses aos meses, com jogos pelo meio. No final da época passada, Ruben Amorim tinha conseguido levar o United ao pior registo em 51 anos no campeonato inglês. Vieram promessas e juras de tal não se voltar a repetir, de regressar à glória já a seguir. Vieram contratações de fama. Começa a presente época e Ruben Amorim já conquistou o pior arranque da equipa em 33 anos de história. Não contente, juntou-lhe a eliminação do MU na Taça da Liga por uma equipa do quarto escalão. Quarto, o tal que costuma ficar abaixo do terceiro.

– Após a recente derrota por 3-0 com o City, o actual treinador do United veio proclamar que não iria mudar a sua “filosofia”. O que é a filosofia? Um conjunto de ideias, bué delas ao molho.

Donde, o jogo de amanhã com o Chelsea, em casa, vai ser um dos mais divertidos à disposição do espectador, gargalhada garantida. Porque tudo pode acontecer, como sempre, mas, aconteça lá o que acontecer, o idealista nosso patrício está fodido. Se perder, é despedido ou despede-se. Se empatar, despede-se ou é despedido. E se ganhar, será despedido uma semana depois quando for ao estádio do Brentford, uma equipa merdosa, empatar ou, o que será mais provável, perder.

A gargalhada não o tem como alvo. Desejo-lhe as maiores felicidades quando vier substituir o Mourinho no Benfica. E merece uns meses de descanso e recuperação após a tortura em que se meteu. A gargalhada é dirigida ao futebol como indústria que leva os adeptos para experiências de alucinação onde se fantasiam a derrotar a ontológica aleatoriedade do real.

Ruben mostra que também é um feroz adepto — no caso, de si próprio.

One thought on “RubenAmorim Futebol Clube”

  1. Aqui está um exemplo de cultura da lagartada. Amorim foi por ela influenciado.
    Os políticos na ribalta em Portugal nestes dias estão muito inspirados nessa postura de viscondes desesperados por chegar a condes.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *