Montenegro urbano, Montenegro rústico

«Desde que Imelda Marcos, a primeira-dama das Filipinas entre 1965 e 1986, se aplicou a constituir uma colecção privada de sapatos, guardada em segredo no palácio presidencial e descoberta pelos filipinos que invadiram o palácio e submeteram à concupiscência e ao espanto dos cidadãos os 1200 pares de sapatos da extravagante colecção, feita com a cabeça e não com os pés, nunca mais tinha havido notícias de uma paixão coleccionista ter assaltado qualquer figura eminente do governo ou da presidência de um país. Até que apareceu o nosso actual primeiro-ministro que colecciona 55 – cinquenta e cinco – prédios, uns urbanos, outros rústicos. Não se percebe o pudor do Luís coleccionador, que tudo fez para não contar publicamente, nem deixar contar, “cinquenta e cinco” em voz alta, número muito mais pronunciável do que os mil e duzentos que a pobre Imelda manteve em silêncio. A ambos podemos apontar o exemplo do libertino Don Juan que sem ligar ao juízo de Deus e à moral dos homens contou em voz alta o número da sua colecção de conquistas: mille e tre. Toda a colecção suscita uma contagem e impõe-se pelo número.»


Deixem o Luís coleccionar

3 thoughts on “Montenegro urbano, Montenegro rústico”

  1. Talvez este seja o texto mais fraco de António Guerreiro. Só neourbanos não sabem que o interior Centro Norte do país está retalhado num microfundio de milhões de propriedades.

  2. ” Só neourbanos não sabem que o interior Centro Norte do país está retalhado num microfundio de milhões de propriedades. ”

    https://snic.dgterritorio.gov.pt/visualizadorCadastro

    ninguém sabe, mas o ignorante alarva um conhecimento neoparolo de quem está em contacto diário com o kgb lhe transmite informações secretas sob os mitos e lendas vivas do cadastro tuga.

  3. mas há uma diferença …

    Antes, no tempo da outra senhora, havia amor à terra.
    Hoje, esse retalho, são das propriedades dos juízes, procuradores, montenegros, e demais comilões da democracia, que só têm amor ao dinheiro.

    Por isso é que há cada vez mais incendiários … A terra deixou de ser sagrada.

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