NOTA
Um amigo meu de infância, com cultura geral acima da média, toda a vida centro-esquerda, com um percurso profissional no marketing e na gestão de topo, tanto em Portugal como no estrangeiro, disse-me há dias que concordava com a posição “moderada” nesta problemática dos imigrantes. E depois justificou, apresentou um racional: os extremos não têm razão, logo há que ser moderado. De que extremos falava? Do Chega e da “extrema-esquerda” que quer encher Portugal de milhões de pessoas vindas de África e da Ásia, com isso provocando o caos na nossa sociedade. O mais interessante na sua exposição foi ele reconhecer que, embora não gostasse, estava sempre a receber publicações do Chega onde se viam, liam e ouviam os tais fulanos da extrema-esquerda a defenderem as maiores alucinações catastrofistas a respeito dos migrantes.
Ou seja, ele tinha inquestionável razão. Se o seu mundo estava a ser construído a partir da propaganda do Chega, então o seu bom senso, e mero senso comum, jamais poderia concordar com esses extremos. Assim cristalizada a posição “moderada”, podia, em simultâneo, considerar-se um tipo decente, que não aceitava extremismos, e um tipo desconfiado, que gostaria de ver mão forte sobre a escuridão já cá instalada e fronteiras blindadas prontas a repelir a invasão da mourama. Contrapus que nenhum político tinha esse discurso, por ser demente, e que mesmo que aparecesse um político a dizer para se abrirem as fronteiras da Europa sem critério nem controlo a sua carreira teria um final instantâneo. Sem qualquer sucesso, pois lidar com esta evidência de a “extrema-esquerda” usada na retórica do Chega ser uma fantasia grotesca implicaria ter de construir outro mundo diferente daquele onde se sentia feliz por pertencer aos “moderados”.
Se isto se passa com ele, não admira que haja uma epidemia de fanatismo racista e xenófobo nascida de distorções cognitivas e do atrofio do pensamento crítico. Estes “moderados” são carne para o canhão da extrema-direita.
Muito bem, volupi: agora olhe para o seu amigo ‘moderado’ e veja-se ao espelho em tudo o resto – na defesa desta ‘democracia’, desta ‘economia mista’ supostamente social-democrata (longe dos extremos do, deusnoslivre, tenebroso comunismo), da não limitação da riqueza, etc.
Agora sabe o que sinto quando vejo moderadinhos, sobretudo os xuxas como v., a defender o status quo agarrados ao seu carneirismo confortável, que confundem com ‘sensatez’, e a benzer-se com desprezo e horror quando ouvem algo mais ‘extremo’ de chalupas utópicos como eu.
Sabe porque é que o seu amigo é assim? Permita que explique o óbvio: porque dá-lhe jeito ser assim. Se tem um “percurso no marketing e na gestão de topo” – soa a um forte chulo – deve ganhar e viver bem. Interessa-lhe manter essa vidinha; a última coisa que quer é mudança, sobretudo radical. Daí o amor pelo centro, que mantém tudo na mesma, e a susceptibilidade a ‘confirmation bias’.
V. rejeita automaticamente qualquer propaganda do Chega, e por isso sente-se melhor e mais iluminado que o seu amigo. Mas devem seguir, mais vírgula menos vírgula, a mesma cartilha ‘centro-esquerda’ que admite zero alternativas à partidocracia e ao sistema neoliberoca vigente. Sim, davam mais umas migalhas à populaça, taxavam mais uns bilionários. Mas mudar? Isso seria extremista!
se começassem a violar homens se calhar o discurso era diferente. aqui se vê o machismo da sociedade.
duas violações por “estrangeiros” numa semana ? não tarda estamos como na suécia.
«se começassem a violar homens se calhar o discurso era diferente»
É um bom ponto.
Há pouco tempo li uma notícia com o título: “Maioria dos detidos pelo crime de violação são cidadãos portugueses”. Veja bem o espanto; em Portugal a maioria dos detidos são portugueses.
É este nível de sonsice – o que ingleses chamam ser ‘disingenuous’ – que muito ajuda o Chega e outras poias pela Europa fora. A polícia é a primeira a contribuir para a suspeição geral ao não divulgar dados dos criminosos: nacionalidade, raça, etnia, religião, tudo é ocultado ou manipulado a gosto.
Para as mulheres não sei o que será pior ou o que fará mais vítimas, se o machismo tugo-católico ou o machismo muçulmano. Ambos são primitivos e cobardes. Também não sei a percentagem de africanos, brasileiros ou outros. A ocultar dados não é possível compreender e resolver problemas.
“A polícia é a primeira a contribuir para a suspeição geral ao não divulgar dados dos criminosos: nacionalidade, raça, etnia, religião, tudo é ocultado ou manipulado a gosto.”
nacionalidade, raça, etnia ou religião não devem nem podem ser considerados estigmas criminais, cujos efeitos marginalizadores não só aumentarão o crime como dificultarão o acesso aos seus direitos sociais básicos. todos os cidadãos que vivem em portugal têm os mesmos direitos e obrigações, as polícias e os tribunais tratam das excepções com processos de investigação e de acordo com a lei. tudo o resto são supositórios racistas de seitas de capados com medo que lhes comam as mulheres.
«nacionalidade, raça, etnia ou religião não devem nem podem ser considerados estigmas criminais»
Pois não devem, mas sabê-los pode ajudar a explicar comportamentos criminais. Temos imenso medo de generalizações, por bons e óbvios motivos, mas não é a esconder as coisas que as compreendemos ou melhoramos. Este encobrimento só perpetua problemas e leva as pessoas a imaginar o pior, muitas vezes sem razão, além de beneficiar pulhas como o Chega e a direita em geral.
Por outro lado, assim a carneirada xuxa, wokista e ‘moderada’ sente-se melhor, por isso está tudo bem. Claro que não vivem ao lado de ciganos, nem de demasiados pretos ou castanhos, se o puderem evitar; também não exageremos, não é? Basta criticar o Chega e escrever uns tuítes solidários. Só a malta pobre tem de andar naqueles bairros onde queimam condutores de autocarros.
Às vezes é melhor ficar calado deixando que os outros pensem que você é um idiota, do que abrir a boca e não deixar nenhuma dúvida.
tenho asma na careca
abcessos no cachaço
estrabismo nas orelhas
não vejo nada de um braço
por isso não creio em deus
mas faria auto de fé
se a minha alcunha fosse
não coutinho mas TRIPÉ
Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.
Ao redor de um abismo, tudo é berma
Filipe Bastos, o teu comentário foi um complemento brilhante ao texto do Valupi, porque destapou com clareza a neurose de bom senso que parece enraizada na humanidade. Todos achamos que somos os moderados iluminados, os detentores da sensatez, mas esquecemos que, muitas vezes, esse “bom senso” é só um reflexo do nosso contexto e das narrativas que consumimos. Todos nós achamos que temos bom senso a mais (que castigo), e ignoramos que o bom senso nao é nada mais do que uma forma de o homem fugir ao desconforto da dúvida e do caos. Vejo nisso uma manifestação da fraqueza humana que prefere segurança à liberdade criativa do pensamento crítico, tal como dizes. O texto instigou me a isto: à autocrítica e à desconstrução de certezas cômodas. É uma discussão que vai direta ao âmago da crise de pensamento crítico que vivemos. Obrigado por essa provocação tão necessária!
é já aqui alo lado :
“No obstante, es Cataluña donde se cuantifican más denuncias por violaciones, con 1.280 en nueve meses, un 200% más que hace tan solo cinco años. En esa comunidad convergen tanto la concentración de zonas de ocio como una la alta concienciación junto a elevadas tasas de criminalidad. Desde la extrema derecha, catalana o española, se focaliza en la inmigración como un factor añadido a las causas.”
https://www.elmundo.es/espana/2025/01/05/67797c65e4d4d84b088b4591.html
” Y, en el caso de las agresiones sexuales y las violaciones, el porcentaje de reclusos de nacionalidad no española es todavía más elevado. Un 64,2% de los presos en las cárceles catalanas por estos dos delitos son inmigrantes. En total hay 324 reclusos y 208 son extranjeros. ”
https://www.larazon.es/cataluna/91-condenados-cataluna-violaciones-son-extranjeros_2024092766f6780db3741e0001f66be0.html
mas , claro , são gaijas e estavam a pedi-las.
vaitafoder… quando te distrais sai merda do mais puro nazismo, ao qual finges ser alérgico e que vais promovendo nas entrelinhas.
ah… e a desculpa é de almanaque malucos do siso: “Pois não devem, mas sabê-los pode ajudar a explicar comportamentos criminais.” isto saiu da tua cabeça ou andas a ler o meio kampf?
“Pois não devem, mas sabê-los pode ajudar a explicar comportamentos criminais.” a pedofilia nos lelos , por exemplo , os casamentos forçados , os tiroteios , se calhar não se explicam pela sua particular cultura . e muita sorte têm em que se aceite comportamentos proibidos por lei a maioria dos mortais.
e pus-me a ler cenas moderadas e blabla bla pouca integração social dos imigrantes , desigualdade de oportunidades , baixos salários e não sei quê que poderiam explicar roubos. agora que me atirem isso para explicar violações e crimes de cariz sexual vou ali e já venho, a esta hora todos os pobres nacionais eram potenciais violadores , queres ver?
e como só o chatgpt me entende ,de muitas coisas que me conta , conto-vos estas:
“Porquê? Porque a sociedade enxerga os homens como agentes de poder. Então, quando um homem é violado, isso é visto como uma “inversão do normal” – o que faz soar mais alarmes do que quando uma mulher, historicamente percebida como vulnerável, é vítima. O machismo prejudica ambos os géneros, mas agrava-se quando reforça a indiferença à violência contra mulheres.”
O que precisamos questionar é: por que é que a sociedade se apressa em relativizar crimes de natureza sexual? Será para proteger certas ideologias, grupos sociais, ou simplesmente porque não há interesse real em proteger as mulheres?
“Enquanto o discurso sobre integração ou pobreza pode ser relevante noutros contextos, nunca deveria ser usado para relativizar um crime que é, antes de tudo, um ataque direto à liberdade e dignidade da vítima. Crimes sexuais são sobre poder, não sobre fome.”
“Pois não devem, mas sabê-los pode ajudar a explicar comportamentos criminais.”
https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/miguel-arruda-suspeito-de-furtar-roupa-e-vende-la-na-vinted
agora percebo porque é que a yo aconselhava compra de roupa na vinted como opção de moda sustentável
DESconstruam lá isto.
https://youtu.be/mfJhMfOPWdE?feature=shared