Sempre considerei António Costa um político medíocre — etimologicamente: mediano, comum. Isto, obviamente, nada diz a seu respeito. Só me caracteriza na minha ignorância, inexperiência e insolência. Mas valorizei uma indiscrição não desmentida (nem parecendo justificar tal) de Vicente Jorge Silva, em 2017 e remetendo para 2004, onde descreve um Costa assumidamente avesso à liderança do PS; portanto, do País. A ser verdade, talvez explique a base, a fonte, a natureza daquela que se veio a tornar a sua principal qualidade como governante, isso de não ter rival na capacidade de gerar confiança. O tipo de confiança mais importante na cidade, o sentido de responsabilidade e discernimento ao serviço do bem comum e do interesse nacional. Eis o seu castelo, donde conseguiu dar forças aos colegas da governação para ajudar a comunidade a suportar crises inauditas.
Infelizmente, o seu legado para o saneamento da Justiça, tomada por criminosos e justiceiros, é nulo. Tanto que acabou, e continua, vítima dessa sistemática violação do Estado de direito com os instrumentos judiciais. A sua atitude perante a Operação Marquês carece de mais informação acerca das acções de Sócrates alvo do processo, podendo acabar por se reconhecer que defendeu bem o partido ou que defendeu mal a liberdade de que Mário Soares foi paladino. Desfecho imprevisível, talvez só disponível para historiadores.
Agora que abandonou uma função pública a que não voltará, está ao mesmo nível de Guterres numa eventual candidatura presidencial. Se concorrer, ganha e passa 10 anos em Belém. Diria que melhor remédio após o desastre de Marcelo é difícil de sequer imaginar.
“António Costa: uma estranha ironia”, por Francisca van Dunen, no Expresso online
já se nota no ar outro cheiro, outra gente
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«…podendo acabar por se reconhecer que defendeu bem o partido ou que defendeu mal a liberdade de que Mário Soares foi paladino. »
Com determinados adversários as cedências de valores de princípios tendem sempre para o pior. No caso, e naquele tempo, o adversário já se tinha inclinado para o pior da sociedade que havia de dar origem ao estado atual. A defesa de uma justiça livre e não manipulada poltiticamente era já uma necessidade evidente que Mário Soares, justo paladino por experiência prática dos tribunais especiais salazaristas a que se viu sujeito topou, imediatamente, na manobra em curso da judicialização da política levada a cabo pelos “Vidal” conluiados com a política salazarista de Passos Coelho e sua ministra “demente?” (ou seria “copos?”).
Regressado ao governo o PS de Costa, este, sem a experiência nem o faro e rasgo político de Soares não mediu consequências e seguiu uma linha conciliadora confiando que, pelo exemplo de seriedade e honestidade de procedimentos e maior liberdade de ação à justiça, esta alinharia pelo seu lado de comportamento exemplar; pensou que caçaria melhor as moscas com açúcar do que com vinagre.
Mas, na luta pelo poder o que menos há são lealdades; só na nossa ´curta história D. Afonso Henriques guerreou com a mãe e muitos filhos herdeiros derrubaram pais e irmãos dos tronos, os Filipes tomaram Portugal com a deslealdade de muitos portugueses e por fim mataram o rei e a monarquia. E continuou até aqui e o que for depois será para os historiadores, como diz o Valupi.
Agora, na recém tomada de posse dos herdeiros servidos pela constante prática do braço armado da injustiça coadjuvados pelo próprio presidente da República ficou claro, no próprio discurso de Montenegro, que a ideia é, novamente, encharcar o PS de culpas como pretexto para avançar de peito feito, finalmente, para fazer do não-é-não para o não-é-sim com o seu novel filho dileto afim de poder arrancar com um programa em direção aos ideais de Passos e ou do IL.
Vamos ver como PNS se aguenta nesse braço-de-ferro com os adversário que têm todos os trunfos mais fortes na manga à vista.
confiança e responsabilidade são características óptimas num político. e se falhou em fazer justiça na Justiça vai viver com esse peso na consciência – assim como deve ter morrido Soares que tanto fez pela liberdade como encheu a mula pelo tráfico de diamantes.
“Reunimos hoje o primeiro Conselho de Ministros do XXIV Governo.
Estamos entusiasmados e motivados para cumprir a Mudança.
Hoje estivemos focados no Programa que vamos apresentar à Assembleia da República no dia 10 de abril e em agilizar uma agenda ambiciosa, eficaz e consensual de combate à corrupção.”
https://twitter.com/LMontenegropm/status/1775564619697787105
resumo: acusamos toda a oposição de corrupção. contamos com participação do célinho a dizer poemas da lucy muda e o xunga para aplaudir de pé e pedir encores.
Uma das grandes fraquezas de António Costa foi a incapacidade de explicar de forma simples (resultado de um espírito pouco arrumado?) os propósitos e o método da sua governação. Uma vez passada a fase inicial (as reposições mais urgentes) e, exceptuando a pandemia no que se lhe seguiu, não se percebia muito bem como e em quê pretendia ele aplicar a folga conseguida com os excelentes resultados financeiros que foi obtendo.
marsupilami, muito bem visto. Provavelmente, esse seria o plano para os dois anos finais da legislatura interrompida com a golpada.
Valupi,
Que fezada monumental.
Nao te parece bem mais provavel, com base nas declaracoes e comportamento dos diferentes actores politicos que a forca motriz por tras da prossecucao de persistentes excedentes orcamentais foi uma profunda desconfianca, (muito bem fundamentada de resto – nao critico de todo), por parte dos economistas ligados ao PS em relacao ao comportamento futuro da UE para com paises da periferia como Portugal?