Casa da Ilha

Minha casa, minha vida
Sendo antiga é moderna
Fica longe não esquecida
Como a água da cisterna

Bebida no púcaro de barro
Entre o curral e o palheiro
Antes de guardar o carro
Com as artes de garageiro

Casa de empena fechada
Duas lojas e um balcão
Quase lhe chega à entrada
O mar em rebentação

Forno exterior, chaminé
Desenho em proporção
Empurra a vida esta fé
Todo o dia em oração

Giesta em flor, rasteira
Cheira bem entre os muros
Socalcos da vida inteira
Onde os frutos são seguros

Casa entre mar e terra
Limites da geografia
Onde o vento faz a guerra
E é relógio todo o dia

5 thoughts on “Casa da Ilha”

  1. Hoje dia 10/10/10 o tempo está morno como o País. Vá lá que a Selecção Nacional de Futebol ganhou para nos levantar o nosso astral. Se não fosse isso e a referência do dia, do mês e ano, só daqui a mil anos é que se volta a ter data igual, era um dia a tantos outros. Nessa altura não estaremos cá só se formos reencarnados.
    Para variar e como gosto e sinto orgulho de tudo que produzimos na minha terra embora sejamos uma terra simples aqui vou relatar essas nossas preciosidades, na maneira como sinto essas mesmas coisas, o que quer dizer o que para mim é azul não será para toda a gente. Envio uns trechos e um vídeo e como disse é produzido só por personagens da minha terra. Com a ajuda de um amigo, não disponho de material adequado, por isso precisei da ajuda, elaborei o vídeo com as personagens desde o mais simples ao mais ilustre, do livro intitulado Pedaços de Nós, com versos do meu amigo Rodela e a ilustração de Vitorino Ribeiro.
    Acrescento mais uns versos de Fernando Santos (Edurisa Filho) que foi o pai do Grupo Teatral Freamundense, grupo este com vários 1ºs prémios a nível nacional e música de Francisco Pinto (Chico Flauta) ambos falecidos,

    Freamunde é nossa terra
    mais nenhuma outra encerra
    tanta beleza.
    P’ra cá da Serra da d’Agrela
    não há outra igual a ela,
    não há com certeza.
    Fez do trabalho um brasão
    e tem o mago condão
    de toda a gente encantar,
    quem Freamunde conhece
    nunca mais dela se esquece
    nem mais a pode deixar.
    —————————-
    REFRÃO
    Olhai ó gente
    a marcha de Freamunde
    que mais nenhuma confunde
    cheia de cor e de graça,
    cá vai contente
    fazendo da noite dia,
    inundando d’alegria
    as ruas por onde passa,
    anda com ela
    mete o braço no meu braço
    acerta comigo o passo
    e deixa a alma cantar.
    Se a vida é bela
    mais bela se torna ainda
    quando a alegria infinda
    vai Freamunde a passar.
    —————————-
    Nascida entre Douro e Minho
    Freamunde meu cantinho
    é jóia fulgente
    encastoada a preceito
    no estribo do nosso peito
    vive eternamente
    tens tal valor terra amada
    apesar de desprezada
    em tudo és sempre a primeira
    defende o nome de bem
    não deves nada a ninguém
    e segue sempre altaneira.

    Em Freamunde a cultura é diária. São os ensaios e as actuações do Grupo Teatral Feamundense (GTF) do Grupo de Teatro Pedaços de Nós, neste momento está em palco com “Amor de Perdição” e recebeu da Gazeta de Paços de Ferreira a seguinte crítica:
    “O Grupo de Teatro da Associação Cultural e Recreativa Pedaços de Nós levou à cena a obra camiliana “Amor de Perdição”, numa encenação de Vitorino Ribeiro. Tarefa que se adivinhava difícil, de risco. Fui ver. Adorei. Não sou eu o “crítico” mais capaz, com conhecimentos de causas suficientes, para uma análise justa e sincera do espectáculo que nos brindaram. Porém, seria uma injustiça de todo o tamanho se não o levássemos ao conhecimento dos amantes da arte cénica, se não exaltássemos a acção que todo o grupo exemplifica; o sacrifício, a devoção e o amor que dedicam ao teatro.
    Foram vencidos com sucesso vários obstáculos por um punhado de “amadores” imbuídos num trabalho de conjunto deveras louvável. Afinal de contas, um elenco venturoso, graças principalmente à felicidade com que se processou a escolha para os papéis, homogéneos, de responsabilidade acrescida, de personagens que já não são do nosso tempo.
    Reconhecendo o labor de todos, não posso, na minha modesta capacidade crítica, de ignorar o desempenho das jovens Filipa, no papel de Teresa, e Aida, no papel de Mariana. As expressões orais corresponderam às expressões corporais. Que vozes dóceis, melodiosas, bem modeladas! Uma ternurinha!
    Parabéns a todos os que conseguiram erguer um espectáculo de rara beleza: cenas bem conseguidas; cenários bem concebidos; rico guarda-roupa; fundo musical adequado ao ambiente, o mesmo sucedendo com a luminotecnia (excelente o jogo de luzes). No final, muito justamente, prolongadas e entusiásticas ovações, de pé, aos intérpretes, encenador, directora da Associação Cultural e Recreativa Pedaços de Nós, e demais colaboradores. Ao Teatro. Todos”.
    Do Grupo de Castanholas, Big Band, Grupo de Repercussão e Ensemble Vocal. Tem corrido o País a dar espectáculos gratuitos para Associações de Pais e comparadas. Quem os convida só paga as despesas de deslocação, chegando ao ponto de eles (actores) irem munidos com um farnel.
    Isto é fruto do associativismo e de pessoas que depois do seu trabalho diário ainda se dispõem a ensaiar e actuarem nos fins-de-semana. Tudo isto se deve a uma a uma pessoa que não revelo o nome porque se o fizesse ela aborrecia-se comigo.
    Freamunde pode ter mil e um defeitos mas de uma coisa nos podemos orgulhar: a nossa cultura. É com gente como esta aqui retratada que muitos sentem inveja de nós. Uns mais ilustres que outros mas todos deram o seu contributo para que hoje sejam recordados com nostalgia. Alguns ainda se encontram entre nós e aqui vai um muito obrigado. Aos falecidos uma eterna saudade. Também se não houvesse gente como o Rodela para nos deliciar com os seus versos e Vitorino Ribeiro com a ilustração não podíamos recordar tão ilustres personagens. Todo o conteúdo deste vídeo é de gente da nossa terra, incluindo a Banda Musical de Freamunde e o Ensamble Vocal de Freamunde, que tocam e cantam Classics de Louis Clark / James H. Burgen e o hino de Freamunde de Leopoldo Saraiva / António João de Brito e arranjo de Manuel Abreu Neto.

    HINO DE FREAMUNDE

    VIVA, VIVA, VIVA FREAMUNDE

    Nobre terra sem brasão
    Tua glória o trabalho
    Essa grande tradição – VIVA FREAMUNDE
    Povo forte e decidido
    E jamais será vencido – VIVA FREAMUNDE
    Terra muito industrial
    Do concelho és a primeira
    E não tens outra rival – VIVA FREAMUNDE
    Não exagero não falo
    Se disser que o teu progresso
    Só depende do trabalho.

    CORO

    Freamunde terra de encantos
    De beleza sem igual
    Tens tantos encantos, tantos
    Que orgulham Portugal
    Teu povo trabalhador
    Dá exemplos e tem moral
    É de todos o mais forte
    Deste nosso Portugal.

  2. Acabo de receber um telefonema de alguém que leu e viu este post em Angra do Heroismo. Amigo Pacheco, não o conheço mas tenho um primo que trabalhou consigo em Paços Ferreira – um grande abraço e parabéns por ser quem é.

  3. JCF:
    Gosto de dar a conhecer o que se faz aqui na minha terra com o carinho que nos é peculiar. Sentimos bastante bairrismo por tudo o que é nosso. Há muitos que em lugar de proceder da mesma maneira glorificam-se a maldizer o que outros fazem. Eu, ao contrário, procuro colaborar para que este País saia do marasmo da maledicência, embora com dificuldades porque habilitações literárias, tenho as mínimas, mas faço o que posso.
    Gostaria de saber se não for uma inconfidência, quem é o seu primo.
    Sobre o sujeito em Angra de Heroísmo ele que vá ao blogue “coisasque podemacontecer” (tudo pegado e em letra minúscula) há uma certa dificuldade em aceder a ele, aparecem umas poucas de páginas ele que clique numa e na página do blogue aparece uma espécie de televisão onde pode ver que seleccionei a música Açoreana “ As velhas da Caldeira. Tenho um fraco pela música das ilhas, a da Madeira, conheço melhor, vivi lá três anos, a dos Açores é através da televisão e do Youtube.
    De qualquer maneira muito obrigado.

  4. O meu primo trabalhou consigo no EP, é um jovem no activo. Referi o telefonema por ser verdade (claro) e para se perceber que muita gente gosta de ler mas depois não escreve no Blog. Feitios… Votos de êxito para as actividades culturais em Freamunde – a última vez que lá estive apreciei um capão no forno com batatas a preceito ao lado da glória leonina Manuel Fernandes e do vice Menezes Rodrigues.

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