Dinis Machado, o poeta obscuro

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No dia 13 de Fevereiro de 1994, Dinis Machado ofereceu-me um poema manuscrito intitulado «II Soneto para Cesário», com uma dedicatória: «oferta e celebração a José do Carmo Francisco no dia do seu 43º aniversário». Segundo me explicou mais tarde, sabia os seus poemas de cor, mas nunca os publicou, porque entendia que não valia a pena.

A edição especial de O que diz Molero vai ser apresentada no próximo dia 21 de Março, dia da Primavera e do 77º aniversário de Dinis Machado. Ao que sei (telefonaram-me), a Bertrand vai fazer uma festa no Tivoli nesse dia.

Como o Dinis espalhou alguns poemas no articulado do «Molero», penso que uma boa homenagem a ele (e a todos nós) será divulgar o tal soneto do poeta obscuro Dinis Machado. Espero que gostem:

Se te encontrasse, agora, na paisagem
Nocturna dos fantasmas da cidade
Contava-te dos nossos pobres versos
No teu rasto de sombra e claridade.

Contava-te do frio que há em medir
A distância entre as mãos e as estrelas
Com lágrimas de pedra nos sapatos
E um cansaço impossível de escondê-las.

Contava-te – sei lá – desta rotina
De embalarmos a morte nas paredes
De tecermos o destino nas valetas.

De uma história de luas e de esquinas
Com retratos e flores da madrugada
A boiarem na água das sarjetas.

José do Carmo Francisco

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