Nestes tempos insólitos e incertos, muita gente aguarda com ansiedade os comunicados diários da DGS sobre o evoluir da epidemia em Portugal. A directora-geral, Graça Freitas, parece muito competente, informada e sabedora do que fala. E fala de maneira clara. Assim, ficámos ontem, por exemplo, a saber que, dos 1280 infectados, apenas cerca de 160 estão internados e, desses, 35 encontram-se nos cuidados intensivos. Uma situação preocupante, mas ainda gerível, diria eu. Quer isto dizer que a esmagadora maioria (cerca de 1000) das pessoas infectadas está a tratar-se em casa. Boa notícia. Ao mesmo tempo, é-nos dito que apenas 5 recuperaram – cinco doentes! Ora bem, é aqui que reside o problema. Esses cinco, presumo eu, pertenciam ao número dos internados. Mas, e os que foram para casa curar-se? Será que não apresentam melhoras, coitadinhos? Já cerca de mil pessoas adoeceram, algumas já há mais de 15 dias, e nós não sabemos quantos já estão bem e quantos em franca recuperação. Parece-me que essa informação teria grande interesse pela nota de optimismo que difundiria.
Admito que haja quem pense que, nesta fase de confinamento e restrição severa de contactos, ou seja, de grande sacrifício, não é aconselhável transmitir mensagens demasiado positivas devido ao receio de que as regras sejam desprezadas, mas que diabo. A ideia de que, deste sufocante milhar e meio de fulminados apenas cinco se salvaram (parece que hoje já são 20), é falsa e uma impossibilidade. Os números bons também têm direito a sair.
Já agora não seria melhor comparar estes números com números da gripe do ano passado? É que parece que morreram 3 mil e tal pessoas mas não sei de que universo de infectados.
Como também é falso o número de infectados e em nenhum momento vamos testar a população toda. Os dados julgo que dizem respeito a doentes testados positivos no SNS e com um período de recuperação tão longo, estejam onde estiverem a recuperar, ainda é difícil muito mais gente a negativar depois do teste positivo. Ainda há 10 dias só tínhamos 50 casos confirmados. SNS que é a grande preocupação da DGS. Claro que há muita gente que adoece e recupera em casa sem nunca serem sequer testados. A intenção é mesmo essa para não sobrecarregar o SNS, para assim poder atender quem verdadeiramente precisa de cuidados mais diferenciados.
Já em relação à Sra. Directora mais que uma técnica especializadissima com uma carreira na saúde pública de décadas, o seu longo percurso de vida, primeiro como filha, depois como mãe e agora como avó fazem-se sentir em cada comunicação à população. Sem dúvida que o misto de saber e serenidade com que se dirige todos os dias ao país é digno de destaque nestes tempos tão difíceis para tanta gente.
são as perguntas sem resposta das senhoras da saúde
pela vossa saúde, informem
não digam para lavar as mãos
apenas…
Este post da penélope é espantoso, viverá na lalaland?
Todos os dados estatísticos estão publicados no Github, informe-se, analise os números.
Sabe que o período de recuperação é de 2 a 8 semanas?
Já reparou nas estatísticas da Alemanha onde há uma imensidão! de infeções por resolver com muito mais de 1 mês, tendo em conta a data de deteção dos primeiros casos?
É abismal a iliteracia funcional destas pessoas que comentam sem serem capazes de pegar nos dados e utilizar ferramentas tão banais e simples como o excel para os analisar.
E, já agora, o que deveriam divulgar é a idade e eventuais doenças pré-existentes dos falecidos.
Sim, porque esta teoria de que a COVID-19 é uma doença de “velhos” e de pessoas já doentes não tem suporte nos dados que, até gora e tanto quanto tenho visto, são divulgados pelas autoridades de saúde nacionais e estrangeiras. Consta até que as surpreendentes estatísticas da Alemanha com uma quantidade impressionante de casos sem resolução se deve precisamente à população infetada ser muito nova, o que tem tanto de bom como de alarmente, pois pode significar que a idade atrasa a gravidade mas não a evita.
Colado com cuspo: Apesar de tudo o que diz – que nada indica que não seja colado com cuspo – continuo a achar que falta a referência ao número dos que vão deixando de engrossar a longa fila do milhar e meio.
Sem excel eu lembro-me de ouvir o director de infeciologia do Curry Cabral falar de períodos de recuperação nos internamentos hospitalares e consoante a gravidade: de duas semanas para casos considerados ligeiros, de 4 semanas para casos médios, alguns inclusive já com pneumonia e de 6 a 8 semanas para os casos mais graves, os tais que já necessitam de ventilação artificial e onde alguns morrem. Portugal tinha na semana passada cerca de 1100 ventiladores. Outro dado importante que referiu é que a média de idade das vítimas mortais é mais baixa do que o que se ouve dizer muitas vezes, falou em cerca de 50 anos. Normalmente com outras patologias associadas. Que são sempre do foro privado como é óbvio.
E os dois números mágicos que andam sempre na cabeça de quem está verdadeiramente à frente do combate à pandemia em todos os países são: o que prática do combate tem dito até à data é que 15% dos infectados vão precisar de internamento hospitalar e cerca de 5 % de ventilação. E julgo que não são precisos muito mais números para seguirmos a evolução da pandemia minimamente informados em Portugal. E se é verdade que o número de casos continua ligeiramente abaixo das piores expectativas também é verdade que as marginais de Lisboa e Porto esta manhã já se encheram de gente a passear. Porventura serão estas pessoas que ainda obrigarão a medidas mais restritivas. Sempre em cima daquilo que já está para trás.
Penélope: o número está lá, se não quiser acreditar, é lá consigo, se acha que é conspiração, se acha que os casos estão resolvidos e as pessoas foram para a praia e esqueceram-se de informar a DGS, é lá consigo. O que eu sei porque os números o dizem é que Portugal não é exceção face à generalidade dos paises em que os recuperados são muito poucos.
Os recuperados são tão poucos que os infectados já estão a diminuir. Mas porque é que não comparam com a gripe do ano passado que teve mais de três mil mortos?
Não é comparável a mortalidade da gripe com o COVID-19.
As últimas estimativas colocam o COVID-19 com 3,4% de mortalidade, enquanto a gripe, embora varie segundo o surto e o país ronda os 0,1%. Logo, se houve 3000 mortos significa que houve grosso modo 3 milhões de infectados.
Para comparar, ler:
https://www.businessinsider.com/coronavirus-compared-to-flu-mortality-rates-2020-3?op=1&r=US&IR=T
Para quem goste de perceber a forma como se deve encarar as questões relativas ao risco de um ponto de vista estatístico convèm ler Nassim Taleb:
https://unherd.com/2020/02/why-we-should-overreact-to-coronavirus/
Ou ver:
https://youtu.be/e2Kga5HeAqk
Para quem goste de ver uma perspectiva realista da pandemia e seus efeitos, ver este magistral video de Steve Keen.
https://www.youtube.com/watch?v=HE-44ngyYoA
Colado com cuspo: Os dados da OMS ontem publicados, por exemplo, no Público, indicam que, para os casos menos graves, o período médio de recuperação é de duas semanas, o que significa que pode ser mesmo duas ou três ou apenas uma. Mas, para quem não entendeu, eu não sou contra as medidas restritivas tomadas. São absolutamente necessárias, dado o carácter altamente contagioso deste vírus, os seus efeitos graves numa percentagem importante de indivíduos e a falta de capacidade dos serviços de saúde de todo o mundo para responderem ao afluxo de doentes, sobretudo se não houver um certo controlo da propagação. Parece-me apenas que a transmissão da ideia aflitiva de que os casos de infecção se acumulam eternamente é possível de evitar.
ST: Muito bons links. Gostei.
na Espanha já divulgaram a idade dos afectados e falecidos.
dois terços dos mortos têm mais de 80 anos , 20% têm entre 70 e 79 anos
https://www.abc.es/sociedad/abci-afecta-coronavirus-espana-segun-edad-202003221407_noticia.html
Para os epidemiologistas amadores que queiram verificar se os seus modelos aderem à realidade até há um calculador:
http://gabgoh.github.io/COVID/index.html
Ó ST a estatistica é terrível. Então quer dizer como o ano passado tivemos 3000 mortos por gripe tivemos três milhões de infectados, ó ST tens a certeza?
Então e este ano pela tua teoria já devíamos ter para aí uns 900 mil, não?
Ou este ano não há gripe normal?
Penélope, que estejas na fase da negação e que nem os números aceites.
Este vírus é altamente letal e tem características únicas, como já adiantaram muitos especialistas, muitos dos quais ninguém quer ouvir. Preferem ouvir o fulano que preside à OMS e que deixou a Europa chegar a este caor.
Coloquei há umas semanas um link aqui ignorado por todos. Trata-se de uma entrevista a um dos mais notáveis epidemiologistas norte-americanos. Alguém o ouviu nessa altura? Queres agora prestar atenção ao que ele diz?
A taxa de propagação de um vírus é diretamente (não inversamente) proporcional à taxa de cagaço e pessimismo das pessoas, por isso considero as mensagens de bacoco otimismo a pior atitude em termos de saúde pública. Será o mesmo que um piloto dizer às hospedeiras para não berrarem “brace!, brace!, brace!” quando o avião prepara uma aterragem de emergência para não assustar os passageiros.
Devemos esperar e estar preparados para o pior dos cenários e é com esse que devemos confrontar todos os cidadãos, custe o que custar, lamento muito.
O indice Ro do Sars-CoVid 19 é de 3/4. O Ro da gripe sazonal é de 1. Quer isto dizer que, em media, um doente com gripe transmite a doença a uma só pessoa e que o portador do novo virus o faz a 3/4 outros. E a transmissão é mais intensa durante o periodo assintomático .