Leio no Guardian, de hoje, que o clérigo radical islâmico, Abu Hamza foi condenado, na Grã Bretanha, a sete anos de cadeia, por incitar o “ódio racial”. Parece que a célebre “liberdade de expressão” não funcionou com ele…
Nesta tempestade das caricaturas, a propalada “liberdade de expressão” é um fait divers. Segundo o Diário de Notícias de ontem, a história desta crise é edificante: um autor de um livro xenófobo propôs “pinchar o Alcorão com sangue menstrual” e queixou-se de não ter conseguido desenhadores para caricaturar Maomé. O jornal dinamarquês Jyllands-Posten, que tem a propósito o belo facto de ter sido apoiante do nazismo, tomou o desafio em mãos e encomendou 12 caricaturas do profeta dos muçulmanos. Publicou, em primeira mão, o Guardian, que o mesmo expoente da liberdade recusou, recentemente, aceitar caricaturas de Jesus Cristo, sob a alegação que iriam “ofender as pessoas”. As cabecinhas bem pensantes cá do burgo, resolveram afunilar a questão das caricaturas para a liberdade de imprensa, como se cá no Ocidente e fosse um valor absoluto. É sabido que em Espanha o dirigente do Harri Batasuna vai ser julgado por dizer que o Rei de Espanha liderava “a camarilha” que manda; já foram proibidas caricaturas do rei da Bélgica, por “ultraje aos símbolos nacionais”. O sacrossanto mercado impede, em muitos países, a utilização do Tintin, Asterix e Rato Mikey nas caricaturas. No entanto, parece que Maomé com cabeça de homem bomba não vale um rato da Disney…
Talvez mais importante do que restringir a questão, à liberdade de expressão e liberdade de imprensa, seria analisar o conteúdo das ditas caricaturas e o que significa esta explosão das massas muçulmanas. No fundo, era interessante analisar onde nos levam estas dinâmicas tão caras aos apóstolos do “choque de civilizações”.
Imaginemos que um escultor (por exemplo Francisco Simões…) resolve fazer esculturas de tudo o que é poeta neste País (incluindo, por exemplo, o Pai do senhor Daniel de Oliveira e o Comendador Cesariny…). Resolve fazer e faz. Há um Presidente de Câmara (um que seja, por exemplo, tio de um taxista emigrado na Suiça…) que acha aquilo giro e faz um parque para as estátuas de poetas do escultor.
Imaginemos, por outro lado que há um outro escultor (Maurizio Cattelan, por exemplo…) que resolve fazer esculturas para criticar um líder religioso (João Paulo II, por exemplo…), tendo consciência de que essas esculturas poderão ser consideradas ofensivas por certas pessoas (católicos radicais, por exemplo…).
Quem é que acham que foi impedido de exibir as suas obras? Quem é que ouviu ameaças do tipo “vou lá com uma bulldozer e levo tudo à frente”?
A única diferença é que nos países ocidentais se alguem publicar um cartoon de Jesus Cristo a ser sodomizado por um cavalo (por exemplo) podemos até ter protestos e alguma violência individualizada, mas de certeza de que não vamos ter milhares de fanáticos nas ruas a incendiar embaixadas e limparem o sebo a tudo que seja ou cheire a não ocidental.
Parece-me uma diferença bastante significativa ou não ?
Mas se gostam tanto da cultura e hábitos desses povos porque não fazem uma viagem agora ao Irão por exemplo ? É uma boa altura, até devem de haver bons descontos. :-)
Caro Pedro Almeida,
A sua paixão pela sodomia com cavalos é enternecedora, mas não era isso que estava em discussão. A mim interessa-me discutir o conteúdo das caricaturas e como combater a escalada de confrontação. Está você de acordo com o conteúdo das caricaturas? Ou falta-lhe o mangalho do cavalo?
Nuno: o perigo dos blogues é o mesmo das cartas ao director por e-mail: falta-nos aquele compasso de espera da compra do selo que nos permite acalmar e reflectir um pouco… e eventualmente não mandar a carta. O Abu Hamza foi condenado por incitamento à violência, e meter o caso no mesmo saco dos cartoons (“parece que aqui não se aplicou a liberdad de expressão”) não me parece muito razoável. Repara: o D.O. pode publicar o seu “Kit da Cruxificação” que não lhe acontece nada, à parte ouvir umas grosserias – mas se o mesmo D.O., por hipótese, pregasse o extermínio dos adoradores do cruxificado já era, e muito bem, engaiolado. Parece-me evidente que não se pode comparar um cartoon, de mau gosto que seja, em relação ao Papa, ao Cristo ou a Maomé, com actos violentos ou incitações à violência física, mesmo que tenham o alibi da provocação e da blasfémia. Sem querer dar uma de eurocêntrico, não me parece que, no plano dos princípios, essa diferença possa ser posta em causa consoante a latitude em que nos situamos…
Esta escalada de descobertas sobre o jornaleco dinamarquês é uma estratégia típica estalinista. Uma mentira dita muitas vezes passa a verdade. Começaram por dizer que o jornal tinha impedido a publicação de cartoons sobre Jesus, depois descobriram que o jornal era de extrema-direita (claro que é muito mais grave que de extrema-esquerda), agora mostram que o jornal era apoiante dos nazis. Amanhã veremos aqui o Nuno a dizer que Goebls foi o seu fundador e para a semana não faltarão vozes a pedir o encerramento do jornal. São tão previsíveis estes esquerdistas.
Eu apenas afirmo que a lei prevê limites à liberdade de expressão, como o “incintamento ao ódio racial”. Eu pessoalmente sou contra todos esses limites. Mas parece-me que comparar todos os muçulmanos a homens bombas e afirmar que o terrorismo decorre directamente da fé muçulmana, é também um singelo apelo ao ódio contra os muçulmanos. Claro que o nosso clérigo fazia outras coisas mais bonitas, como convidar malta para ir ao Afeganistão e exibir videos da guerra santa.
Os casos de “hate speech” são melindrosos em termos de liberdade de expressão. O entendimento do Supremo Tribunal norte-americano é que esses casos só podem ser condenados no caso de haver incitamento à violência. Ou seja, a liberdade de expressão acaba onde há incitamento à violência.
Parece-me que alguns clérigos islâmicos não ficam longe, nos seus discursos, de incitar diretamente à violência.
Caro MigPt,
Tem toda a razão que importância tem ser nazi, é só um pecadilho. Pior era se fosse muçulmano ou mesmo judeu…
É natural que Mickey não possa ser usadoem caricaturas. Trata-se de uma figura sujeita a copyright. Se assim não fosse, qualquer desenhador poderia produzir cartunes com Mickey e vendê-los como se fossem originais de Disney.
Os direitos de autor são essenciais em qualquer sociedade na qual os autores não são pagos pelo Estado para produzir, mas sim remunerados pelo mercado. Felizmente, é essa a nossa sociedade.
Luís Lavoura,
Tem toda a razão: é mais importante garantir o copyright do Mikey do que insultar milhões de pessoas.
NRA, Você fez demagogia como o jornal ter sido apoiante dos nazis. Isso, setiver sido verdade, terá sido há 60 anos. A linha editorial dos jornais muda frequentemente. O título mantem-se, a linha editorial muda. O Diário de Notícias também foi apoiante do salazarismo. E o Jornal de Notícias também. Nada disso abona em desfavor deles. Nesse tempo tinham uma linha editorial, agora têm outra.
Já agora, lembre-se o Nuno que a Dinamarca tem uma história honrosa de ter sido o país da Europa que protegeu, por ação coletiva do seu povo, todos os seus judeus, fazendo-os emigrar para a Suécia em barco de pesca. Os nazis não conseguiram deportar os judeus dinamarqueses para os matar, porque os dinamarqueses os protegeram e fizeram sair do país.
Limitei-me a ler nos jornais a história da dita publicação, que ao contrário do DN se mantém nas mãos de uma sociedade que vem dos proprietários de sempre, e que é considerado adepto das teses da direita. Mas claro, um ex-nazista de ontem, dá sempre um genial democrata. O pior é que tivesse sido comunista.
Caro Luís Lavora,
A sua anterior, era muito interessante, tivessem os muçulmanos registado o copyright “maomé” e nada disto tinha acontecido. Viva o capitalismo!!!
Nuno Ramos de Almeida,
A julgar por este post e pelos teus comments, tu é que és uma caricatura.
Agora a sério, já postaste muito melhor, espero que seja um caso de má-disposição temporária.
Caro “primo” NRA,
Cavalos à parte, era apenas para dar uma imagem mais chocante para os católicos, eu nem gosto de equitação.
Relativamente aos cartoons, 2 deles são muito engraçados, o do turbante bomba e o do fim das virgens em stock, confesso que até soltei uma gargalhada neste último, os outros são relativamente mediocres. Já agora tb achei graça ao cartoon do Papa com o preservativo no nariz e aqueles onde se vêm os bispos com as crianças ajoelhadas à sua frente.
Como combater a escalada de violência ??? Não se pode injectar doses de sentido de humor naqueles cabeças ? Na sua tb não ?
Uma coisa tenho a certeza, não é nos agachando perante fundamentalistas, sejam eles Muçulmanos, Judeus, Católicos, Hindus e até Ateus, que se resolvem as coisas.
Miguel Duarte,
Tens toda a razão, mas não sou do Maomé. Volta sempre!
Na democrática Espanha, o líder do Herri Batasuna vai ser JULGADO. No Irão ou noutro desses “países” – as aspas são deliberadas – já estaria morto. Na Bélgica democrática um parlamento ELEITO decide quais são os símbolos nacionais e o sacrssanto mercado gere-se por leis aprovadas por representantes eleitos do povo. A histeria medieval dos muçulmanos baseia-se numa interpretação feita por clérigos – que aliás mudou ao longo da História – de um obscuro livro supostamente sagrado. Que o Nuno não veja a diferença é esclarecedor.
Já agora, as caricaturas são óptimas. A de Maomé com uma bomba na cabeça é uma belíssima metáfora da utilização do nome dele para ataques bombistas e a das virgens é simplesmente hilariante.
“Eu apenas afirmo que a lei prevê limites à liberdade de expressão”
Qual lei, a Dinamarquesa? Pensava que era só essa que se aplicava ao Jyllands-Posten.
“Mas parece-me que comparar todos os muçulmanos a homens bombas e afirmar que o terrorismo decorre directamente da fé muçulmana”
Nao sera antes uma questao de leitura? Muitos de nos entendem q a caricatura retrata a instrumentalização do islao pelo terrorismo – isso sim algo relamente insultuoso.
Se as pessoas o entenderiam da maneira que refere, isso já é outra discussao, e eu estou como o Valupi, nao vou nessa.
Caro Nuno,
Não eu não disse isso. Mas já que estamos numa onda de comparações, para mim é tão grave ser-se nazi como comunista nas suas diferentes versões. Isto é, ambos resultaram em regimes ditatoriais, sanguinários com as mãos sujas com sangue inocente de largos milhões de seres humanos. Ambos levaram à servidão do indivíduo perante o estado, ambos censuraram a criação artística e cultural e ambos criaram o crime de delito de opinião. Coisa que nos dias que correm parece querer ser de novo instituído por algumas das cabecinha pensante que escrevem neste blog. Caríssimo não sou eu quem certamente tem esqueletos no sótão para encobrir. Isso fica com quem há alguns anos atrás considerava como modelo de desenvolvimento o lado de lá do muro.
Abu Hamza foi condenado porque enquanto Iman da mosquita de finsbury Park em Londres albergou e treinou terroristas. Numa rusga feita em 2002, a Scotland Yard encontrou armas de fogo, passaportes falsos e esquemas de montagem de bomba. Entre outras perolas, ao longo dos 9 anos em que pregou na dita mesquita, Abu Hamza pregou o exterminio da Cristandade, e disse bem explicitamente que qualquer kafir (termo muculmano para qualquer nao-muculmano) era um potencial alvo. Que quem matasse americanos era digno de lovour. Tinha tambem o habito enternecedor de comparar tribunais ocidentais a bordeis. Transformar esta criatura num martir da liberdade de expressao nao lembra ao diabo. O Guardian nao o fez. Mas neste blog ja nada me surpreende.
Luis lavoura,
pelos vistos a lei americana está um pouco desactualizada, leia isto:
Stones ‘agreed song censorship’
Mick Jagger
The Rolling Stones gave a typically energetic performance
The Rolling Stones agreed to have two songs censored during their half-time performance at the Super Bowl, National Football League officials have said.
The sound was cut when frontman Mick Jagger sang lyrics that were deemed inappropriate for TV audiences.
“We agreed to that plan earlier in the week,” NFL spokesman Brian McCarthy said. “The Stones were aware of it and were fine with it.”
But the band have called the censorship “unnecessary” and “ridiculous”.
Lyrics in Start Me Up and Rough Justice were cut, while (I Can’t Get No) Satisfaction was left intact.
Huge audience
The Super Bowl, which was held in Detroit on Sunday, attracted its biggest audience in a decade, with more than 90 million viewers.
It also rated as the most-watched television programme in the US since 1996.
Comedy-drama Grey’s Anatomy, which was aired on the ABC network after the game, pulled in the biggest audience for an entertainment programme since the finale of Friends two years ago.
It was also ABC’s highest-rating entertainment show for 12 years.
Janet Jackson and Justin Timberlake
Janet Jackson’s breast was exposed at the Super Bowl in 2004
At 2004’s Super Bowl, Janet Jackson caused outrage in the US when a “wardrobe malfunction” exposed her right breast during a routine with Justin Timberlake.
The incident, which was broadcast to millions of TV viewers worldwide, led to the CBS TV network being fined a record $550,000 (£292,000).
This year, TV network ABC broadcast the Super Bowl with a five-second delay while a sell-out 65,000 crowd watched the Rolling Stones live.
They opened their 12-minute performance with Start Me Up and ended with Satisfaction.
ABC said the changes to the Stones’ show were made by the NFL and its producers.
Music stars who have performed at the Super Bowl in the past have included Sir Paul McCartney and U2.
BBC News
Espero que regresse depressa a discussão sobre o aborto, senão ainda troco de vez a aspirina pelos acidentais.
Socorro !!!
Vejamos Nuno, há aqui umas coisas a serem misturadas sem necessidade. O Mickey foi criado enquanto “produto” e é enquanto tal que deve ser tratado. Andaram pela net uns quantos cartoons de cariz sexual com o Mickey e o Donald e nem por isso se terá ouvido ou lido que os autores tenham sido condenados por nada. Creio, no entanto, que a maior razão por trás da não-publicação de caricaturas do Mickey é o facto de este ser, desde logo, uma caricatura. Duvido que se isso fosse feito houvesse muito ataque à sua personagem. mas adiante.
Estou em desacordo quanto à tua opinião de ser «contra todos esses limites» à liberdade de expressão. O incitamento ao ódio, religioso, racial ou outro, deveria ser sempre a fronteira. Se um insulto ainda pode ser levado a tribunal, um ataque físico poderá não levar a tais possibilidades. Pelo menos a tempo de fazer alguma coisa por uma vítima que poderá ser totalmente inocente. A liberdade de expressão deve permitir o uso da sátira e até da blasfémia (não ficando evidentemente a religião isenta), pelo que nunca se deveriam colocar limites à publicação dos cartoons, mas não vamos equiparar isto à prisão de alguém que incentivava o ódio e a violência.
Quanto ao resto, acho que onde acertas em cheio no alvo é ao falar em «analisar o conteúdo das ditas caricaturas e o que significa esta explosão das massas muçulmanas». Aqui estará realmente o cerne da questão. É que ainda não se viram muitas reacções violentas dos muçulmanos que vivem nos países “ocidentais”, com especial relevância para a comunidade islâmica americana que até tem muito pouco de árabe.
Já agora, alguém se lembrou dos tumultos na Nigéria por causa de um comentário acerca de misses? Creio que andarão a pisar os mesmos problemas mas como por ali o petróleo está bem controlado ninguém se indignou muito…
ratomouse,
a capacidade de confundir assuntos também anda por aí. A questão dos Rolling Stones é diferente. Uma cadeia de televisão tem as suas regras para transmitir aquilo que quer ou não quer. Isso também é liberdade de expressão. Os Rolling Stones aceitam-nas ou não, ninguém os obriga a nada. O paralelismo seria a história do Guardian ter recusado imprimir uns cartoons por acharem que poderiam ser ofensivos.
É repugnante tal reacção? Sim, sem dúvida. É legítima? Também. Pessoalmente revolto-me antes contra os RS por terem aceite tal censura, mais que contra a ABC que a propôs.
Caro Saraiva,
O Abu Hamza foi condenado por várias coisas. Entre as quais, “incitar ao ódio racial”. Sobre o processo, era interessante ver o uso da figura do “agente provocador”.
Eu não branqueio o Sr. Hamza, que aliás parece o Pirata da Perna de Pau. Apenas afirmo que é mais importante analisar o conteúdo das caricaturas e a preocupante reacção dos muçulmanos. De passagem relembro, que nas nossas sociedades há limites há liberdade de imprensa, mas que, pelos vistos, esses limites não incluem a comparação de todos os muçulmanos com terroristas. Felizmente o legislador previu coisas realmente importantes como o Rei de Espanha e o Rato Mikey.
Caro Nuno,
Eu percebo o argumento e em parte ate concordo. O problema e que o debate, por culpa das manifestacoes espatafurdias, deixou de estar centrado nos cartoons. A islamofobia na Europa (nao so na Dinamarca) e um fenomeno crescente e preocupante. Mas como, e bem, disseram dois muculmanos moderados ontem a noite no Newsnight da BBC2, a reaccao violenta e totalmente despropositada dos sectores mais radicados da comunidade contribui mais para reforcar estereotipos negativos do que a propaganda da extrema-direita (ou ate alguns desenhos imbecis) alguma vez conseguiriam.
Quando comecam a morrer pessoas e a arder edificios, o debate passa a centrar-se noutras coisas. Que e precisamente o que os extremistas de ambos os lados desejam.
Acima, “sectores radicais” e nao “radicados”, obviamente.
a questão não é o conteudo das caricaturas
é a reação desmesurada do mundo islamico
quantos dos manifestantes viram as caricaturas
mais o lider da comunidade islamica da dinamarca andou a pregar o odo de pais em pais
o que mais me preocupa é a europa de cocoras a pedir desculpa
quanto ao rei de espanha a questão é resolvida em tribunal
mas o NRA sempre pronto a defender a ETA, quer discutir o conteudo dos cartoons
analisar o quÊ
SUGIRO QUE DRIE O GUIA DE CARTOONS ISLAMICOS
FODA-SE QUE FALTA DE TOMATES
RP Saraiva,
Estou completamente de acordo.
Jan Guillou, jornalista sueco, escreve isto na sua coluna do Aftonbladet:
Na Dinamarca, o país más xenófobo da UE, o Jyllands-Posten, um dos jornais mais xenófobos, publica umas caricaturas de assassinos de nariz adunco. É legal na Dinamarca, assim como em todos os países nórdicos. Porque o alvo da gracinha eram os muçulmanos. Se os mesmos narizes representassem judeus, a quem, na clássica tradição anti-semita, algumas das imagens também se podiam adequar, seria ilegal e ocasionaria um furacão de legitima indignação. A diferença pode de inicio parecer estranha, ou mais um golpe da campanha política chamada Guerra contra o Terrorismo. Mas há uma lógica jurídica. Os Judeus são considerados como uma etnia. Desenhos de narizes aduncos que representem judeus são portanto ilegais, mais concretamente ódio a grupo étnico (hate crime). Os muçulmanos, tal como os cristãos, não são considerados como grupo étnico pela lei.
Dado que as imagens de narizes aduncos do Jyllands-Posten afirmavam representar Mahomet eram, intencionalmente, uma provocação. Ninguém contesta a legalidade disso. A liberdade de imprensa não é para o bom gosto, o bom-senso, o politicamente correcto, o sensato, o inteligente ou o simpático. Para esses casos não faria falta a inscrição da liberdade de imprensa no texto constitucional.
Quero porém contestar que a provocação do Jyllands-Posten tenha sido concebida para – como o mais xenófobo dos jornais suecos, o Expressen, formulou – “testar os limites da liberdade de expressão numa sociedade global e multi-cultural”. Conversa da treta. Na Dinamarca não é prova de coragem publicar pela enésima vez caricaturas insultuosas com os muçulmanos por alvo. Na Dinamarca tais limites não precisam de ser testados por ousados e virtuosos redactores com o coração latejante pela Liberdade de imprensa.
O conflito das caricaturas de Mahomet não é jurídico, é político. E quem, mais que ninguém, aumentou a temperatura política foi o primeiro-ministro dinamarquês, Anders Fogh Rasmussen. Quando 11 embaixadores de vários países muçulmanos reiteradamente pediram audiências, recusou desdenhosamente, alegando falta de tempo. Preferiu passar a mão pelo pêlo da opinião pública racista a conduzir a política externa. Pôs a pedra em movimento e colheu uma crise política que conduziu a uma crise económica sob a forma de um boicote dos consumidores árabes. E só então apareceu a desculpar-se mas com meias desculpas. É o que se chama mudar de opinião à sombra do cadafalso, geralmente pouco dignificante. Confirmou-se a regra. Poderia ter dito que as caricaturas do Jyllands-Posten eram racistas e de mau gosto, e que se demarcava delas. Mas não o fez. Com a curiosa explicação que ele, como político, não podia ter opiniões políticas. E continuou a avalanche.
E assim apareceram no jornal as imagens de cada extremista árabe agitando armas e queimando bandeiras dinamarquesas (de início, por engano, bandeiras inglesas)
Tal é o paladar de jornais como o Jyllands-posten e o Expressen. Porque agora podiam esses e outros jornais da mesma laia, ardendo de indignação, derramar incompreensão sobre as pessoas que, na Europa, sofrem mais incompreensão.
ATENTADO TERRORISTA DE FANÁTICOS NA SUÈCIA, ameaçava maliciosamente o Expressen na primeira página e no índice, enchendo seis páginas com tais atentados terroristas que, não tendo acontecido, estavam evidentemente prontos a acontecer: “todos os que blasfemarem contra o Profeta morrerão – Ameaça de Onda de Terror – A polícia teme atentados de fanáticos isolados – O mundo sustém a respiração” (para apenas citar alguns dos titulares de 3 de Fevereiro).
E na página principal o Expressen introduzia grandiosos apelos à liberdade de expressão e à democracia, misturados com ataques aos regimes árabes que “agora vêm a oportunidade de se mobilizarem pela defesa do Islão e silenciarem exigências de democratização, e ao Hamas, ao mesmo tempo que criticava Göran Persson por não ter apoiado a arrogante decisão de Fogh Rasmussen de não falar com os 11 embaixadores.
Tão ansiosos como os redactores do Jyllands-Posten por manter acesa a fogueira, estão evidentemente os diversos grupos extremistas do mundo árabe.
As coisas são claras, desde o início. Os muçulmanos da Dinamarca, os mais ridicularizada e demonizados da Europa, ficaram, precisamente como previsto pelo Jyllands-Posten, indignados com as caricaturas racistas. E quando tentaram protestar através dos seus embaixadores, viram o dedo do meio do primeiro-ministro da Dinamarca. É tudo.
Mas os extremistas enraivecidos de ambos os lados da actual grande guerra atearam bem a fogueira. Tais como o Hamas de um lado, e tais como o Expressen do outro.
RP Saraiva:
http://www.sky.com/skynews/article/0,,30000-1211526,00.html~
The Old Bailey judge handed Hamza a seven-year sentence for inciting murder – he was found guilty of six out of nine soliciting to murder charges.
He was also convicted of two out of four charges under the Public Order Act 1986 of “using threatening, abusive or insulting words or behaviour with the intention of stirring up racial hatred”.
Quando afirma que “Abu Hamza foi condenado (…) albergou e treinou terroristas. Numa rusga feita em 2002, a Scotland Yard encontrou armas de fogo, passaportes falsos e esquemas de montagem de bomba”
está a expressar uma opinião, ou seja, que acha que Abu Hamza foi condenado por, etc. etc.
Mas parece que os factos desmentem a sua opinião…
NRA:
“No fundo, era interessante analisar onde nos levam estas dinâmicas tão caras aos apóstolos do “choque de civilizações””
É preciso ser cego para não ver. Levam a leis anti-terroristas, escutas telefónicas, prisões secretas, medidas administrativas sem controle judicial, e controle administrativo do judicial…
” A medida é fundamental para a nossa defesa. A sua exposição pública é um acto equivalente à traição. O nosso dever é defender a nação, a medida é fundamental para essa defesa, não vamos abdicar dela. Os cidadãos cumpridores não têm nada a temer”
Levam a isto.
À medida que o preço do petróleo for subindo…
O Abu Hamza foi:
# Guilty of 6 charges of soliciting to murder
# Guilty of 3 charges related to “stirring up racial hatred”
# Guilty of 1 charge of owning recordings related to “stirring up racial hatred”
# Guilty of 1 charge of possessing “terrorist encyclopaedia”
Parece mesmo q a liberdade de expressao só funciona para um lado. O homem nem sequer pode ter uma enciclopedia
Quanto ao conteudo das caricaturas, parece-me que a q retrata Maome com uma bomba na cabeça é extremamente ofensiva e também incita ao ódio para com os muçulmanos (como tenho visto nalguns blogs). Não se está a brincar nem a satirizar coisa nenhuma, não se está a dar a ideia que há terroristas muçulmanos, está-se generalizar, está-se a dizer: TODOS os muçulmanos são terroristas. O islão defende o terrorismo. Não é digno dizer-se isso, nem é comparável a por o papa com um preservativo no nariz. Talvez uma caricatura análoga seja Jesus Cristo a sodomizar um menino, ou o menino Jesus a ser abusado pois há padres que são pedófilos. É uma generalização do mesmo género. Já imaginaram se um país oriental tivesse publicado isso?
O menino lê o guardian. Tanto snobismo. A esquerda que não manja caviar, mas prefere atum de lata tem muita piada. A notícia está em todos os jornais do mundo, meu caro elitista. Fica-lhe bem dizer que lê o guardiam. Sabe ler árave?
Porque razão ler o Guardian há-de ser snob? Está na net, como os outros, é de borla, ao contrário do Público, e é em inglês, que quase toda a gente que anda na net sabe ler. (A propósito, no site do Guardian estão os excertos incriminados das prédicas do Abu Hamza).
Paulo Baldaia,
No sítio que me encontro, há dois dias, não há jornais portugueses. O teu comentário esteve ao teu nível habitual, mas volta sempre.
Se o autor deste post fizesse alguma ideia sobre quem é esta personagem sinistra do Abu Hamza – das coisas que já fez e disse desde que deixou de ser segurança de um clube de strip do Soho londrino e partiu em Jihad para o Afeganistão – pintava a cara de preto. O incitamento activo à violência, a endoutrinação de jovens em campos de treino e seu posterior envio em missões, tudo isto constituiu o caldo que permitiu o 7/7 em Londres. Provavelmente você não conhece nenhum inocente que tenha morrido ou ficado ferido nesse dia; ou num qualquer atentado etarra em Espanha. Talvez nesse caso pensasse melhor no alcance das explosões das “massas muçulmanas” (ele há tiques de linguagem que não se perdem).
E, pergunto eu, não foi tão sinistro personagem julgado e condenado por coisas que fez, mas sim por coisas que disse?
Mas alguém acredita, de facto, que as caricaturas em causa são um factor de incitamento à violência e ao ódio racial? Não me parece que sejam. E acho que tal como eu, os dinamarqueses – que, como se sabe até são bastante tolerantes e open minded – não se sentiram incitados ao ódio racial. O que incita ao ódio racial é, por exemplo, a forma como muitos muçulmanos tratam as mulheres. nem eles, nem ninguem, parece particularmente preocupado com esse assunto.
A sátira e a liberdade de expressão são valores caros ao ocidente. Não podem ser postos em causa pela sensibilidade relativa de fanáticos religiosos. Quem se sentir ofendido que faça como as mulheres que eles, de vez em quando, se lembram de apedrejar até à morte: Aguentem-se!
Caro Map,
Neste julgamento, o distinto clérigo “capitão gancho” foi apenas julgado pelas coisas que disse.
Todas as, alegadas, descobertas: pistola de alarme, passaportes, espingarda, etc… não foram apresentadas neste processo,e serão objecto de uma posterior acusação, num outro eventual julgamento.
olha eu estou c o islamismo, e estou contra os judeus porke ninguem iria gostar se ofendessem a sua religiao.espero da vossa resposta