Saudades da Estremadura 45 anos depois
Há 45 anos cheguei a Lisboa com o olhar cheio de sonhos mas também de dúvidas e de angústias. Comecei a trabalhar em 9-9-66 e quase não reparei que Lisboa era a capital da Estremadura. Tinha vivido em Santa Catarina, Montijo e Vila Franca de Xira, tinha o diploma do Curso Comercial, estava habilitado a trabalhar segundo os padrões da época mas não tinha tido tempo para aprender a amar a Estremadura.
Sabia de D. Dinis mais do pinhal do que das trovas, sabia de Afonso Domingues, de Mateus Fernandes e dos Arrudas que arquitectaram sonhos de pedra, sabia dos amores de Pedro e Inês, sabia dos rios Lis e Lena, Alcoa e Baça, sabia as serras – Aire, Candeeiros, Montejunto. Sabia de alguns pintores – Josefa de Óbidos, José Malhoa, Guilherme Fiipe, Abilio Mattos e Silva, sabia das peças e da arte de Bordalo Pinheiro e começava a saber dos autores da região: Rodrigues Lobo, Afonso Lopes Vieira, Frei Agostinho da Cruz, Júlio César Machado, Eça de Queirós, Ruy Belo e Armando Silva Carvalho mas ainda não sabia que Miguel Torga tinha chamado à Estremadura «uma grande oficina de imaginários».
A Estremadura é esse mistério de história e geografia, algures entre o Mondego e o Sado: entre o vento forte do Pinhal do Rei e a espuma fina da Nazaré, entre o som do silêncio de Alcobaça e a força da pedra da Batalha, entre o esplendor da luz em Porto de Mós e a catedral esquecida de Óbidos sem esquecer a grande planície de vinho em flor de Palmela.
Em 1966, nos meus tempos de jovem, os moinhos de vento enchiam de luz os montes e os outeiros da minha terra. Hoje apetece de novo ser D. Quixote para ver neles os gigantes que abrem as portas mágicas aos grande sonhos do Mundo.
http://infames-e-infomes.blogs.sapo.pt/
para d. quixote falta-te loucura e tu só és maluco, quanto muito darias um d. caixote do lixo pela quantidade rsu que aqui despejas. imaginários são caralhos, deve ser por isso que andas a sonhar com oficinas.
pega lá dois links para dois imaginários famosos:
http://www.youtube.com/watch?v=F_5qvu8RHuE
http://www.afundasao.com/html/afundasao_saorosas.htm
oh xico! bota aí cópia do diploma do curso comercial, tendo em conta os atropelos à gramática, se calhar nem a quarta classe tens e a carta de condução é falsa.
Eu tenho saudades da extrema dura há 45 anos quando ela era realmente dura.
Caro Adolfo -e havia a Linha do Oeste que vai acabar também porque não dá lucro. Havia a automotora das 17h 20m que chegava às Caldas da Rainha às 19h 20m mesmo a tempo de apanhar a carreira para Santa Catarina. Daí a expressão «serviço combinado com a CP». Ai que saudades dessa linha…
reumático nostálgico da outra senhora pago com reformas não contribuídas, não tarda dás vivas ao botas e dedicas um poema ao silva pais
pois, eu, combinados era no galeto e não tenho sódades nenhumas do serviço.
Ó travesti desaparece daqui, vai-te multiplicar para outro lado, ninguém quer saber de ti para nada. Tu não és nada, és menos que zero, um zero à esquerda!
combinados numerados, serviço foleiro mas fora d’horas aliviava a laberca
Eh! Eh! O Galeto, os combinados, os gelados, até dava para fazer continência ao trintanário.
nã…nã… duchaises em frente e gelados cinco quarteirões acima na chafarica da veneziana
Que comentários tão estúpidos para um texto tão bonito… Aquilo que Miguel Torga disse, não se escreve: quem diz que ama Coimbra não pode ser sensato. Mas numa coisa até tinha razão: a oficina de imaginários. Desde o “mata-sete” ao Rei Ghob, passando por Diogo Alves e o estripador de Lisboa, imaginários é o que de facto não escasseia na Estremadura. Eu gosto da Estremadura, mas mais da zona de Peniche: aquelas terras não têm nada a ver com nada, e as pessoas, conhecidas por “saloios”, são na sua maioria alcoólicas, ou deprimidas, ou as duas coisas. Mas recebem bem, e cozinham melhor (nas suas casas, porque nos restaurantes é uma pobreza de paladares). A Estremadura – e não o Douro ou a Serra da Estrela – é o território mais trágico de Portugal, como o demonstra a sua paigagem incerta, abandonada, inóspita, triste.
Há um texto muito belo do Cesário Verde, numa carta ao conde Monsaraz, sobre a Estremadura. Não o tenho aqui à mão para citar mas obrigado pelo seu contributo! Estremadura é sinónimo de Portugal – praias de ido, planícies de fruta e vinho, montanhas de vento e pedra. Província-resumo de tudo o que somos…
gosto do texto do JCF e gosto da Estremadura, a região a que pertenço, mesmo que a cidade onde viva esteja a 120 quilómetros da bonita terra onde nasci.
o Oeste então é das zonas mais bonitas do país. o tríângulo feito entre Peniche, Caldas e Nazaré, tem lugares únicos…