«Uma extensa mancha de sonhos» de Graça Pires
O título deste livro de poemas é uma homenagem a «El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de la Mancha», a obra-prima de Cervantes. Graça Pires, vinte anos depois de ter recebido com «Poemas» o Prémio Revelação de Poesia da A.P.E., ergue do silêncio o desenho da voz de Dulcineia, a heroína do romance de Cervantes.
Começa a voz nas bocas do Mundo: «quase um peregrino / quase um nómada / quase um louco / Um homem deambulando / no rumo dos animais bravios / que povoavam sua mente. / Uma vasta mancha de sonhos / me perturbou para sempre».
Continua a voz no encontro impossível: «Foi secreto e breve o nosso encontro / Nenhum registo o mencionou / Vieste, lembro / como quem vem por uma noite: / ansioso e clandestino».
Conclui a voz na morte de D. Quixote: «Numa aldeia da Mancha / um homem recuperou a razão / e começou a morrer».
O gentil-homem camponês só morre quando o abade e o barbeiro queimam os seus livros de aventuras de cavalaria – o mesmo é dizer, a sua «extensa mancha de sonhos», que é, não por acaso, o título deste excelente livro de poemas.
(Editora: Labirinto, Capa: estúdio gráfico da Editora)
Gosto da regularidade do livro por semana. Viajo uns minutinhos na possibilidade de leitura. Obrigado.
“um livro por semana”???
Será que as semanas do Zé só têm dois dias??
De facto, o pertinente tem toda a razão. Uma rúbrica chamada “Um livro por semana” e depois publica sucessivamente nos dias 15, 17, 19, 20, 23 e 25. Ou seja, de dois em dois dias.
As semanas, neste planeta têm 7 dias, meu caro amigo!
Não há nada a esconder: peço ao Valupi de vez em quando para colocar textos mas não tenho a veleidade de cumprir à risca. Nem isso interessa muito. Para mim o que interessa é que haja «encontro». Basta haver uma pessoa que, por exemplo, na Byblos me diga «Quero dar-lhe um beijinho porque eu vi no «aspirinab» um texto seu que já fotocopiei para algumas amigas!» O resto não interessa mas o amigo tem razão: dou a mão à palmatória mas é por uma boa causa…