«Adeus até ao meu regresso» de Mário Beja Santos
Depois de dedicar à Guiné três livros (Na terra dos Soncó, O tigre vadio e Mulher grande) Mário Beja Santos assina este volume de 408 páginas nas quais estuda, interpreta e situa vários livros sobre a Guiné em diversos géneros: romances, contos, memórias, ensaios, poesia, reportagem, história e diários. Entre outros, são aqui recenseados livros de: João de Melo, Armor Pires Mota, Álvaro Guerra, José Martins Garcia, Joana Ruas, Salgueiro Maia, Álamo Oliveira, Vasco Lourenço e Amândio César.
Como convite à leitura um excerto de O capitão Nemo e Eu de Álvaro Guerra: «Por lá chafurdei na lama das lalas, debati-me no turbilhão dos tornados, derreti-me na fornalha de um sol quase invisível, dissolvi-me na chuva quase vertical e amei como um danado aquela terra que me injectou a febre, me secou, me expulsou a tiro. Nunca o preço do amor é excessivo nem a presença da morte o pode aniquilar».
O segundo excerto é de Vasco Lourenço em No regresso vinham todos: «Descubro a existência de uma rede de informações do PAIGC. Nós estávamos em Cuntina e detectei uma rede de informações dirigida por um soldado milícia. Através dessa rede, todas as nossas movimentações eram transmitidas para o Senegal. E aconteceu que precisamente o milícia que dirigia essa rede de informações, acabou por morrer numa operação, ao meu lado, a dois metros de mim. Comecei a pensar: mas que raio de guerra é esta? Onde é que eu estou metido? O que é que se passa aqui? O que é que faz estes tipos lutar? O que é que faz com que se coloquem em situações em que acabam por ser mortos pelos próprios amigos? Pelos próprios companheiros de luta? E cheguei a esta conclusão: não tenho nada a ver com esta guerra, esta guerra não é minha, esta guerra não tem sentido. A guerra para mim acabou».
(Editora: Âncora, Capa: José Maria Ribeirinho, Colecção: Guerra Colonial)
Adeus até ao meu regresso
Eh,pá! Até que enfim! Se puderes não voltes, fica por lá.
Apita o combóio
lá vai o Francisco
vai p’ra santa terrinha
operar o menisco.
Ele vai e não volta
disse adeus finalmente
está mal da tola
livra-se da gente.
Vai pr’o sanatório
beber leite e mel
e finalmente
vê-se livre da EMEL.
Adeus ó Conamaím, tás a bere, tô a aplicare uma noba bersão de leitura, e cunluíe que tue tias imbora. chauzinho pá, chao, chao.