«Crepúsculo» – antologia – de Teixeira de Pascoaes
Teixeira de Pascoaes (1877-1952) foi vítima, enquanto poeta, de uma espécie de «Sporting-Benfica» na literatura portuguesa: «Se lês Pessoa não leias Pascoaes». Quem lê Pessoa deve ler Pascoaes e Sophia e Herberto e Carlos de Oliveira e Ruy Belo e Jorge de Sena e Vitorino Nemésio. Não há Sporting-Benfica em literatura.
Este volume recolhe três livros publicados em 1924/1925 por Guilherme de Faria: Elegia do Amor, Sonetos e Londres. O mentor do Saudosismo («a religião da saudade») abre deste modo a Elegia do Amor:
«Lembras-te, meu amor / Das tardes outonais / Em que íamos os dois / Sozinhos, passear / Para longe do povo / Alegre e dos casais / Onde só Deus pudesse /Ouvir-nos conversar?»
Mas já os Sonetos entram em contradição; vejamos o início do poema Amor:
«Para que foi, Senhor, que ao mundo vim / Se eu hei-de, nesta vida, amar somente / A mais sequinha flor do meu jardim / E o bailado das sombras do poente?»
Já no livro Londres (dedicado a Aubrey Bell) a viagem na cidade inglesa (Trafalgar, Westminster, Hide Park) termina sempre na portuguesa saudade:
«Tudo é saudade… E aqui, debaixo deste Azul / Que a tristeza em feições quiméricas dilata / Evoco dolorido o meu País do sul / Lá, onde é oiro o sol que, neste céu, é prata».
(Editora: Cosmorama, Prefácio/Organização: José Rui Teixeira, Capa: sobre desenho de Carlos Carneiro, Apoio: Câmara Municipal de Amarante)
é de propósito.:-)
Mas Sinhá o que é que é de propósito? Não te explicas ou sou eu que não percebo? Por favor diz qualquer coisa para eu perceber. Obrigado.
a contradição dos sonetos. :-)
Será isso – de um lado a Natureza, do outro a Cultura. A Natureza é as flores, a Cultura é o amor, o encontro feito de gestos e de palavras. E de cartas de amor. Será isso, Sinhá.
a natureza é as flores e o amor; a cultura é separar o amor das flores e os gestos das palavras das cartas. será isso
(será?) :-)
Uma coisa que aprendi em 31 anos de escrever nos jornais sobre livros é que há diversas chaves para entrar num livro. Do velho Diário Popular à actual Ler continua a ser verdade. São múltiplos os caminhos para uma leitura. Também para o convite à leitura.
Não há diversas; há infinitas.