Nas pequenas viagens pode haver a saudade das grandes rotas.
Sombras, soldados, frades, caravelas perdidas, um império.
Ao fim da tarde jovens de calções enchem o barco, trazem ruidosos leitores de cassetes, quase não falam, beijam-se para que todos saibam.
Transportam o sal do mar e vão chegar a casa muito tarde.
Alguém cuidará do jantar. Há, pelo menos essa certeza.
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José do Carmo Francisco in «Transporte Sentimental» (1987)
Fotografia de António Brito
É, quanto a mim, o melhor trajecto para atravessar o rio Tejo, ao fim da tarde, com o sol a pôr-se no mar.Um pequeno cruzeiro low cost.
“… Aqui
vou eu
para a costa
aqui vou eu cheio de pinta
de Lisboa vou fugir
vou pó sol da caparica ”
Atenção que esse não é o barco da ligação Belem-P.Brandão. Esse é o que leva carros, T.Paço-Cacilhas.
os cacilheiros são sempre um óptimo “transporte sentimental”…
pena terem acabado com a carreira Cacilhas-Belém, uma versão mais longa da travessia do Tejo…
” Esse é o que leva carros, T.Paço-Cacilhas. ”
não será Cacilhas- Cais do Sodré?
É isso Chessplayer…
Quando pedi emprestado a foto ao meu amigo António Brito vi logo que ia resultar. E lembra o Casario do Ginjal. Um abraço ao seu mentor!