Também eu gostava de ficar na oficina
A escolher as ferramentas da herança
Uma plaina é uma garlopa pequenina
Uma enxó é quando o desbaste avança
Na asa ou punho a minha mão fechada
Conduz a ferramenta o som duma canção
Também distingo uma garlopa calçada
No seu rasto guarnecido a chapa de latão
Também vejo o pó da poesia na madeira
O guilherme com a sua pouca espessura
Pode ajudar-me a aplainar esta canseira
No rasto convexo as mechas e a abertura
As aparas caem no chão da nossa vida
A garlopa alisa estas tábuas de Janeiro
No poema ouço uma voz meio sumida
Do meu avô que foi poeta e carpinteiro
Na minha Aldeia, quem conduzia a mão do sepilho (garlopa) e da enxó, ou as mãos do martelo e fermão, era o melodioso e permanente assobio que saía da boca de Mestre João Luiz, carpinteiro.
O nome do meu avô materno é José Almeida Penas (1906-1979). Fazia barris, pequenos e grandes, celhas para a vindima e lagaragem, carros de bois. No dia em que fez o último chamou-me de propósito para eu ver.
E o cheiro da madeira ao ser “garlopada” , se assim me posso exprimir ?
Quem de vós o guarda na memória ?
Já que nomearam gente, aqui fica o Senhor César e o seu filho Modestino, os últimos carpinteiros de Pereiros que faziam portas, tectos, caixões, janelas menos, que tinham poucas, as casas pobres da minha Aldeia no Alto-Douro, quase Alta-Beira
Bom dia
Jnascimento
Bom dia caro Amigo. Vou agora apanhar a carreira da Viúva na Nacional 222. DEpois em Penedono apanho a de Sátão e Aguiar da Beira. Um grande abraço!
Verdade ou liberdade poética para o Cacém ?
Boa viagem
Jnascimento
Não duvido que o seu avô fosse um excelente carpinteiro e tanoeiro, mas fazê-lo especialista em trio (última quadra) par agradar à métrica é que não vale. Aplaine lá isso, faxavor.
É pá, especialista em trio não percebo… POdes trocar por miúdos???