Nunca se cansa de pintar todos os dias
Descobre sempre um ângulo inesperado
Regista nas telas a luz das manhãs frias
Usa com as tintas algum sangue pisado
Quando chegou para ver uma Exposição
Era em noventa e oito, o século passado
Lisboa passou a ser o lugar duma paixão
Dum homem que viajou por todo o lado
Nunca se cansa de pintar todas as cores
A cada dia ele descobre novos olhares
Não lhe chegam ao ouvido os motores
Nem estas discussões mais particulares
Nos seus olhos que não param de olhar
Há um brilho tão fugidio e emocionado
No fundo de cada quadro está o lugar
Para um neto que ainda não foi beijado
José do Carmo Francisco