Sempre gostei do princípio antrópico. Ele diz: o Universo é como é porque nós existimos. É a versão eufórica desse princípio, e também a mais fascinante. Bem mais fascinante do que a versão fatalista: o Universo é como é para que nós existamos.
Simplesmente, existe hoje uma formulação mas refinada. Diz assim: este Universo é o único em que nós somos possíveis. A coisa é mais picante do que parece, e até bem mais do que a leitura criacionista da formulação. Com efeito, afirma-se aí que o Universo está feito à nossa medida, sim, mas também que ele não é o único pensável, e provavelmente nem o único existente. Explico-me.
Este nosso Universo está construído segundo as exactas – e estreitíssimas – constantes em que a vida, a vida como a conhecemos, foi possível. Uma pequena variação inicial, e estávamos fritos. Um acaso absurdamente feliz, portanto? Talvez, mas é pouco provável. A verdadeira explicação é duma simplicidade alucinante. Este é um dos infinitamente numerosos Universos existentes. E um deles tinha, por força, que ter estas medidas. As nossas medidas. As exactas, mas infinitamente casuais medidas que nos fazem.
Desencanta-me esta simplória matemática? Sinto-me defraudado? Qual! Todos os dias dou graças.
Que ‘o homem é a medida de todas as coisas’ é uma afirmação de Protagoras que durante muito tempo rejeitei, achando-a uma enorme redução, até achar que se calhar era a única abordagem honesta do problema,
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=60&id_news=294819
Tenho que vir aqui lembrar aos esquecidos que o Universo é a minha bolha privativa, só existe desde o dia em nasci e acaba no dia em que eu morrer, se morrer. Não vendo nem alugo. Cuidado com o cão.
Também eu! Todos os dias. Graças.
Também eu cismo com isso, Fernando. Numa tômbola com biliões de hipóteses, saiu-nos o bilhete premiado. E, como tu, dou graças todos o dias por estar aqui e agora. Porque, tivesse havido um desvio infinitesimal na corrida do tempo, e ainda não tínhamos chegado ou já teríamos partido.
e o resto é conversa que é coisa que esta gente que habita este universo que nos calhou em sorte (e nós a ele, nota) gosta de ir fazendo e gosta e é disso que virá uma outra gente/universo/tempo
:)
sim, sorte a nossa. mas a matemática é poética. olha a multiplicação, que descoberta maravilhosa. e as relações que encontra, como a que liga a bela mónada a este veículo que usamos…