Flor da Lezíria, menina
Em Vila Franca, cidade
Descobre a cada esquina
O mapa de uma saudade
Passam alunos da Escola
Que ficam na fotografia
Todos usam camisola
A manhã está muito fria
Fecharam as tronqueiras
Já se sente uma emoção
As paixões verdadeiras
Não precisam explicação
Entre gaibéus e avieiros
Passa a memória sentida
Do Tejo a encher esteiros
Com água que traz a vida
Os barcos cheios de areia
Chegam de manhã ao cais
Hoje o Gil Conde passeia
Nas águas do nunca mais
E no comboio que passa
Tão veloz para o Oriente
Há memória da barcaça
Com automóveis e gente
Ao lado fica um jardim
O ringue de patinagem
Os jogos não tinham fim
As palmas eram coragem
Olha de longe o Mouchão
Onde só olhar é preciso
E a terra vem dar razão
A quem busca o paraíso
Água, fogo, ar e terra
Conjugados num lugar
Coração em pé de guerra
Tem um poema de cantar
Flor da Lezíria, menina
Em Vila Franca, cidade
Descobre a cada esquina
O mapa de uma saudade
O poema não é grande coisa, mas fica a homenagem ao Redol e ao Soeiro Gomes.
Cláudia,
Tal e qual. É um tipo «regionalista» de poesia, onde nada falta do folclore obrigatório: «gaibéus», «avieiros», «esteiros», o Mouchão.
E onde o comboio na gare do Oriente guarda saudades das barcaças.
É uma cultura de programa. Mas é cultura. Moribunda? Damos-lhe uma mão.
fmv.
só por curiosidade, isso é tudo explicação, justificação ou escusa?
Rvn,
É conversa com a Cláudia.
Mas é verdade que o poeta JCF de há uns anos tinha outra pinta. É nesse que eu penso sempre.
«Mesmo quando chove aqui nunca chove
É só na relva que a chuva cai.
[…]
Há um drible que não esquecemos
E sonhamos tudo às voltas na cama».
(«Futebol», em Universário, 1982)
Versos que curam hemorróidas
“Porri-potente herói, que uma cadeira
Susténs na ponta do caralho teso,
Pondo-lhe em riba mais por contrapeso
A capa de baetão da alcoviteira;
Teu casso é como o ramo da palmeira,
Que mais se eleva, quando tem mais peso;
Se não o conservas açaimado e preso,
É capaz de foder Lisboa inteira!
Que forças tens no hórrido marsapo,
Que assentando a disforme cachamorra
Deixa conos e cus feitos num trapo!
Quem ao ver-te o tesão há não discorra
Que tu não podes ser senão Príapo,
Ou que tens um guindaste em vez de porra?”
E não se pode mesmo exterminá-los? É uma questão de higiene e de saúde pública…