Na Travessa de São José nº 1, ali entre São Bento e o Príncipe Real, nasceu uma nova livraria. Melhor dizendo, um «alfarrabista», pois o livro antigo e o livro usado são a especialidade da casa. Fundada em 1870 como mercearia, vai passar a chamar-se Livraria 1870, que é um excelente nome, pois tem a ver com as Conferências do Casino preparadas em 1870 e realizadas em 1871 aqui perto no Chiado.
Pois lá descobri duas histórias deliciosas no livro Football para o serão de Armando Sampaio. O livro é de 1944 e é constituído por memórias do futebol de Coimbra e não só. Coimbra, cidade onde os jogos entre a Associação Académica e o União de Coimbra faziam sempre faísca. Como a PSP vinha a simpatizar com o União, a GNR voltava-se para a Académica. Daí o comandante da GNR de Coimbra dizer aos seus homens antes dos jogos: «Se houver conflito vocês só batem nos de azul!»
A segunda história tem a ver com a rivalidade Porto-Sporting: «No Porto presenciei eu um dia este facto: um sportinguista, num camarote do Estádio do Lima, empunhava uma bandeira verde e gritava com toda a força – Sporting! Sporting! Sporting!. Um portuense, alucinado com o resultado que lhe estava sendo adverso, subiu os degraus da bancada e arrancou a bandeira das mãos do lisboeta que o empurrou, fazendo-o ir de rebolão por ali abaixo estatelar-se mesmo no meio da claque tripeira. Sabem o que lhe aconteceu? Levou uma tremenda sova dos patrícios que, vendo-o com a bandeira leonina o julgaram alfacinha! Quando conseguiu dizer que era do Porto já tinha a cara amachucada!»
O livro é de 1944. As histórias são obviamente anteriores. Prova-se assim, uma vez mais, que não há nada de novo debaixo do sol.
José do Carmo Francisco
Exactamente…mudam-se os tempos, mas continuam muitos vícios, nomeadamente no misterioso mundo da BOLA…
Mudam-se as pessoas, subsistem as vontades. Será isso, caro José?
Abraço.
Não percebo nada de futebol, mas achei graça a isto.
Há umas semanas atrás, num jogo no Estádio da Luz, puseram os adeptos do Porto na parte superior de uma das bancadas e os benfiquistas na parte inferior. Decisão tomada pela própria direcção do Benfica.
As coisas aqueceram, e eis que começa um outro jogo: o de “agora atiro eu, agora atiras tu”, com os portistas a serem “bombardeados” com diversos objectos atirados pelos “vizinhos” de cima. Lá diz o ditado «Para baixo, todos os santos ajudam»!
Amanhã há outro jogo. Desta vez, a PSP, além da segurança, chamou a si a distribuição dos lugares das respectivas claques. E fez o contrário: os benfiquistas vão ocupar na bancada os lugares de cima e os sportinguistas os lugares de baixo! E agora, Zé?
Bonitas histórias, antigas, que nos ajudam a perceber que o futebol já desperta paixões há muito tempo…
“Gracias” Zé Francisco.