Às portas de Beirute

Sob um céu sem cor onde o anil
se perde a procurar-se entre o assombro
e a terra chora o pão que aborta em sangue
na boca onde resistem orações
as crianças adormecem de mãos dadas.

Sem o sono sereno dos infantes
mas sim o dos horrores que as acalentam
pelas noites de gritos e destroços
das cidades fantasmas e dementes.

As crianças que juntas desconhecem
os brinquedos e as princesas dos castelos
mas que trocam entre si a descoberta
do fel que veste os corpos combatentes.

As crianças proibidas de sonhar
o longínquo retiro das estrelas
não o das balas que os corpos arrefecem
e colocam nos seus olhos as respostas
às perguntas que não sabem soletrar.

As crianças que respiram os segundos
no choro sufocado do seu medo
como se a dor infligida resgatasse
das horas o pavor do fumo espesso.

As crianças que juntas aguardam
não a dança do vento nos trigais
nem o perfume que se oferece nos lilases
mas apenas a certeza de acordarem
a madrugada que não sabem se amanhece.

As crianças que nascem e decoram
as partículas do lume e a silhueta
das aves de aço que silvam nos espaços
sobre os seus ninhos de mortos e de escombros.

As crianças condenadas que contestam
braços pendentes e lágrimas no rosto
que se fale de paz e que no Mundo
sob o peso deposto nos seus ombros
o Homem se recuse a ser poeta
quando todas as crianças são poemas.

Soledade Martinho Costa

28 thoughts on “Às portas de Beirute”

  1. cara soledade, a amiga saberá que nunca me abstive de elogiar os seus textos, por isso, espero que compreenda o quanto me dói dizer-lhe que estes seus versos peristálticos são uma autêntica pornografia demagógica que conseguem tornar a palavra «criança» num genuíno coliforme.

  2. Peristalticamentemente encolhido
    Salivava eu o meu bolo cultural
    a zéquinha pregou-me um xuto no cu
    gritei-lhe peristalticamente ofendido
    bruuá, assim não brinco, é pá tá mal
    vou ali à poetisa fazer queixa de tu

  3. Ó Tágides! De que vale o triste destino
    Da leda poetisa que ninguém curte
    E da sua peristáltica inspiração
    Se nos versos do grosso intestino
    Que lírica ela apoda de Beirute
    Cada criança fumega feita cagalhão?

  4. – Onde terá ela escrito coisa tão fina?
    – Terá sido no Algarve, nas margens da sua piscina?
    – O Arquimedes já dizia que o princípio da impulsão…
    – Também se aplica ao cagalhão.
    – Peregrino fado o do heterónimo que, contra todas as probabilidades,…
    – Vê revoltar-se contra si o exército das suas personalidades.
    – Mas mais funesto é o destino do leitor sem resposta…
    – Para dar a tão peristáltica e perfumada bosta.

  5. Gloria, gloria, corona de la Patria,
    soberana luz
    que es oro en tu Pendón.

    Vida, vida, futuro de la Patria,
    que en tus ojos es
    abierto corazón.

    Púrpura y oro: bandera inmortal;
    en tus colores, juntas, carne y alma están.

    Púrpura y oro: querer y lograr;
    Tú eres, bandera, el signo del humano afán.

    Gloria, gloria, corona de la Patria,
    soberana luz
    que es oro en tu Pendón.

    Púrpura y oro: bandera inmortal;
    en tus colores, juntas, carne y alma están.

    tarantarantarantantan

    bandoleoooooobandoleaaaaaaaa

  6. Ai! Ai! Ai! A brincadeira!
    Ass: um admirador incondicional de Soledade que não sabe fazer versos

  7. A Soledade foi retirada dos confins do Portugal profundo.
    Bamos lá aos bocábulos: “céu”, “terra”, “pão”, “sangue”, “orações”, “mãos dadas”, (esta calamidade só na 1ª estrofe); “horrores”, “gritos”, “fantasmas”, “dementes” (na 2da estrofe, já estamos a resvalar para o barroco); “crianças”, “brinquedos”, “princesas”, “castelos”, “combatentes” (não há mal nenhum em regredir). E se eu fosse a continuar… “choro sufocado”, “medo”, “dor infligida”, “mortos”, “escombros”, “lágrimas no rosto”, “paz”.
    Não sei porquê, mas prefiro um sermão dominical que ao menos um padre não tem pretensões a poeta.

  8. Continuando a demolir a obra da dona Soledad, veja-se a diferença entre a verborreia sonsa, atípica e conformista daqueles que pensam que os males do mundo são designios de deus, que não têm culpados

    comparando-a com a eficácia desta estrofe de Eduardo Galeano:

    La náusea

    Las bombas inteligentes, que tan burras parecen, son las que más saben. Ellas han revelado la verdad de la invasión. Mientras Rumsfeld decía: “Estos son bombardeos humanitarios”, las bombas destripaban niños y arrasaban mercados callejeros.

  9. A Cláudia é abessa aos bocábulos. Eis aqui um dos seus poemas favoritos, que ela deixou no seu blogue antes de ir vadiar (Vá lá, Madona, escita lá o G spot da senhora):

    Nothing fails
    No more fears
    Nothing fails
    You washed away my tears
    Nothing fails
    No more fears
    Nothing fails
    Nothing fails

    Nothing fails
    No more fears
    Nothing fails
    You washed away my tears
    Nothing fails
    No more fears
    Nothing fails
    Nothing fails

    Nothing fails
    Nothing fails
    No more fears

    E agora digam-me que tipo de merda é que anda na sua cabecinha de não gostar de sermões. Não se matem. Não merece a pena.

  10. sertoria, a senhora não será a hermínia, aquela querida musa? a sua presença moralizante é inequívoca. e a malta fica “escitada”, depois admire-se…

  11. Uma poetisa das letras lusas
    Introduziu uma novidade importante:
    Trocou de vez as caprichosas musas
    Por um potentíssimo laxante.

  12. Susana,

    Não fiques eiscitada, filha. Chupa mais um malteser, que isso passa-te. Sim, conheci uma Hermínia, mas essa não era musa, trabalhava na cabeça limpa.

    Laxante,

    Não cagues tanta rima, senão estragas o arranjinho às raparigas.

  13. Nao faço ideia como vim parar aqui, mas achei curioso este blogue, um tanto ou quanto avesso a socializaçao, mas propenso a devaneios de difamaçao. Oh maldiçom! (p n rimar)

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