Estou a ser injusta. Na verdade, há um ponto do plano de paz em que o Hamas partilha a opinião com a Mariana – não pode ser um governo internacional transitório chefiado por Tony Blair (que ela considera um criminoso de guerra, pelo apoio à invasão do Iraque) a liderar a pacificação e o período de transição. O Hamas (que não disse nada sobre o Tony Blair) defende que essa liderança seja entregue a “tecnocratas palestinos”. Quais e se existem, não sabemos. Mas espero que o Hamas no-los apresente em breve, entregue os reféns e saia de cena. Mariana é mais radical do que o Hamas ao rejeitar liminarmente tal plano, mal ele viu a luz. Basta ler o que publicou. Possivelmente nem a entrega dos reféns lhe agrada. Folgo em saber que o Hamas não lhe deu ouvidos.
A população de Gaza está a passar horrores entre as garras e sobre os túneis do Hamas e as bombas do Netanyahu. Toda a gente que vive fora dali gostaria que o horror acabasse. Mas a flotilha nada adianta e nada adiantou. Pelo contrário. Se os seus membros, como a Mariana, recusam liminarmente o plano de paz que está em cima da mesa e o Hamas o aceita, só podem querer a continuação da guerra e assim lá se vai o pacifismo e a compaixão por quem sofre. No dia em que o Hamas ou os palestinos reconhecerem o Estado de Israel, a Mariana morre de desgosto ou atira-se da ponte.
É estranho o que acontece, para quem usufrui de toda a liberdade que o mundo ocidental lhe oferece: nunca por nunca ser se vê esta mulher e as alminhas da sua índole a manifestarem-se contra alguma coisa, uma coisinha qualquer, referente aos países muçulmanos, aos islamitas radicais ou aos muçulmanos presentes na Europa que são violentos ou simplesmente rejeitam os nossos padrões de vida. Estes são sempre uns desgraçadinhos, vítimas de discriminação ou do tenebroso Ocidente, onde ela alegremente vive e onde os outros já vivem ou gostariam de viver. Esta esquerda bacoca anda definitivamente do lado errado da História e não admira que se afunde aos olhos do eleitorado. Deixou de atribuir importância à democracia e à liberdade, a não ser para poder defender causas perdidas, não percebe que não há causa mais nobre neste mundo do que defender o que levou séculos a conquistar e é inveja de todos e lutar contra os seus inimigos. Mariana devia ter orgulho de ser ocidental e livre. Mas não. Provavelmente, as pessoas que se manifestam nas ruas pela Palestina “from the river to the sea” são mais um joguete nas mãos dos russos, para os quais todos os meios são bons para desestabilizar o Ocidente – a extrema-direita, a extrema-esquerda, não importa, tudo o que possa desestabilizar é bom. Estão a ter algum sucesso.
E depois entram em cena os movimentos como o Chega (a imitar os MAGA), que visam resolver tudo à força. Donde lhes vem a atractividade? Uma boa parte virá do excesso de compreensão da esquerda para com os desmandos e os crimes de quem não quer deixar a Idade Média e a quer impor aos outros e do seu ódio ao Ocidente, esquerda essa que, ao mesmo tempo, quer ser hiperavançada em matéria de costumes. Tem que se decidir.
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O Hamas aceitou negociar negociar negociar o plano de paz. Não aceitou não aceitou não aceitou o plano de paz.