No ano dessa fotografia
De autor não identificado
Ouvira eu uma profecia
Logo fiquei preocupado.
Eu iria ser um fragateiro
Se não fizesse a Admissão
Para Lisboa, para o Barreiro
Conforme carga e direcção.
Nesse tempo a mercadoria
Na fragata, no varino, na falua
Chegava a Lisboa no outro dia
A cortiça ficava às vezes na rua.
Ao lado era o cais dos Vapores
O mestre trazia a água no barril
O fato de cotim dos trabalhadores
Dava-me o meu futuro de perfil.
No ano em que a ponte teve início
Comecei a trabalhar todos os dias
Não foi fragateiro o meu ofício
Não acertaram essas profecias.
Oh diabo, chego eu a casa de madrugada e levo logo com isto. Vou é aquecer água para o saco e meter-me em vale dos lençois. Eh pá e agora que pensava que o Senhor te tinha iluminado. Boa nôte!!!
«pá» não – o meu primeiro nome é senhor! Vai morrer longe!
ó zeca galhão, pá. tu de senhor não tenz nada, meu, já vistes a maneira cumo iscreves pá, ispoes-te ao publicu cá com uma pinta, pá, contigu, meu, todos são pisicólugus, ó carcamanu, todos te diagnusticam, devem ter-te dado corda, ó zeca galhão, o profeta não quis nada contigu, pá, inda afundavas a barca pá, e depois eras preguissozo e já ninguém te pudia ouvir a gabares-te pá.
Diz o Zeca
qui é da terra de camões
iscreve trampas
e semeia cagalhões
Fazem-lhe odes
prometem-lhe descargas
esquexem porém
os seus coliformes
iscuros como breu
o zeca é assim
sempre, hoje e amanha
só faz xinfrim
ficu istarrecidu, com a minha puesia, feita à la minute, cinsseramente, arquivem istom eu axo que gil vicente, o gajo da barca do infernu não faria melhor, eh pá.
foi o teu azar, hoje poderias ser comandante de cacilheiro reformado e bitaiteiro de greves fluviais na televisão.
Vai levar onde levam as galinhas, ó maluco!
Oh Senhor, não seja bronco. Por favor!
O Almirante que eu criei numa varanda de Albufeira, donde se espreita o mar, você conhece-o, pode muito bem ter aprendido as artes de marear numa fragata destas, um só mastro para três velas – muito pano, pouco vento – “Cais do Ginjal à tarde, de manhã Cais do Sodré”, diz o FADO, lembra-me Mestre Edmundo que descansava entre duas viagens na mesma tasca de Alfana em que eu era comensal, ainda o Tejo tinha velas e vielas Alfama.
Um abraço poeta, sei agora que você vivia na outra banda e esteve quase a ser um Gama, um Cabral, um “Bartalomeu”, um Gago Coutinho, vá lá, que nesse sítio, o rio é mar onde se pode medir o Sol.
Ainda é tempo, poeta, para começar a navegar.
JNascimento
Um abraço até Albufeira meu caro Joaquim.