É indispensável ir fazendo esta história exemplar da vergonhosa colaboração da chamada extrema-esquerda com toda a direita – a dos partidos, a do dinheiro e a da comunicação social – para enlamear a pessoa de Sócrates e deitar abaixo o governo socialista.
A coligação negativa, alimentada pelas octanas do ódio sectário e descerebrado a Sócrates, não se traduziu só em votações no plenário da AR (decisivas só a partir de 2009), pois começou por ser uma colaboração conspirativa permanente nas redacções dos jornais, semanários e TVs, nas colunas de opinião generosamente cedidas a idiotas úteis, nos debates marados da rádio e da televisão, nas miseráveis comissões parlamentares de inquérito, nas alfurjas do ministério público e da polícia judiciária, na própria blogosfera.
Jamais poderei esquecer o afã pidesco de deputados do PCP e do Bloco a secundarem os partidos da direita nas acusações mais idiotas, perversas e inverosímeis contra o governo de Sócrates, como a da alegada tentativa de controlo da comunicação social pelo governo. Jamais esquecerei o comentário cretino do camarada Jerónimo quando o bruxo de Boliqueime e o Público de Belmiro cozinharam a acusação das escutas governamentais a Belém: “Muito preocupante”!
É indispensável fazer essa história e ir insistentemente lembrando aos eleitores distraídos uma verdade constantemente comprovada desde as primeiras décadas do século XX: a chamada extrema-esquerda em Portugal é uma preciosa aliada da direita e, em particular, da direita anti-democrática, não só no papel de provocadores, bufos e idiotas úteis, como no papel de fornecedores de argumentos e álibis para o regresso da direita ao poder. A direita já percebeu há muito tempo que tem de acarinhar, promover, utilizar e comprar por todos os meios possíveis esta extrema-esquerda, inofensiva pela sua idiotice e radicalismo congénitos, mas preciosa aliada para a conquista do poder.
Oferta do nosso amigo Júlio
A sobrevivencia de patidos radicais (ou pseudo-radicais) como o PCP e o BE depende da exsitência de um oposto cujo radicalismo legitime as posições destes dois partidos e a sua visão anti-sistema. Nada melhor para o PCP e o BE que uma direita inspirada pela cartilha economica da escola de Chicago e a crença que o mundo é governado pela ideia de que neste mundo cada um (cidadão, organisação, empresa) tem como unico objectivo maximizar os beneficios individuais, ainda que à custa do empobrecimento dos mais vulneraveis. Neste contexto Socrates, personagem controversa, aqui e ali com algumas vulnerabilidades, foi apenas um meio para atingir o objectivo principal – radicalizar o debate politico, mostrando que o PCP (e eventualmente o BE) é (são) o(s) unico(s) partido(s) consequente(s) na sua oposição à ideologia “neoliberal” …
CO: acha então que o debate está radicalizado? Que o PCP é verdadeiramente o opositor à ideologia neoliberal? Tem estado fora ultimamente?
Júlio,
Abre loja assim que arranjes capital porque estou a ver que tens muito jeito pra isto. E, quando começares a vender frutas exóticas como a banana desta amostra, jamais esqueças que é sempre o freguês quem tem razão – seja ele da PIDE, pseudo-radical ou do PS, belmiresco ou cavacoatório. Tenho a certeza que se o Sócrates soubesse que existias já te tinha feito a ti o mesmo que o Relvas fez ao Figueira.
Penélope, tens muita razão. O neoliberlaismo foi parido com suor de muito marxista reformado, daí o paradoxo.
Por outro lado, quando se escrever a História do socialismo governamental socrático, excluindo evidentemente o pormenor sem interesse de que o nosso Sócrates decidiu optar por doses homeopáticas em vez da dose letal de cicuta que interferiria decidadamente com a sua agenda de férias, o historiador encarregado dessa missão irá certamente fazer sobressair o facto de que o Governo dele foi o único na banda desenhada da política de muitos países que conseguiu sobreviver durante seis anos, apesar da opsição da mídia, do grande capital bancário e industrial, da extrema esquerda, das direitas extremas e moderadas, dos sindicatos, e dos usufruidores de salários mínimos manipulados pelos precedentes, já para não falarmos de grande parte do judiciário. Milagre melhor que este só na Cova da Iria.
Não percebo este ruído à volta deste assunto.
Miguel Relvas não me merece nenhuma consideração. Alguém que, supostamente, vende a consciência para o assessorar, ainda merece menos.
Não se esqueçam nunca, quando fizerem análises deste tipo, de chamarem os bois pelos nomes e o colaboracionista que foi Manuel Alegre neste jogo e, que por conveniência pessoal apenas abandonou em parte na fase final, aquando das eleições presidenciais. Não é por acaso que está tão silencioso agora, de tão comprometido que se sente, e pretende um bendito debate interno para purgas e afins, muito à semelhança dos marxistas recauxutados que por aí imperam. Em tudo o resto subscrevo este artigo.
Oh KALIMATANOS, quando chegar a tua vez de abrir a loja avisa-me. Então, hei-de passar por lá e fazer-te uma sugestão relativa às TUAS bananas. Nessa altura, és bem capaz de não dares razão ao cliente.
Oh Ze Maria,
Não precisas de ir à minha loja para sugerires sobre as MINHAS bananas, meu caro. Para ti sou todo pele, mesmo aqui no blogue do nosso Aristipo – levanta-a e mostra-me o vergonhoso miolo. E se ficaste ofendido sobre o que eu “sugeri” sobre o chatíssimo “affair Sócrates”, o que é que eu posso fazer se não sou bruxo nem do Sporting nem fada nem amigo do Relvas? Paciência, pá, viva a democracia e abaixo a soez insinuação!
E estava eu a acabar quando reparei aí no Hoji a chamar esse nome feio ao Manelito ancião Alegre, o de “colaboracionista”, naquele tom de alta traição que normalmente acompanha essa granada vocabulária quislingiana. Tás a ver estas más línguas? É o que eu digo, pá, do que a gente precisa é de a Nato vir aqui com uns bombarderos e acabar com a peçonha a torto e a direito para ver se o país endireita.
Parabens Júlio. É útil lembrar os tempos da “Santa Aliança” (PSD-CDS-BE-PCP). Estamos no estado em que estamos, em grande parte por acção da “Santa Aliança” contra o Governo minoritário de Sócrates. A cegueira política, o oportunismo e a mentira, conduziram o país para os braços da troika. Os confederados na “Santa Aliança” são responsáveis pela situação em que o país se encontra. Ainda espero ver, nesta legislatura, o BE e o PCP a votar ao lado da coligação neoliberal.
Não tenho cartão partidário nem sequer clubistico. Gosto da liberdade e não de estar fanatizado seja por quem for. Neste caso acho que está de PARABÉNS o Júlio do post pois a razão está do seu lado. Só mesmo os fanáticos não quererão ver. Algarvio