«Ruben A. – Antologia»
Ruben A. (1920-1975) é um escritor cuja obra se multiplica em várias direcções: ficcionista, dramaturgo, ensaísta, conferencista, crítico literário e divulgador cultural. Foi um viajante infatigável, viveu em vários países europeus e faleceu em Londres mas nunca deixou de olhar a sério a nossa língua («A língua que uso é a minha primeira realidade palpável») e sempre viveu as nossas romarias: «Há missa, procissão, joelhão, foguetório, festeiros, mordomos, cidra, barracas de comes, comunhão, vinho a rodos, sermão em grande estilo».
A sua obra-prima é «A Torre da Barbela», livro recusado por 14 editoras (!) antes de vencer o Prémio Ricardo Malheiros da Academia de Ciências. Neste volume (que conta com um notável prefácio de José Palla e Carmo) são revisitados oito séculos de história portuguesa através das histórias de família Barbela e da sua Torre.
Já em «O Mundo à minha procura» Ruben A. faz a sua autobiografia: «Sou contrário a que uma autobiografia se escreva no momento da reforma, quando se deixou de ser chefe de Estado, se abandonou a vida pública ou quando da caneta já nada mais pinga».
No seu livro «Kaos» surge uma das mais certeiras definições do que é ser português: «O português não sabe guardar segredos, depois, ou diz a verdade em que ninguém acredita ou os que não acreditam inventam um boato com base na verdade».
(Editora: Roma Editora, Organização: Liberto Cruz e Madalena Carretero Cruz, Apoios: Instituto Camões, Centro de Culturas Lusófonas, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Academia Brasileira de Filologia e Centro de Literaturas de Expressão Portuguesa das Universidades de Lisboa)
Por coincidência, é um dos livros que ando a ler nestes dias.
Se assim é trata-se do resultado do bom-gosto aliado ao bom-senso. Não é fácil mas vale a pena. Tem uma ironia espantosa: sendo um Andresen (primo da Sophia) do Porto chega a Lisboa e percebe logo «Há aqui uma pressa para coisa nenhuma…»
Pois é, eu já tive o prazer de o ler…!
então, somos kaosêses?:-)
Sim Sinhã num certo sentido este país é um Kaos. O Ruben A. tem razão basta ler um dos seus livros. Gosto muito de «O Mundo à Minha procura» mas «A Torre da Barbela» é um espanto e as «Cores» uma maravilha. Sem esquecer as «Páginas»…
falta-lhe o coito que atravessa os séculos?:-)