Os economistas do regime. Disse «asco»? Disse bem

Por que razão não há crescimento? – pergunta César das Neves no DN de hoje. E explica, com divina sabedoria:

A atitude de fundo é hostil ao progresso. Exigem-se subidas de salários e criação de emprego, mas desprezam-se lucros, investimentos e empresários, combate-se comércio e crédito, sem perceber que estão ligados. Por desagradável que seja, o único meio que até hoje criou crescimento passa por empresas e negócios, algo que os intelectuais vêem com supino asco.”

Claro é, das Neves o põe: para haver progresso e crescimento, há que deixar as empresas terem lucros – leia-se: pagarem o menos possível aos trabalhadores (subidas de salários são inadmissíveis; já as descidas são não só admissíveis como também obrigatórias) e baixar-lhes o IRC – para poderem investir e haver assim orgulho em ser-se empresário. Esta teoria tem um enorme senão, confirmado a cada ano que passa: a atividade empresarial não existe sem clientes. É a procura de bens ou serviços que sustenta as empresas. Se não houver clientes, não há empresas nem, logicamente, lucros. E investimentos para quê, faça a fineza de me dizer? Se o grosso da população de um país tiver um reduzidíssimo poder de compra, o que as empresas lhes podem vender não é famoso. Ir vender lá para fora parece que também tem um problema. A Ásia apresenta-se no mercado mundial com preços imbatíveis em chinelos, ténis e nossas senhoras de Fátima fluorescentes, que são exemplos de produtos que trabalhadores não qualificados saberão fabricar. Pelo que o ciclo de deterioração a que economistas como estes querem votar o país não tem fim.

Olhe, senhor das Neves: «o único meio que até hoje criou crescimento», ao contrário do que o senhor defende, é a existência de poder de compra. Aqui e em todo o lado. Como vê, isso do lucro e do investimento tem muito mais que se lhe diga. Não é acabando com o salário mínimo e empregando pessoas a troco de uma tigela de sopa, degradando a sua educação e formação e incentivando o seu abandono, que algum dia se alcança o crescimento e a prosperidade. Eu sei que dá jeito a pessoas como das Neves haver pobrezinhos para justificar a caridade, as pregações, as ladainhas e as santas madres igrejas deste mundo. Mas essa «atitude de fundo», vinda de quem vive bem, causa-me asco. Supino asco.

15 thoughts on “Os economistas do regime. Disse «asco»? Disse bem”

  1. Ele é mesmo assim, ou faz de conta?
    Não sendo a primeira vez que escreve barbaridades (é pago por isso?), seria de investigar sobre qualquer vaga no Júlio de Matos: ajudaria ao crescimento.

  2. esta gente,gosta tanto de dinheiro como os porcos por bolota,mas dão-se ao desplante de criticar aqueles que reivindicam salarios para a sua sobrevivência.que me desculpe o papa francisco, mas a igreja que que dirige o melhor que pode,é frequentada maioritariamente (os que vão à missa) por autênticos bandalhos que vão lá rezar mas para pedir forças, para na segunda- feira foderem os trabalhadores.

  3. Meu caro nuno cm: não é só na segunda,mas também na terça,quarta,quinta,sexta,sábado e domingo,aqui todo o santo dia ,salvo na hora em que vão à missa!

  4. Este tipo não passa dum “jihadista” medieval. Não degola pessoas (porque aqui e agora é crime) mas infesta espíritos, principalmente os menos precavidos, com as idiotices que saem da sua nefasta e mirabolante cabeça de inquisidor. Só uma coisa me causa perplexidade: como é que há gente que ainda tem tempo e pachora para continuar a ler tão grotesca criatura?

  5. Abomináveis e umas bestas iletradas são vocês…… cantem vitória, cantem….(afiar os lápis, afiar os lápis…..)

  6. E mim causa.me supino ASCO quen escreveu este post idiota ignorar quais os países da Europoa (sim, que nos EUA há salário mínimo) não têm esse tal de salário mínimo. Devem ser fascistas. Bardamerda!

  7. É descaramento dizer que com 505 euros se tem uma vida digna, especialmente se vivermos no centro do Porto ou em Lisboa, daí que ache muito injusto que só se tenha aumentado 20 euros.

    Não percebo porque não é aumentado para 1000 euros.

    O que impede que esse aumento seja decretado já hoje?

    PS: sem ironia, se falássemos de implementar um sistema de indexação dos salários ao desempenho e este estivesse ligado ao desempenho económico(financeiro) da organização é uma coisa( existir uma carreira e ou modelo de trabalho por objectivos)… discutir aumentos sem explicar o seu fundamento…

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