Desde 2011 que Pedro Nuno Santos era visto como um fatal candidato vitorioso a secretário-geral do PS. Parte dessa convicção vinha da sua personalidade então carismática, parte vinha da notoriedade que lhe foi dada pela direita e seus impérios mediáticos por causa de uma declaração juvenil acerca do pagamento da dívida e das pernas dos banqueiros alemães. Precisava só de amadurecer um bocadinho. O seu papel como secretário de Estado dos assuntos parlamentares, entre 2015 e 2019, deu-lhe essa maturidade de estadista. De 2019 em diante começou a fase do estrelato, sendo crescentemente evidente que já se concebia como o sucessor de Costa a cada ano que passava.
Neste longo período de preparação à conquista do PS, o comentador Daniel Oliveira, pago pelo Balsemão, fez uma perseguição odienta a Costa. Em simultâneo, apontava PNS como sendo o messias que traria de volta o BE e o PCP para a ribalta do poder, muito provavelmente dando-lhes o merecido direito a pisarem as alcatifas dos gabinetes ministeriais. Era este o projecto, era esta a marca do homem. 2015 a 2019 ficava como a idade de ouro da esquerda pura e verdadeira, na versão deste prolixo comentador, pelo que Costa e muchachos ao serviço do capital deviam desaparecer do mapa cobertos de escarros e fezes. A pose de PNS, durante o ciclo promocional da sua pessoa, foi invariavelmente de grande cagança, ostensivamente petulante para com Costa, e nessa estratégia de “sucessor consumado” prometendo vir a ser um líder do PS fortíssimo.
Em 2023, PNS chegou lá. Primeiro sinal, de estranheza: a sua vitória sobre José Luís Carneiro, um discreto rival na compita, mostrou um PS muito mais dividido do que se antecipava. Segundo sinal, de preocupação: a frieza com que abandonou João Galamba num momento de injusto ostracismo, não o tendo convidado para as listas (algo que este até poderia depois vir a recusar), exibiu uma pulsão cínica, desleal. Seguiu-se uma campanha para as legislativas de 2024 onde a sua marca começou a ficar híbrida, porque não estabeleceu pontos de referência diferenciadores. O resultado dessas eleições disse mais da fraqueza de Montenegro como candidato a primeiro-ministro do que do poder de atracção do eleitorado de PNS, mesmo assim o acaso poderia ter-lhe dado uma simétrica vitória por migalhas sobre a AD. Menos de um ano depois, resolveu posicionar-se como um bronco político, fazendo comentários sobre a imigração que reforçaram a propaganda da direita. Não contente, partiu para um ataque ao Governo de Costa e a quem o defendeu. Chegou a ameaçar que tinha mais na manga para castigar esses seus camaradas. A sua marca entrava em dissolução, substituída por uma peçonha onde reinava esta contradição insanável: o tipo pintado como “amigo do Bloco e dos comunas” estava a querer entrar no comboio da xenofobia fazendo-se de amigo do zeitgeist. E, finalmente, aconteceu-nos o histórico 18 de Maio de 2025. Na sequência de uma campanha eleitoral com peças de comunicação inenarráveis, e debates televisivos onde não levou o rio a correr para a fonte, tendo assim reforçado a suspeita de não ter coragem política, veio o desengano: o actual líder do PS é um dos maiores logros na história da política nacional.
Dito isto, não o responsabilizo pelos resultados eleitorais. Só imbecis ou adversários se dedicarão a essa vingança torpe. O voto no Chega nasce de factores que transcendem a sua pessoa e o PS, implicando um ecossistema social e cognitivo tóxico; onde a informação mais eficaz está a ser produzida pela propaganda civicamente terrorista, não pelo jornalismo – e muito menos pelos discursos dos políticos que tentam falar para um eleitorado com literacia e racionalidade políticas. Responsabilizo-o é pelo que fez à sua marca, assim enfraquecendo a cidade. Tal como com Ruben Amorim, estar-se cheio de confiança garante boas entradas, não garante mais nada.
O taberneiro, topou-o bem, chamou-lhe FROUXO, ele ficou-se, e mostrou que era.
A cambada não gosta de frouxos.
O taverneiro também é frouxo, mas sendo caguinchas tem consciencia disso e disfarça bem, como qualquer gajo de baixa estatura, que fala grosso e forte no meio de calmeirões.
Prossegue a estranha obsessão pelo Amorim – um banal treinador futeboleiro que, como tantos, às vezes ganha e outras perde, mas do qual o volupi tira profundas lições existenciais.
Voltando à realidade: PNS, o Pedro do Porsche, é e sempre foi um medíocre em tudo que diz, pensa e faz; um chuleco da pulhítica e do papá que só neste país de políticos medíocres e naquele partido de chulos e trafulhas sucateiros poderia aspirar a mais que um emprego numa repartição.
Toda a vida mamou na teta pública – no Paralamento até aldrabou a morada para chupar mais – e no papá. Jamais esta alminha produziu seja o que for de vagamente útil à sociedade; até atribuir-lhe ‘carisma’, essa buzzword deslumbra-otários, é absurdo. O tipo tem o carisma duma couve.
O que devíamos estar a discutir não é a queda dele: é como e porquê um palerma assim, um inútil destes pode subir tanto. Que regime é este onde tal paspalho pode gerir milhares de milhões, decidir aeroportos, quase gerir o país conforme lhe apetece? Que raio de partidocracia é esta?
(E o Montenegro é outro, até mais trafulha, pelo visto. E esse ainda lá está.)
Nada disto interessa ao volupi: como a todos os adeptos, carneiros e piaçabas partidários, só lhe importa ganhar. PNS perdeu, tem de sair. Só por isso tem de sair. Se ganhasse era excelente. Daí falar no Amorim: bola, pulhítica, para o adepto e para o carneiro vai tudo dar ao mesmo.
Coitado do PS. Lá vai ter de fazer no apoio ao seu grupo parlamentar o que o CDS faz na CML: arranjar emprego e caldo aos muitos desempregados do partido.
Sr.ª ou Sr. Valupi
Longe de mim tentar ser autoritário ou restritivo.
Mas fica um conselho .
Cuidado com o ataque “ad hominem” que fez ao comentador político, e que envolve meio-mundo. Ou tem provas do que afirma. ou não tem . Se não tiver, depois não se queixe . Pesquisando o blog todo, só aparece o visado, uma única vez. E para se defender de um ataque, também ele, pessoal .
O momento revelador foi quando apareceu de proa levantada com o anúncio do aeroporto para ser liminarmente a desautorizado por Costa. Independentemente do que se tenha passado antes nos bastidores, naquelas circunstâncias PNS não tinha outra solução senão apresentar o pedido de demissão imediato e assumir a divergência e o confronto político. Era o que teria feito um Soares num momento desses. Não, veio a público com falinhas mansas, o rabo entre as pernas, e ficou sossegado no posto. Não dá para primeiro-ministro. A política exige mais discernimento, saber assumir as consequências das convicções que, afinal, se revelaram menos firmes do que pensávamos.