Montenegro assustou-me

Confesso que fiquei assustado. Quando li Montenegro admite que “decisão do Governo pode ser reconduzir o atual governador” do Banco de Portugal: “Centeno reúne todos os requisitos”, no domingo, achei que Montenegro estava na iminência de se revelar um político brilhante. Logo ele, um hino à inanidade intelectual que está na política para servir os seus negócios, e faz negócios graças a estar na política.

Manter Centeno como governador do Banco de Portugal seria quase genial. Porque permitiria dizer que o Governo agia verdadeira e exemplarmente no interesse nacional, imune a pressões partidárias vindas do bloco que o suporta — e, acto contínuo, reforçar a carta-branca para ser, realmente, o governo-assombrado pelo Chega. E depois ainda poderia estar sempre a mandar à cara do PS que tinha mantido uma das suas mais importantes referências políticas num cargo de altíssimo prestígio e influência, deixando os socialistas sem saber como responder.

Felizmente, Montenegro revelou que continua igual a si próprio, e tratou de ir buscar o pastel de nata com sabor a laranja. Sosseguei.

5 thoughts on “Montenegro assustou-me”

  1. Como é que foi com a Marques Vidal?

    Ah, mas aí era diferente.

    Igual, iguais mesmo, só as reacções quando estão no poleiro ou apeados.

    E sim, tinham melhor no PSD.

  2. Escrevi isto, a respeito deste tema:

    Luis Montenegro é Luís Montenegro: uma vez chico-esperto, para sempre chico-esperto. Conhecemo-lo melhor, relativamente a esta sua qualidade (sim, os chico-espertos assumem a chico-espertice como uma elevada qualidade), com o adormecido caso da Spinumviva: pose estadista que não gosta de discutir minudências, filhos e mulher abalados ao ponto de serem quase párias, o trabalhador incansável na linha do “american dream” ou self-made man” e, sobretudo, o pedantismo exposto até ao limite aceitável.

    Lembrou-se, agora, de mais um truquezito, agora que, verdadeiramente, ninguém anda com atenção a esta coisa da política, pois o sol e a praia falam mais alto.

    Do que se lembrou, então, o primeiro-ministro? De elogiar Mário Centeno, ao ponto de deixar na atmosfera estival a possibilidade de Mário Centeno suceder, no cargo de governador do Banco de Portugal, a Mário Centeno. Evidentemente que o nosso jornalismo, radicalmente estúpido, andou a propagandear esta ilusão.

    Claro que Montenegro é quem manda e quem manda pode e o primeiro-ministro encerrará aqui mais um simplório e vinculativo episódio pedante elegendo, com um inefável discurso, o ilustre dr. não sei quantas como governador do Banco de Portugal, com os respetivos encómios, evidentemente, ao sr. dr. Mário Centeno, que cumpriu, leal e honradamente, a sua missão como governador do Banco de Portugal.

    Enganar-me-ei? Não, claro que não.

  3. «Confesso que fiquei assustado. Quando li Montenegro admite que “decisão do Governo pode ser reconduzir o atual governador” do Banco de Portugal: “Centeno reúne todos os requisitos”, no domingo, achei que Montenegro estava na iminência de se revelar um político brilhante. Logo ele, um hino à inanidade intelectual que está na política para servir os seus negócios, e faz negócios graças a estar na política.»

    Ó Valupi, a inteligência de Montenegro e do seu governo globalmente cabe toda dentro de uma casca de caracol miudinho, logo, só poderia ponderar tal coisa, isto é, pensar em reconduzir Centeno perante um caso de força maior. Comprometido com a promessa de indicar um nome, o que indiciava desde logo uma mudança, e perante as sucessivas negas em arranjar quem aceitasse o cargo como fretista de um governo de incompetentes e muito especialmente para fretista de um duvidoso blézinho alquimista ministro das finanças, Montenegro, à rasca, sem solução, às tantas lançou a ideia de “recondução”.
    Claro, logo aquele amontoado de “Hugos” ratos espertos se levantaram e disseram; nunca.
    E, de imediato, foram à procura do rato-idiota que estava empregado na Europa a fazer relatórios sócio-económicos contra o Costa. O homem de mão adequado e capaz de se adaptar a todas as formas, medidas e ideias dos montenegros, hugos e sarmentos, tudo o que for preciso e sempre pronto.
    E, aí vamos ter o homem das ideias fantásticas como o “cluster do pastel de nata” e outras tão ou mais brilhantes quanto esta, que o CDS do grande Cabral correu do governo de Passos Coelho como incompetente e má figura para por no seu lugar o Pires de Lima mas… que agora o acha o melhor, o maior, o mais competente e independente para governador do BdP.
    Este governo tem a sua lei própria da termodinâmica; tal como esta declara o horror ao vazio este governo tem horror à inteligência e competência.

  4. Ou seja:

    O Montetrampa sugeriu que poderia deixar o xuxa Zé Colmeia no mega-tacho do Banco de Portugal. O volupi achou muita fruta. Com razão. Afinal a Laranja Podre vai lá pôr um mamador da sua cor. Nenhuma surpresa: é o que fazem todos os governos, a começar pelos xuxas.

    Lá terá o ZC de arranjar outro tacho. E lá vem o Álvaro, o mui honesto Álvaro que foi corrido pelo Mamão Mexia, ser o novo capacho da máfia da banca. Tudo gente do melhor.

    Já agora, volupi: “está na política para servir os seus negócios, e faz negócios graças a estar na política” é aplicável a toda a classe política – toda! – com duas excepções: 1) a sua odiada ‘extrema esquerda’, e 2) a xuxaria que nem tem negócios; só tem tachos e amigos empreiteiros.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *