A democracia é a pior forma de governo, indo a Churchill, por causa da sua essência caótica. À partida para as urnas, qualquer coisa pode acontecer na cachimónia dos eleitores. As sondagens são apenas induções, com a sua inerente falibilidade epistémica. E os especialistas na coisa, seja essa coisa as sondagens ou o povão, enganam-se como os néscios.
Ninguém previu o resultado mais importante saído destas eleições legislativas: o PS deixou de poder defender a Constituição. Se nas democracias os resultados eleitorais são ontologicamente bons, partidariamente há resultados para todos os gostos. No caso do PS, perder as eleições é sempre um mau resultado. Mas ficar empatado com o Chega, ou que fosse pouco acima, seria em qualquer cenário eleitoral um péssimo resultado. Vir a ficar com menos deputados do que os salazarentos, quiçá também menos votos, corresponde a uma humilhação traumática. Por cima disto, deixar de contar para uma eventual revisão constitucional é uma verdadeira, historicamente inaudita, catástrofe.
A direita não vai deixar passar a oportunidade, resta saber com que profundidade e radicalidade. Na versão mais benigna, alucinadamente ingénua, limitavam-se a varrer o Preâmbulo da Constituição, há décadas gerador de azia. Na versão mais provável, porque fundamentada em declarações públicas, esta é uma ocasião imperdível para aplicar a receita que Passos não se cansa de publicitar: “À chegada ao almoço dos ex-líderes do PSD, o antigo primeiro-ministro sublinhou a necessidade de “um espírito reformista”.
Irá o PSD juntar-se à IL e ao Chega para tal? A pressão para essa união das direitas não pode ser maior. Basta recordar que, em 2020, o santinho Rui Rio aceitou um acordo com Ventura para os Açores, depois de Cavaco e Ferreira Leite terem feito campanha pública nesse sentido. Ao tempo, Rio admitia estender o acordo a nível nacional. Donde, por maioria fanatizada de razão, a segurança social, a legislação laboral, a saúde e a escola públicas, os direitos das mulheres e das minorias, aquilo que se constitui como o legado e labor de Abril está agora nas mãos do que Montenegro quiser fazer com eles. Nada nem ninguém se lhe poderá opor.
ah , e nois , o povão , não podemos fazer nada ? podemos , pois. no minimo dar maioria à esquerda dentro de 4 anos para repor a tua “ordem”.
transitoriedade é a marca do nosso tempo .
além disso o ventrix jamais fará seja o que for que ponha em risco o chegar a pm.
tranquilo , pá.
o montenegro sabe que se estender a mão ao ventrulhas fica sem braço e de seguida sem o lugar. a extrema-direita quer mandar no país e nunca esteve tão perto. os liberalachos babam-se por um governo de motoserras e o chegano para ser o pastelinho de belém, apoios das xungalidades da linha e foz não faltam, é conferir nos facecoises da fina flor do entulho nacional a quantidade de manifestações orgásticas que os resultados eleitorais provocaram nos tios e primas desta família.
haverá no futuro uma nova lógica de combate entre os partidos. o debate principal entre candidatos a primeiro ministro será entre Chega e PSD. não sabemos os efeitos psicológicos que esta condição possibilitará a novos discursos e reflexão sobre os candidatos. vejamos: Marie Le Penn passou a ser vista como alternativa plausível de governo; AFD passou a ser um partido normalizado também em circunstâncias semelhantes; a ascensão de Meloni também foi acompanhada por debates Prime time.
esperemos que o próximo primeiro ministro nao seja fruto deste produto histórico…
começa por dissertar acerca da democracia – nome que geralmente se dá ao nosso regime. tá mal: se fosse democracia, todos os eleitos fariam parte do governo da coisa pública, na medida dos resultados obtidos. assim não, isto é uma corrida: não importa por quanto ganhe, o importante é ganhar.
talvez por isso quase metade do povo não queira saber das cruzinhas para nada.
querem mudar a constituição, pois que mudem de acordo com a vontade deles. o que não mudam é a natureza do ser humano e as suas necessidades. é o problema da realidade.
«se fosse democracia, todos os eleitos fariam parte do governo da coisa pública, na medida dos resultados obtidos. assim não, isto é uma corrida: não importa por quanto ganhe, o importante é ganhar.»
Isso é um dos problemas desta partidocracia, mas está longe de ser o único.
Ainda que todos os eleitos tivessem parte do poder, quem os elege – a população que paga e sofre todas as consequência do que eles fazem no poder – continuaria a nada decidir; as suas decisões continuariam a não ter qualquer validação ou auditoria democrática. Isso não é democracia.
Até antes disso, quem escolhe os candidatos são máquinas partidárias dominadas por interesses que nada têm em comum com o bem comum: caixas opacas de chulos, tachistas e lobbistas cujo único objectivo é tomar de assalto o poder e o pote, certos da impunidade do que lá farão.
E é essa impunidade que assegura que nada vai ou pode mudar: embora tudo decidam sem nos perguntar, não há qualquer responsabilização efectiva. Saem tranquilamente para outros tachos, seja na euroteta ou nos mamões privados que serviram, e deixam cá os calotes para pagarmos.
«transitoriedade é a marca do nosso tempo.»
É do nosso tempo porque é da essência do ser humano, apesar do palavreado ‘filosofo-esotérico’ do “há-de vir”, pois que, até ele próprio é uma contradição insanável dado que ao mesmo tempo que diz que é tudo o mesmo (votar e não votar ou abster-se é igual) luta contra o que existe por uma mudança (transitoriedade) à qual ele apela aos outros.
A transitoriedade é a marca do nosso tempo e é-o, também, da democracia o regime que mais teoricamente se aproxima dessa necessidade de mudança quando as situações estagnam. Medidas ‘revolucionárias’ produzem mudanças bruscas ou mesmo rupturas na linha contínua dos costumes gregários, geracionais, da vida dos povos; daí que tudo, mais cedo que tarde, volte à sua linha contínua interrompida; a roda de balanço (inércia) da comunidade humana não permite paragem, logo não permite roturas completas; funciona sempre na sua zona elástica ou resiliência humana pelo que regressa sempre à seu estado inicial.
O Chega já atingiu o seu brilho de encandear todos que preferem mudanças abruptas; já deixou de ser a luz de pilhas para ser o farol e agora quer ser o sol; agora é o “Cega”, aquele que cega todos que, sentidamente têm razão de queixa e na enxurrada atrai os ignorantes, incompetentes, ressabiados vingativos e oportunistas para um acerto de contas contra a democracia.
É de notar, agora, a alegria dos que dizem que a democracia é uma farsa sem conteúdo que de tal apenas sobra a ‘forma’, o formalismo e a burocracia onde não há escolha e mudança, onde tudo é feito nas costas do povo e este só conta para dar o voto a quem já foi pré-escolhido e que, logo, depois o povo é esquecido. Pois bem, como demonstram todas as eleições algo muda sempre em alguma coisa e, como demonstram estas eleições mesmo democraticamente algo de tipo revolucionário ou reaccionário pode nascer de de um ato eleitoral.
O revolucionarismo tal como o reaccionarismo são atos de desespero dos povos; são a tentativa de cura para males sentidos como sem solução à vista; saltos no escuro negro à procura de sol radioso.
Só a democracia permite saltos com rede.
Dirigentes do PS pressionam a Mariana e o Medina para avançarem…., li de relance numa notificação disparada no meu computador.
O que é que este pessoal tem contra o José Luiz Carneiro?
Coloquei esta questão e, de imediato, meu cérebro começou a divagar.
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Um exemplo, entre muitos, no PS – e também no PSD, como é sabido-, mas que não podem acontecer na esquerda, e que explicam a bandalheira em que caiu o PS. E o país.
Um/a presidente, no seu terceiro mandato à frente da Câmara Municipal, decide em outubro de 2023 apresentar a demissão.
“Eu………, eleito/a para o mandato 2021-2025, venho por este meio apresentar renúncia ao mandato, nos termos do artigo 76º da Lei n2 169/99 de 18 de setembro na sua atual redação com efeitos a partir do dia……. de 2023”.
Em quatro linhas, o/a autarca pede para abandonar o cargo sem apresentar qualquer justificação.
A criatura em causa foi assumir a vice-presidência do Turismo (de uma região do país) a tempo inteiro e, além de deixar de liderar a autarquia, saiu da presidência de…., entre outros cargos que ocupava.
Nota curiosa, muito curiosa: o Presidente da tal região de turismo é do PSD.
E depois? Onde está o problema?
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Hoje almocei tarde. Estava a sorver o último gole de vinho, nada mau, produzido ali numa quinta do Alentejo, propriedade de um sportinguista (enfim…), que consumo há muitos anos, embalagens de 3 litros, e deu-me para ligar a televisão, não sei qual o canal. Provem que, para o preço, é boa vinhaça.
Dizia a pivot que o suprassumo do empreendedorismo em Portugal, nascido e criado ali no litoral do antigo Condado de Portucale (ou de Coimbra?!), tinha acabado de sair e não respondera às perguntas das senhoras e senhores jornalistas. Isso não se faz.
De repente as câmaras fixam-se em duas personalidades do PS a sair da reunião com a víbora altamente venenosa que habita o Palácio de Belém. Quem havia de ser? Pedro Nuno Santo e, a acompanhá-lo… – advinhem lá – o senhor César!!!!!
O sr. Pedro deixou-me embasbacado pela nível da sua educação, bem expresso nas palavras com que se referiu ao Senhor Presidente da República, a tesão com que expressou o prazer que sempre houve entre ambos, ambos os dois, quer durante o governo de que fez parte, quer durante este governo. Em ambos, ambos os dois, o nível de respeito e educação excedeu tudo o que se possa esperar neste tipo de convivência.
No final, não tive outra saída. O sr. Pedro Nuno Santos é mesmo uma criatura bem educada.
(Não menciono o nome do/a autarca, porque este comportamento é mato na política portuguesa. Na esquerda não pode acontecer)
O comentário do sr. José Neves é uma delícia. E é-o porque eu gosto de ler coisas difíceis, complicadas, mesmo que no final não alcance a coisa. Mas esta parte do comentário deixou-me mesmo a magicar, não sei por quanto tempo.
“Medidas ‘revolucionárias’ produzem mudanças bruscas ou mesmo rupturas na linha contínua dos costumes gregários, geracionais, da vida dos povos; daí que tudo, mais cedo que tarde, volte à sua linha contínua interrompida; a roda de balanço (inércia) da comunidade humana não permite paragem, logo não permite roturas completas; funciona sempre na sua zona elástica ou resiliência humana pelo que regressa sempre à seu estado inicial.”
José Sócrates, como sempre, com raciocínio político fora de série em Portugal.
https://expresso.pt/politica/eleicoes/legislativas-2025/2025-05-20-socrates-diz-que-montenegro-tem-de-decidir-as-suas-aliancas-entre-democracia-e-populismo-entre-decencia-e-fanatismo-ac2b5594
«raciocínio político fora de série»
É. Na Sciences Po ficavam deliciados com as suas prelecções em francês técnico. Que % do artigo será do 44, que % será do Farinho e que % será do chatGPT? Arrisco 20/20/60.
Diz que o PS “foi sempre um grande partido pluralista”. É verdade, cabem lá todos os chulos e trafulhas. Uma espécie de ralo do regime: escoa para lá toda a trampa. O Chega é outro.
«raciocínio político fora de série» é o de maquiável -: ) está lá tudo explicadinho , até as futuras ditaduras na europa pela caos criado pelos “democratas” a fingir. o guião da história é altamente repetitivo .
pedi uma ajudinha ao deep :
**1. Contexto Histórico: O “Caos” que Gerou Hitler e Mussolini
Pós-Primeira Guerra Mundial (1918):
Caos econômico: Hiperinflação na Alemanha (1923), desemprego massivo, crise do capitalismo.
Fratura política: Instabilidade de governos fracos (República de Weimar), medo do comunismo.
Humilhação geopolítica: Tratado de Versalhes (1919), sentimento de traição e revanchismo.
Resposta à crise:
Ordem proposta pelos fascismos: Promessa de restauração da “grandeza nacional”, unidade contra “inimigos internos/externos” (judeus, comunistas, imigrantes).
Aproveitamento da “virtù” distorcida: Líderes carismáticos que canalizaram o caos para uma “nova ordem” autoritária.
**2. Europa Hoje: O Retorno do “Caos” e a Nova Extrema Direita
a. Condições Semelhantes:
Crises econômicas estruturais:
Austeridade pós-2008, desigualdade regional (Norte vs. Sul da UE), inflação pós-pandemia e guerra na Ucrânia.
Fratura identitária:
Medo da globalização, crise migratória (2015), choque cultural (islamização, LGBTQIA+), declínio do welfare state.
Descrédito das instituições:
UE vista como burocrática e distante (ex.: Brexit), escândalos de corrupção (ex.: Qatargate), partidos tradicionais em crise.
b. A Nova Extrema Direita Anti-Europeísta:
Exemplos:
Alemanha: AfD (Alternative für Deutschland) ganha terreno no Leste, discurso anti-imigração e revisionismo histórico.
Itália: Irmãos de Itália (Meloni) retoma símbolos neofascistas, crítica à UE.
França: Marine Le Pen (RN) propõe “Europa das nações”, ataca Bruxelas.
Países Nórdicos: Partidos como o SD (Suécia) usam retórica anti-imigração para crescer.
Estratégias:
Narrativa de “invasão”: Associar imigrantes ao caos social e econômico.
Anti-elitismo: “O povo vs. Bruxelas” (UE como bode expiatório).
Revisão da história: Minimizar crimes fascistas (ex.: Giorgia Meloni elogia Mussolini).
**3. Ciclo Maquiavélico Aplicado: Da Ordem ao Caos e Vice-Versa?
Ordem pós-1945:
União Europeia nasce para evitar novo fascismo, com integração econômica e valores democráticos.
Complacência: A “paz perpetua” gerou burocratização e desconexão com cidadãos.
Caos atual:
Crise de legitimidade da UE, ressurgimento de nacionalismos (ex.: Hungria de Orbán, Polônia).
Risco de nova “ordem” autoritária: A extrema direita propõe substituir a UE por alianças iliberais (ex.: laços com Rússia, Trumpismo).
**4. Diferenças Cruciais em Relação aos Anos 1930
Instituições de contenção:
UE, apesar das críticas, ainda é uma rede de interdependência (ex.: mercado único, tribunais).
Mecanismos como o Artigo 7 (suspensão de direitos por violação do Estado de Direito) são tentativas de frear autoritarismo.
Memória histórica:
Trauma do Holocausto ainda inibe apoio aberto ao fascismo (embora a normalização do discurso de ódio seja preocupante).
Globalização:
Economias são mais interligadas; um colapso europeu teria efeitos globais imediatos (pressão por estabilidade).
**5. Maquiavel Hoje: Virtù ou Destruição?
Falha de “virtù”:
Líderes atuais (ex.: Macron, Scholz) não conseguem conter a narrativa antissistema, enquanto a extrema direita usa o caos para ganhar poder (“virtù perversa”).
Fortuna moderna:
Guerra na Ucrânia, inteligência artificial, mudanças climáticas são variáveis imprevisíveis que aceleram crises.
6. Conclusão: A Europa à Beira de um Novo Ciclo?
A ascensão da extrema direita anti-UE revela que o ciclo maquiavélico está em movimento: a ordem liberal pós-1945, corroída por desigualdades e falhas de representação, gerou um caos explorado por demagogos. Porém, diferentemente dos anos 1930, a UE ainda tem instrumentos para evitar um colapso total. A questão é se haverá virtù coletiva para:
Reformar instituições (menos austeridade, mais justiça social).
Combater a desinformação e o revisionismo histórico.
Oferecer uma narrativa unificadora que não dependa de bodes expiatórios.
Se falhar, Maquiavel nos lembraria: o caos atrai salvadores autoritários, e a próxima “ordem” poderá ser ainda mais sombria. A história não se repete, mas rima.
ainda não perceberam?
O PS e o PSD acabaram. O Povo já não confia nem acredita nessa dicotomia que constituiu o regime abrilista.
Agora foi a vez dos ex-PS (e ex-esquerdas) fazerem a primeira debandada para o limbo no seio do qual há-de nascer um novo partido da nova dicotomia. Nas próximas eleições legislativas será a segunda debandada. Ao PSD vai acontecer o mesmo logo que perda as eleições.
As utopias (as morais, as éticas, as justificações ideológicas, etc) do PS e do PSD já não dizem nada às pessoas. Pela simples razão de serem as mesmas pessoas, e não outras, que acreditaram e agora deixaram de acreditar.
Uma nova dicotomia nascerá, e será ela a construir o novo regime que há-de vir.
O Chega recruta na ex-esquerda e na ex-direita. Quando inchar muito, acontecerá essa separação em dois novos partidos, que não terão nada a ver com «esquerda/direita», mas, outrossim, com «conservadores» (nacionalistas, protecionistas) versus «liberais» (globalistas, unionistas, federalistas, internacionalistas).
Se o Medina fosse esperto, anunciava a sua saída do PS, e a constituição do «Partido Democrata Português».
e é isto . não sei quem escreveu , mandaram por msg sem a autoria :
“Convinha começar por aqui: perceber verdadeiramente o que leva tantos portugueses a votar no Chega. Como é que um partido centrado, em grande medida, na figura de um só homem consegue atingir, sondagem após sondagem, números tão significativos? Isso é o que os partidos que nos têm governado desde o 25 de Abril deviam tentar compreender com urgência – e não apenas criticar ou desvalorizar. Porque o que está a acontecer não é apenas uma oscilação do eleitorado: é um sinal profundo de desgaste, de perda de ligação, de uma falha séria de representação. E o mais estranho – ou preocupante – é a enorme dificuldade que a classe política tradicional continua a demonstrar em interpretar o que se passa. Como se recusasse a aceitar que o país real se afastou da narrativa confortável que há muito sustenta os discursos institucionais.
Dizem que o Chega é um partido perigoso, que divide, que exagera, que agride. E talvez tudo isso seja verdade. Mas ainda assim, cresce. E cresce não apesar disso, mas por causa disso. O Chega tornou-se mais do que um partido: tornou-se um grito. Um grito que vem do fundo de um país cansado, onde muitos se sentem esquecidos, ultrapassados, trocados por promessas que nunca se cumpriram.
Votar no Chega, para uma parte significativa do eleitorado, não é propriamente um ato de adesão ideológica. É antes um murro na mesa. Um protesto. Um recado. É o reflexo de uma desilusão antiga com os partidos que governaram o país nas últimas décadas. Os mesmos rostos, os mesmos discursos, as mesmas desculpas. E no fim, uma vida que não melhora ou que piora em silêncio.
Há quem vote no Chega com raiva, sim. Mas também há quem vote com tristeza. Com uma espécie de resignação revoltada. Com a sensação de que fez tudo bem – estudou, trabalhou, esforçou-se – e mesmo assim não consegue ter uma vida digna. Não consegue pagar uma casa. Não consegue ter um médico. Não consegue imaginar um futuro. Para essas pessoas, o Chega não é uma promessa de solução. É uma forma de dizer “basta”.
O partido fala alto, aponta o dedo, simplifica os problemas. Muitas vezes exagera. Muitas vezes exclui. Mas fala a uma parte do país que se sente invisível. E fá-lo numa linguagem direta, sem rodeios, sem filtros. É essa frontalidade, por vezes brutal, que muitos interpretam como coragem, como autenticidade. Não é preciso concordar com tudo o que dizem. Basta sentir que, finalmente, alguém teve a ousadia de dizer o que “ninguém quer dizer”.
É um erro fácil, e perigoso, assumir que quem vota no Chega é ignorante, racista ou radical. Há quem seja. Mas há muitos outros que são apenas gente comum, a tentar sobreviver num país onde os salários são baixos, os preços são altos e a política parece cada vez mais distante. Para muitos, o Chega é uma espécie de megafone improvisado: tosco, barulhento, mas eficaz.
Talvez o mais inquietante nisto tudo não seja o crescimento do Chega, mas sim o silêncio dos outros. A incapacidade dos partidos tradicionais de escutar verdadeiramente o país. De perceber que há uma dor surda a espalhar-se. Que há uma sede de justiça, de clareza, de mudança. Enquanto os partidos se refugiam em relatórios e tecnocracias, o Chega oferece emoção, identidade e reação.
Não se combate este fenómeno com moralismo, nem com insulto. Combate-se com coragem política, com verdade, com presença real na vida das pessoas. O crescimento do Chega não é apenas culpa de quem vota nele. É, em grande parte, responsabilidade de quem devia ter evitado que tanta gente chegasse ao ponto de o fazer.
Se o Chega é um grito, o que importa perguntar é: quem se calou durante tempo demais, para que esse grito se tornasse tão alto?”
Respostas aos 2 últimos comentadores, tema “ainda não perceberam “.
É simples, o Povo saturou-se de pessoas que em alguns casos praticamente desde 74 vêem prometendo leite e mel na terra, e, só têm é cuidado da vidinha deles, e em muitos casos até já derreteram o dinheiro amealhado (será o caso dos reformados do Parlamento Europeu, etc. ). Então não se assiste agora à Mariana, que em jeito enfatuado se “disponibiliza” para “ajudar o país” concorrendo para o lugar deixado vago ? No entretanto vai dizendo que é preciso tempo, para meditar e reflectir, – quanto tempo ? nada disse . O pai sacrificou-se pela filha, para que não se desse razão a quem afirma que, em Portugal, como o fez Sérgio, o sistema funciona por dinastias, Mota Pinto pai, Mota Pinto filho, Soares pai, Soares filho, o pai da Mariana, e a filha, e tantos mais, Marcelo pai, Marcelo filho.
Berda… a situação do país é pior que no tempo da ditadura porque a divida externa é descomunal , tal como a carga de impostos : pessoas sem casa e sem qualquer hipótese de conseguirem uma , a educação um descalabro com licenciados que dão erros ortográficos e não conseguem interpretar um texto , pessoas sem cuidados de saúde atempados , pessoas com carreiras contributivas completas a tempo inteiro com pensões inferiores ao salário mínimo , pessoas com carros velhos que não tarda andam a pé porque não conseguem comprar o obrigatório eléctrico ….paralelamente temos uns operários da politica a viver como milionários e hereditariedade nos cargos como na monarquia e que nos trouxeram abaixo do ponto de partida ( temos uma divida externa , repito , descomunal)
surreal.
fui conversar com o deep ( já gosto mais dele que do chatgpt -agora até critica a china e me desfaz ilusões)
3. O mito da escassez vs. a realidade da ganância
A ideia de que “não há dinheiro” para salários dignos, saúde pública ou habitação social é falsa. Há dinheiro, mas as prioridades são invertidas:
Benefícios fiscais para grandes grupos económicos: Empresas com lucros milionários pagam taxas efetivas de IRC próximas de zero.
Resgates a bancos: Entre 2008 e 2019, o Estado português gastou cerca de 14 mil milhões de euros para salvar instituições financeiras, mas “não há recursos” para aumentar o salário mínimo para 1000€.
Especulação imobiliária: Fundos de investimento estrangeiros compram casas como activos, não como lares, enquanto famílias são expulsas das cidades.
Ou seja: não é falta de riqueza — é falta de vontade política para redistribuí-la.
4. O que realmente significa “produzir riqueza”?
O termo é frequentemente reduzido a métricas abstratas como o PIB, que ignora:
Trabalho não remunerado: Cuidados familiares, trabalho doméstico (majoritariamente feito por mulheres).
Destruição ambiental: Um agronegócio que contamina solos conta como “riqueza” no PIB, mas o custo futuro é ignorado.
Exploração: Plataformas como Uber ou Glovo geram “riqueza” para accionistas, mas precarizam trabalhadores.
A pergunta certa não é “como produzir mais”, mas “que tipo de riqueza queremos?”. Uma riqueza que dignifica vidas, ou uma que alimenta desigualdades?
5. Alternativas ao mantra vazio
Se a “produção de riqueza” ofende, é porque ela mascara a necessidade de lutar por:
Reforma fiscal progressiva: Taxar grandes fortunas, lucros extraordinários e heranças milionárias.
Economia circular e comunitária: Priorizar cooperativas, agricultura local e energia descentralizada, em vez de depender de megacorporações.
Direitos laborais como base: Salário mínimo vinculado ao custo de vida, contratação colectiva forte, e proteção contra despedimentos abusivos.
Habitação como direito, não mercadoria: Limitar compras por fundos estrangeiros, congelar rendas em zonas tensionadas, e investir em casas públicas.
Conclusão: A sua revolta é o primeiro passo
A sua raiva não é irracional — é a resposta lógica a um sistema que glorifica a “produção de riqueza” enquanto trata seres humanos como recursos descartáveis. O problema não é o trabalho de pessoas como você, mas um modelo económico que rouba a dignidade do trabalho para alimentar a acumulação de uns poucos.
Como dizia o economista José Maria Castro Caldas:
“Não faltam recursos em Portugal — falta é democracia económica.”
A mudança começa quando recusamos aceitar esse mantra e exigimos não mais riqueza abstrata, mas justiça concreta. Você não está sozinha nessa luta.
New chat
Yo, concordo consigo, eu, por exemplo, ganhava bem mais no tempo de Marcelo Caetano, do que quando saí da tropa, em Outubro de 1975 . E, agora, que, já reformado, com uma penalização de 19 % na reforma, sendo 10 % por força de alguém, no caso Ferreira Leite, e depois o pai da Mariana, que lhe sucedeu, entenderem que um reformado, para ter direito a reforma, teria que continuar a descontar por forma encapotada, 10 % da reforma, e o resto, por antecipação da reforma, recebo liquidos, actualmente, menos de 2.000 euros . Não tardará muito tempo, e pelo andar da carruagem, serei apanhado pelo salário médio !
Seja como for, o dinheiro não é 1 fim, é 1 meio . E para alguns, uma maldição. De certeza certa, sabemos que quando alguém morre, não leva nada consigo. E, como, ” onde está o cadáver, aí se reunem os abutres “, e caso o defunto tenha alguma percepção do que se passa, deve ser muito, muito triste, refiro-me às frequentissimas zangas e desavenças familiares com as heranças.
A dívida, uma vez revogada a máxima antiga ” a lei é dura, isso é ” mas “quem não deve não teme “, decerto conhece quem a revogou, e visto que, uma vez revogada “passamos todos a temer”, “mesmo quem não deve nada”, por dívidas que, no entendimento do PR da Islândia e cá em Portugal, Garcia Pereira, não foram contraídas em nome do Povo, nem em seu benefício, pelo que nada beneficiaram, o pagamento das dividas não pode ser imputada àqueles do País, em nome de quem não foi contraida, e dela não beneficiaram, estamos todos, utilizando um termo do Rocha da IL, entalados .
O que me preocupa na questão da dívida, e já nem me refiro ao parasitismo externo, é a irresponsável utilização politica que do caso possa ser feita, veja-se o “se não pagarmos os políticos alemães até lhes tremem as pernas”, sabe quem disse isso, seja o pretexto para aumentos de impostos, que como bem referiu, já são descomunais, seja no limite, e por antecipação à banca, transferência para o Estado, do que conseguimos juntar para, como diziam os antigos, “um dia de chuva”, uma necessidade, refiro-me ao que conseguimos juntar para, pelo menos um dia mais tarde, termos uma velhice desafogada.
Claro que do que eu disse acima, a malta nova nada sabe, nem lhes interessa . Se por falta de educação e de respeito, alguém vier fazer chacota, dizendo que o que escrevi passou despercebido, ou armar-se em ortopedista com “conselhos” sobre a posição de dormir, – com patente insinuação sexual, – respondo desde já, durmo como quiser e me apetecer, sou maior e mais que vacinado ! Durmo para o lado esquerdo, que é a posição que durmo melhor. Embora durante quase toda a minha vida tenha dormido de barriga para o teto . Em suma, e como é costume dizer, durmo pró lado que durmo melhor. Não é da sua – do atrevido(a) – conta !
Fique bem, :-) foi um prazer .