«Álbum de caricaturas» de Rafael Bordalo Pinheiro
Rafael Bordalo Pinheiro começou a fazer caricaturas no Calcanhar de Aquiles. Seguiu-se A Berlinda, O Binóculo, A Lanterna mágica, a Ilustración de Madrid, a Ilustración Española y Americana e a Illustrated London News. Este seu álbum intitulado «Frases e anexins da língua portuguesa» tem um prefácio de Júlio César Machado, escrito em 1876 no preciso tempo em que Bordalo estava no Brasil: «Correu um dia o boato de que ele era fraco em desenho e, não se fazendo nunca reparo disso a outros que nem desenho nem talento tinham, fizeram-no pagar amargamente a ele o que tinha em talento pelo que pudesse faltar-lhe um pouco em desenho. A insistência e obstinação desses boatos deriva quase sempre da vontade de inventar pretexto para rebaixar os créditos e abalar a estimação em que um homem de aptidão principia a ser tido. A inveja é talvez o único sentimento engenhoso dos portugueses: frouxos de imaginação para tudo mais, são, nesse ramos da sagacidade humana, vivos, espertos e intrépidos.» E conclui: «O caso é que o homem passava por ser aí muito querido e ninguém tratou de o auxiliar quando veio a ocasião disso. Fazem-se conselheiros, fazem-se deputados, fazem-se desta comissão e daquela e da outra, fazem-se medalhas mas não se fazem Rafaéis Bordalos».
(Editora Frenesi, Paginação e grafismo: Paulo da Costa Domingos e Telma Rodrigues)
Bom prefácio de Júlio César, muito actual, aliás. Coincidência ou não, ontem fui ao Museu Soares dos Reis apreciar as obras de um outro Bordalo Pinheiro, o Columbano.
Dolorosamente actual – direi eu, já agora. ESta malta nunca mais aprende…