Chuva no fim de Maio
Gavetas de naftalina
Olha o tempo de soslaio
O seu olhar de menina
Fato de banho adiado
Fim-de-semana na sala
Outra banda, outro lado
Chuva em fato de gala
Teu cabelo já sem pontas
Está à espera do calor
Nos desenhos e nas contas
Há um erro do previsor
De quem espera este mês
Numa luz já de Verão
Perante o mar português
Um calor doutra estação
Assim a chuva limita
O prazer duma viagem
Numa tarde infinita
Para além da paisagem
Como se a linha do Mundo
Fixada no limite azul
Fosse o perfil vagabundo
Dos distantes mares do sul
Levados pelo cinema
Na revolta dum navio
As palavras dum poema
São luz no papel vazio
Nos óculos que vais limpar
Com um pano apropriado
Está o pó do nosso ar
Que anda por todo o lado
E se mistura na chuva
Nos telhados da cidade
E enche o bago da uva
Em sinal de fertilidade
No poema encharcado
Irrompe olhar de menina
Fato de banho guardado
Gavetas de naftalina
Estava ali a dizer “Inicie os comentários” e eu obedeci.
Olha! Eu à espera de mais um calhau e desta vez saíu-lhe um poema!
Deixa la! não te importes Fernandinha
Que os ultra-violetas estão perigosos
Disfarçados entre núvens, ardilosos
Vai somente de manhã, ou à tardinha
Descança, o Sol que tarda brilhará
Que o anti-ciclone há-de arredar-se
Para que o teu Sol possa mostrar-se
E na praia o teu corpo brilhará
Tua beleza é que apagou o Sol
Irradiando mais luz que um farol
Raiando longe as águas deste Téjo
Já bronzeada, quando a tarde vier
Nesse corpo vibrante de mulher
Tua boca de sal pedirá um beijo…
Errata, 8º verso: E na praia teu brilho não faltará
Zé, mesmo com dois «brilhará» (corrigido depois), o poema está bonito. Gostei. Melhor do que o do JCF. É só continuar, ou há livros escondidos na manga?
Desculpa lá, mas não fizeste «errata» para Tejo (não leva acento)! Bom, e já agora, pelo menos, não te gabas. Dás apenas uma lição com luva de mestre.
My name is, obrigado pela correcção. É evidente, eu sabia, Tejo sem acento, mas quando tudo sai à pressa acontece.