A Rua de todos os dias
Onde eu ia quatro vezes
E as noites mais sombrias
Demoravam como meses
Polícia à porta da Escola
A proteger as meninas
O amor era uma esmola
Pedida noutras esquinas
Poço dos Negros abaixo
Em cima era o Calhariz
Na memória que eu acho
Tudo é escuro e infeliz
Havia a guerra e o medo
Estava perto a inspecção
Um poema era segredo
Na Escola Veiga Beirão
Ao sábado até à uma
O trabalho continua
A bica de alta espuma
Espera por mim na rua
Manhã de segunda-feira
Vinte e oito na pendura
Uma vida verdadeira
Não se vive em ditadura
Nos cafés ao fim do dia
Os boatos são notícias
Falar é uma teimosia
À paisana são polícias
«Suplemento literário»
Quinta-feira nos jornais
Via o tempo ao contrário
Onde os sonhos eram reais
Passam já quarenta anos
Sobre mim sobre a calçada
Fora estes mitos urbanos
Parece que não houve nada
Excepto talvez a ternura
Que se gastou em excesso
A calçada é uma gravura
Mas virada do avesso
Onde até eu sou presente
Na multidão disfarçado
Estou no lugar da frente
Assim vou a todo o lado
Numa porta de Livraria
Vi Bocage em imagem
Na paragem da alegria
Acabou esta viagem
Bom Ano, Poeta, não escreva ainda a última quadra.
Vá pelo ditado “o que há-de ser nosso, às mãos nos há-de vir ter “, nas tintas para cunho machista do dito e continue viagem.
Diga que fui eu que disse !
Jnascimento
Um abraço caro amigo. Obrigado. Tenho um pedido de desculpas a fazer: enganei-me no nome do autor do quadro. Chama-se Ruslam Botiev não Oleg Basyuk. Como sou admirador dos dois enganei-me. Não há-de ser nada. Vou agora falar com os dois – Oleg no miradouro de São Pedro de Alcântara e Ruslam na livraria Sá da Costa.
se calhar é ruslan, nem o nome do moço sabes escrever.
Vai morrer longe, cabresto! Olha que os campinos já usam telemóvel…
Mas hoje parece tudo a preto e branco como antigamente.
As calçadas dos passeios com ondulações e pedras soltas, são um perigo para os velhotes.
De madrugada deviam lavar diariamente as calçadas com mangueiras como antigamente mas esqueceram-se porque a água é cara.
Os primeiros segundos terceiros andares não sabem o que é tinta nos caixilhos das janelas portas e paredes.
Isto visto de dia, porque à noite, nem quero imaginar.
Tenho tanta pena de Lisboa, a nossa capital.
Meu caro à noite é de fugir, isto hoje é uma terra queimada. Ainda agora um cabrão me colocou uma garrafa de litro debaixo de um pneu – foram mais 80 euros…
Pode até ser terra queimada, mas tem um poder de atracção….!!!
A nostalgia (?) faz sempre com que regressemos..