“Depois de as coisas acontecerem, é quase irresistível reflectir sobre o que teria sido a vida, se se tem feito diferente. Se soubesse o que o destino lhe reservava nos próximos tempos, talvez Luís Bernardo Valença nunca tivesse apanhado o comboio, naquela chuvosa manhã de Dezembro de 1905, na Estação do Barreiro.
Mas agora, recostado na confortável poltrona de veludo carmim da 1ª classe, Luís Bernardo via desfilar tranquilamente a paisagem através da janela, observando como aos poucos se instalava o terreno plano, semeado de sobreiros e azinheiras, tão característico do Alentejo, e como o céu de chuva que deixara em Lisboa ia timidamente abrindo clareiras pelas quais espreitava já um reconfortante sol de Inverno.”
É desta forma, e não desta, que se inicia o romance Equador, de Miguel Sousa Tavares.
É verdade que o abjecto rapazola que assina lapierre & collins não coloca aspas nos parágrafos que precedem a frase “Assim se iniciam os livros «Equador», de Miguel Sousa Tavares, e «Fredom at Midnight», de Dominique Lapierre e Larry Collins.” Mas também é verdade que a blogosfera já está a ficar apinhada de “citações” dos dois infames resumos como se os mesmos correspondessem, à letra, ao início dos supracitados romances.
Foi, exactamente esse, de resto, o objectivo do pusilânime animal, ao disfarçar de “início de romance” os ditos parágrafos. Tudo para que o Zé, exultando com a suposta desvelada desgraça alheia, cegasse e, à boa maneira portuguesa, tratasse de pôr a circular as ditas frases como se de verdadeiras citações (iguaizinhas, Maria, iguaizinhas!) se tratassem.
Porém, e essa é que é a merda, no antro em que esta espécie de país está feito, é também isso que fica para a posteridade. As duas frases. Os dois abusivos resumos. Iguais. Que não são início de romance nenhum. Por certo que, metade da malta que leu a coisa, parou à primeira frase em inglês, ficando-se pelos fajutos inícios de romance. O desprezível insecto contou com isso – com a sua imbecilidade e com a estupidez natural do populacho.
E o resto? Não há absolutamente mais nada digno de registo. Trata-se, tão só, da simples menção a factos históricos. Semelhantes, claro. E por isso mesmo – porque são factos. Como diz o João Miranda, em referência a Sir Buphinder Sing, “Dizer que ele era rico, tinha um metro e noventa de altura e cento e quarenta quilos de peso é plagiar a realidade. Ele era mesmo rico e provavelmente tinha mesmo um metro e noventa de altura e cento e quarenta quilos de peso.”
Uma última coisa. Passou-vos mesmo pelas cabecitas que o MST se desse ao luxo de plagiar e de aludir, ao mesmo tempo, no livro produto do suposto plágio, ao livro objecto do suposto plágio? Que fita métrica estão a usar? A mesma com que medem as pilinhas?
Acalmai, pois, a vossa sede de sangue, que esta tontaria é menos que nada.
penso que é a mesma fita métrica com que se mede quem resolve a questão à paulada.
Insectos, merdas, abjecções, pusilanimidades… olha que estamos a faalr o “Equador”, não de Borges
No país das Floribelas, Morangos, Malatos, Marcelos,etc, o MST é um “MUST”!
Olha o Rainha, que ontem escreveu isto “o iracundo flagelador de maus hábitos e morais vacilantes, é bem capaz de ter plagiado extensas passagens do seu êxito”, a encolher a fitinha métrica eh eh eh
Afixe loves MST.
a propósito do comentário de cima, o afixe é, de facto, muito parecido com o MST. só que é ainda melhor. ambos são inteligentes, justiceiros, argutos, escrevem bem, são bem sucedidos com as mulheres ;), mas as opiniões políticas do afixe são melhores. só lhe falta ser do Benfica
Foi por isso que o “Afixe” acabou.Eram só cópias!
Porra, tanta azia.
Esqueci-me que isto aqui é só de Borges para cima, porra (o comentário do anónimo é auto-suficiente e nem carece de resposta).
E que é de mau tom dizer que o MST escreve bem, sim.
Que é dos poucos nesta choldra imunda que os tem no sítio e que, sim, este caso é para resolver mesmo à paulada. Parece-me mesmo a forma mais justa.
Real, desse mal, ser lampião, hei-de continuar livre. Quanto ao resto, será a força da amizade que te faz exagerar.
Este afixe, para além de ser ordinário e para isso basta ler os palavrões que escreve, continua a insultar. Depois fica admirado de receber insultos como resposta aos seus e começa a gritar que quer o e-mail do anónimo que lhe respondeu à letra. Por fim virá o FV tomar as dores do afixe, apesar de não o conhecer.
Um ordinarão, pá. Nota bem os palavrões: pusilânime, desprezível, Buphinder Sing. Alguém cale esse home, Jesus!
Foi pilinha, caralho. Que cabeça a minha.
Estás com azar, Real. Se fores ver os primeiros comentários afixados no blogue da denúncia do suposto plágio, podes lá ler um comentário assinado por mim que reza: “A bem da verdade, o primeiro parágrafo citado é escandalosamente igual ao original; mas os restantes apenas denotam chupismo de informação…”
Fui, a confirmar-se esta versão, levado pelo engano do falso início do “Equador”, mas os outros exemplos não me convenceram. E isto logo nos primeiras horas da “polémica”. E não precisei de consultar o Blasfémias para chegar a essa conclusão…
Quanto ao resto, acho muito barulho à volta de tão fraco motivo: não me parece que o “Equador” seja obra merecedora de tanta agitação. E será de mau tom dizer que ele escreve bem (que é isso? não dar erros?) apenas porque não anda por ali estilo digno de nota. Só isso.
O nosso Estado Racista e Xenófobo recusa-se a celebrar condignamente o centenário da morte de Gungunhana. Os partidos (a começar pela Esquerda) também não querem saber!!!
Anónimo das 12:22,
«É de mau tom dizer que o MST escreve bem, sim. Que é dos poucos nesta choldra imunda que os tem no sítio».
Como vês, não tomo sobre mim as dores do Afixe. Copio-o. E assino por baixo.
Só acrescento isto: para mim, o grande MST é o cronista, o contista e o repórter. Ainda não estou convencido do romancista. Mas acho óptimo que seja tão lido cá fora. Lido, repito. Para nos resgatarmos dos Saramagos e Antunes, enfadonhos e perliquitetes.
1) Que alguém morra de tédio é um exemplo de facto histórico?
2) Já leu “Freedom at midnight” para dizer que *não* se trata de plágio? Ou, como os outros tontos, guia-se apenas pelo que leu no inenarrável blog?
3) É “afixe” por parte da mãe ou por parte do pai? Ou isso é nome próprio?
É certo. Coincidências como a que se encontra entre “Sua Exaltada Excelência haveria de morrer, prostrado à mais incurável das doenças: o tédio.” e “His was a malady that plagued not a few of is surfeited fellow rulers. It was boredom. He died of it…” não se limitam à extracção de informação. Poderão não constituir um caso declarado de plágio, mas também não me parecem assim tão inocentes.
Cómico é o pormenor do “he could consume twenty pounds of food in the course of a strenuous day or a couple of chickens as a tea-time snack” passar a “despachava vinte quilos de comida, incluindo três frangos com o chá das cinco”. Converter a unidade de peso daria muito trabalho, presumo.
Em suma, Afixe, olha que a verdade é bem capaz de ser encontrar algures a meio do caminho entre as acusações dogmáticas e a tua indignação tonitruante… Ainda iremos ler mais sobre isto; neste momento deve andar por aí um exército de coca-bichinhos a construir listas de concordâncias.
Esse endeusamento do cronista MST e subalternidade do Lobo Antunes por parte do FV tem o seu quê de divertido.
Mais divertida foi a conversão das 20 pounds em 20 quilos de comida e a mudança de sexo das galinhas.
O LR pode não ser crítico literário mas demonstra maior perspicácia e espírito crítico.
Factos desmentem-se com factos.
Deixem os argumentos para desmentir os argumentos, na falta de factos. (Se é bom escritor, boa pessoa, e os tem no sitio.)
Façam o favor os defensores do MST de desmentir os factos que constam do site “freedom to copy”
E digam que os textos lá mencionados não constam dos ditos livros. Quase palavra a palavra do inglês para o português nas paginas lá mencionadas.
Sendo cronologicamente um livro anterior ao outro da para conclusões. Até para pensarmos ( o pensamento é livre como o vento) que possivelmente um pode ter nascido da inspiração do outro
Façam isso e não argumentem. Eu que não li os livros irei logo ler só para tirar a prova dos noves e não me interessa a importância que duas ou três transcrições possam ter em centenas de paginas, é um principio, repudio-o e ninguém me garante que outras partes, também sejam genuínas.
António Magalhães,
Pare e pense. Chamei a MST um grande cronista. E se eu o acho, que posso fazer senão dizê-lo? Falei também do Antunes traduzido, o dos romances, sobretudo dos mais recentes. E, se o considero um chato, porque não afirmá-lo, tendo-o já feito bem mais publicamente do que aqui, onde falamos em segredo?
Tá a ver? Faltam-me perspicácia e espírito crítico. Não é você o primeiro, nem será o último, a lembrar-mo. Cá se vai vivendo.
“mudança de sexo das galinhas”
Chicken e usado tanto no masculino como no feminino.
Não li nenhum dos dois livros e por isso não arriscaria chamar plágio descarado ao que foi denunciado anonimamente.
Mas o que ficou escrito no blog em causa, dá para perceber que não é correcto escrever-se num romance o que se escreveu e ficar depois indignado por alguém o ter mencionado, alargando a noção de plágio.
Plágio, parece existir. Agora, se é em grau suficiente para pôr em causa a originalidade da obra, no seu todo, só lendo as duas e tirando conclusões.
Porém, do que lei por aqui, até do Fernando Venâncio, estou a ler alguma ( muita) indulgência em relação ao MST que não me parece devida, no caso concreto.
Um crítico deve ser objectivo e impiedoso na análise que faz.
Façam o vosso trabalho de críticos que a gente que lê, agradece.
Portanto, segundo o argumento do Afixe e do João Miranda no Blasfémia, se eu escrever um livro sobre a 2ª Guerra Mundial em que decalque, quase palavra por palavra, uma dezena de parágrafos do «The Second World War», do Churchill, não estarei a cometer plágio, mas apenas a fazer “menção a factos históricos” ou a “plagiar a realidade”.
Ok, é bom saber.
“Em suma, Afixe, olha que a verdade é bem capaz de ser encontrar algures a meio do caminho entre as acusações dogmáticas e a tua indignação tonitruante…”
Luis Rainha e o seu bom senso habitual.
Um gajo que acha que o MST escreve bem é porque escreve tão bem como ele.
“E não precisei de consultar o Blasfémias para chegar a essa conclusão…”
Eu também não, Luis, eu também não. Cuidado com a régua que usas.
Li a suposta citação e a coisa cheirou-me mal. Assim que cheguei a casa fui comparar e escrevi o post.
José,
Não é indulgência, que nenhuma teria com o plagiador. É, antes, que – não obstante alguma desagradável coincidência de motivos nas duas obras, verdadeiramente desnecessária em tal escritor – ainda não me sinto abalado.
Anónimo «Anónimo»,
Quem diz o que você diz é um patarata. Desculpe, sim?
As acusações de plágio são como os autocarros, espera-se uma eternidade por um, e depois chegam logo dois seguidos. Também a mim me caluniam desta maneira. Se o senhor Afixe tiver uns minutinhos de folga, venha até ao Reino Unido, que cá também há gente a pedir pauladas:
http://www.timesonline.co.uk/article/0,,2-2418094,00.html
Agora pergunto ao crítico Fernando Venâncio:
Em casos como este, quais os limites para a citação admissível, sem risco de incorrer em plágio?
Por acaso, verifica-se que a transcrição no blog anónimo, do começo de uma obra e outra, não coincide nos exactos termos ortográficos. Mas coincide noutras coisas ( e julgo que toda a gente concorda com isto).
Então, como é?
Só haverá plágio se as palavras usadas forem as mesmas?
Ainda agora há pouco, estive a ajudar a minha pequena a fazer um trabalho sobre uma determinada lenda.
Como na escola lhe tinham recomendado uma “pesquisa”, lá foi à net, pesquisar.
E encontrou um belo texto clássico em que até se falava de Estrabão, o que ela muito simplesmente integrou no seu texto de adaptação …trocando apenas algumas frases de modo a que o texto não parecesse uma simples cópia!
Ora, isto até uma miuda de 10 anos percebe!
E o que eu lhe disse foi que o que acabara de fazer era inadmissível porque era uma aldrabice. E expliquei-lhe essa noção moral que julga válida para uma criança aprender e praticar.
Um maduro como o MST não iria fazer pior…mas isso quer simplesmente dizer que não há plágio algum?!
Meus caros…indulgências sim, mas plenárias?!!
Ó susceptível caramelo: a carapuça era de modelo universal.
José,
Essa da indulgência plenária mereceu uma gostosa gargalhada cá do meu background católico…
Ora então. Com as informações deste momento, eu diria:
– não me parece de aplaudir que MST se tenha valido do «colorido narrativo» alheio,
– quem o conhecesse deveria de aconselhá-lo a reconhecer – já – exactamente isso.
Caro Fernando,
Concordo com o que dizes do Lobo Antunes. Mas se atendermos, acrescento, ao romancista.
O ALA cronista é muito bom.
Era, era. Quem não te conheça que te compre.
Afixe,
Mas eu disse exactamente isso. Aqui: «Falei também do Antunes traduzido, o dos romances, sobretudo dos mais recentes».
Claro, é ponto assente que ALA é um dos nossos grandes cronistas do momento, e talvez de sempre. Não o incluí na minha «Crónica Jornalística. Século XX», porque ele não o autorizou ao editor – ao editor, não ao organizador – e escrevi que lamentava a recusa dele.
Mas há mais grandes cronistas (nossos, também) que falharam como romancistas. ALA tem três ou quatro grandes romances. E uma carrada de palha que nós não merecíamos. Nem ele.
Tens razão, desculpa.
Ó Afixe mas a Fátima Rolo Duarte deu a cara à paulada do MST e tem lá no blogue dela um exemplo da coisa que não dá margem para dúvidas.
Sim, Fátima, descansa que já lá vou! “Onde estás?”
Afixe,
Está aqui: http://f-world-blog.blogspot.com/
Mas é já coisa sabida. Quod novi?
Fernando Venâncio
“«É de mau tom dizer que o MST escreve bem, sim. Que é dos poucos nesta choldra imunda que os tem no sítio». Como vês, não tomo sobre mim as dores do Afixe. Copio-o. E assino por baixo.”
Não é o facto de mencionares e de concordares com o Afixe que faz com que tomes as dores dele. Sabes bem que não. O que eu critiquei e não concordo é a forma como ele escreve, recorrendo ao insulto e ao palavrão. Tu não escreves desta forma pois não?
Quanto ao conteúdo eu concordo mais ou menos com a linha de argumentação do Afixe (e serei o último a tomar as dores dele). Também acho que o MST é um bom cronista, um bom comunicador, um mau treinador de bancada e homem de coragem (ou com eles no sítio como disse o Afixe e tu assinaste por baixo). Como tu, também acho Saramago e Lobo Antunes enfadonhos. É só isto.
Anónimo das 12:22
Porreiro. Só é pena seres tão… anónimo.
Excelente o comentário do “Não sou lambe botas mas”
– um gajo que acha que o MST escreve bem é porque escreve tão bem como ele.
Elegante, aforístico, de fina ironia.
Há imenso talento na blogosfera. Mais , é para aí que está a emigrar todo o talento em Portugal. Cuidem~se jornais, que já são plágios de si mesmos há que séculos sempre com os mesmos de um lado e doutro da barricada.
Mas times are changing…Os ídolos caiem.
O engraçado também é que dada a velocidade de difusão dos blogs há uma boa interactividade e rivalidade e concorrência imediata entre todos.
Uma nova linguagem, um novo estilo está a nascer. Gosto de estar a participar nesta acção – talvez as questões essenciais continuem a ser as iniciadas pelas Conferências do Casino.
A concisão, a elegância e a inteligência acabam sempre por vir ao de cima. Nada de mais natural. As baixas densidades tem por fim ficar em baixo, por isso a boçalidade corrente, a caceteira prosa de redundante grosseria ficará cada vez mais circunscrita, reconhecível e desprezível.
Força “Não lambo as botas mas…”
“Mas times are changing”.
Mais um fucking apóstolo do JRS.
E da constante repetição de artigos definidos,por vezes o mesmo numa única frase!!! Disso ninguém fala.
“um gajo que acha que o MST escreve bem é porque escreve tão bem como ele”
Caríssima locomotiva, tu que és a pessoa mais imprevisível da lusoblogocoisa, em certos assuntos sofres de uma previsibilidade ilariante.
E, se me é permitida mais uma nota, vê lá se deixas de assinar comentários como “anónimo” que até eu ando com dificuldades em te destinguir!
hilariante?
Meu bom imbecil! Isso é que é tresler. Não é nada disso que esta(va) no blogue. Era uma comparação de situações, por isso não tinha aspas. As aspas vinham em baixo, nos textos copiados por esse dó de alma. Dá-lhe porco sujo! Mas não mintas, cão!