E Mariana em cruzeiro pelo Mediterrâneo

Não sei se, dentro do género, não teria sido mais heroico fazer um rali Paris-Dakar na versão Ceuta-Gaza, em camiões pelo norte de África, para levarem qualquer coisinha à população palestina em fuga permanente para lado nenhum. Mas tenho a noção de que seria mais exigente, com mais obstáculos (nomeadamente diplomáticos) e muito menos prazenteiro, já que todos os países do norte de África se têm mostrado pouco interessados em acolher palestinos e facilitar ajudas, além de hostilizarem as pessoas LGBT. De barco acaba por ser mais poético e mais livre de muçulmanos bizarros. E há convívio e tal.

Entretanto, certo é que o Bloco ficou sem líder por tempo indeterminado, o que, no plano político nacional, não aquece nem arrefece, mas fica mal. Mariana anda em passeio. A flotilha vai até lá para ser corrida, já se sabe, ou numa hipótese mais remota e altamente improvável, afundada, podendo ou não descarregar a comida. O afundamento não vai acontecer, com pena de alguns membros mais excitados da flotilha, que vai apenas regressar.

Gaza está na boca do mundo inteiro e não vai ser a flotilha a chamar a atenção para o problema. Pelo que não se pode descartar a hipótese de tudo isto constituir um divertimento de fim de Verão. Eventualmente alguns membros serão presos e depois libertados, só para dizerem com conhecimento de causa que os judeus são uns cães, insensíveis e genocidários. Não esperam com certeza que, no meio desta guerra, o Governo de Israel os receba e os leve a fazer um tour por Telavive, Jerusalém ou Gaza. Se, numa de ousadia, desembarcarem e decidirem “invadir” Gaza e ir lutar ao lado do Hamas são idiotas, porque, na realidade, o Governo de Israel pode estar a levar a violência a níveis inqualificáveis, mas o Hamas é um bando de assassinos, incapaz de suscitar simpatia, muito menos de trazer progresso, bem-estar e tolerância a qualquer local ou população que seja. O seu core business é outro.

Em Portugal há, neste período, uma campanha eleitoral e a verdade é que a Mariana já desistiu do Bloco, não havendo bandeiras da Palestina que lhe valham. Por mim, o fim do Bloco é um desfecho mais do que natural. A Mariana foi um erro de casting: tem postura de inquisidora, não de líder. Mas o Bloco também se tornou inútil. Se é preciso agarrar-se à causa de grupos muçulmanos violentos e obscurantistas, que vêem nas mulheres fábricas de produção de mártires e penduram os homossexuais de guindastes, para ter protagonismo, é bom que o partido desapareça de vez. Nunca vejo pessoas como a Mariana protestar contra o Hamas. Talvez o considerem uma vítima.

 

Nota: É um facto que a população de Gaza está encarcerada e sofre de uma maneira inimaginável. Sem casa, quase sem comida, sem terra. Gostaria de viver em paz, mas a inveja e o ódio ao vizinho instigados pelos radicais que a controlam sobrepuseram-se a tudo o resto, culminando no “festim” e nos festejos do 7 de Outubro de 2023. O medo do próprio Hamas também impera. Ao ponto de toda a gente parecer ter pactuado com a construção da gigantesca rede de túneis para fins militares em todo o território, desviando com isso milhões de ajuda que poderiam ter sido empregues no desenvolvimento daquela sociedade.

O Hamas, como outros grupos extremistas muçulmanos, não luta apenas contra um “colonizador” específico, segue uma cultura de morte, nomeadamente contra os seus próprios cidadãos. Sendo intrinsecamente violento, existe, como os outros, sobretudo para exterminar judeus e os chamados “infiéis”. Porém, não existisse Israel, e a luta seria a mesma e igualmente violenta, contra o Ocidente e os seus valores (ver o ISIS, a Irmandade Muçulmana, o Hezbollah, etc.) ou simplesmente contra seitas rivais (ver Síria). O que fazer com tudo isto? Nem destruir Israel nem matar todos os gazenses são soluções viáveis. Os países ricos do Golfo são os únicos que podem fazer de Gaza um sítio habitável. Mas para isso é preciso 1) acordarem com o Irão o reconhecimento do Estado de Israel, 2) gostarem dos palestinos e 3) imporem o fim do Hamas. Tudo difícil.

2 thoughts on “E Mariana em cruzeiro pelo Mediterrâneo”

  1. Gostei deste escrito.
    Ela espalhou-se ao comprido. Espero que não lhe fiquem marcas na face e pelo corpo .
    A Menina Mariana é um desperdício.
    Mas num barco sem rumo…., onde nada deve faltar – Quem sabe o que ela pode descobrir de novo e mais ajustado à vida!

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