Dominguice

Em Portugal, o termo frouxo não era insulto calhorda, fosse na rua ou no Parlamento, que alguém se lembrasse de usar. A sua semântica é principalmente funcional, frouxo é apenas o que não está apertado ou é mole, sem mais apelo metafórico. Para comunicar fraqueza, preferimos dizer que algo é, ou está, ou se sente fraco. Mas no Brasil o termo frouxo tem outras conotações arreigadas na cultura popular, onde se usa para insultar alguém sugerindo que é cobarde ou não consegue ter erecções (só vale para homens, e daqueles com pilinha, portanto). Tal mudou graças a Ventura. Há vários anos, repetidamente, começou a lançar o frouxo contra os líderes do PS. Não podendo usar “filho da puta”, “cabrão”, “paneleiro”, “maricas” e “impotente”, o que lhe traria problemas inúteis, o “frouxo” funciona perfeitamente como código taberneiro que todos decifram — especialmente os “portugueses de bem”, doutorados em hermenêutica de urinol.

Esta atenção obsessiva ao estado dos pénis de outros deputados poderá parecer estranha ao ocasional espectador da virilidade histriónica do Ventura. Mas não devia. É que faz todo o sentido. Todinho.

3 thoughts on “Dominguice”

  1. Apoiado, volupi: ‘frouxo’, mesmo no sentido brasuca do termo, não chega.

    Os líderes do PS são outras coisas – chulos, pulhas, trafulhas, negligentes, incompetentes, mafiosos (44, Bosta), sonsos (Guterres, Carneiro), bananas (Seguro, PNS)… nada a ver com as ocupações das suas mães, com erecções ou preferências sexuais, mas sim com a mediocridade, a torpeza, a chulice e o culambismo que grassa nestes partidos, em particular no Centrão e no Partido Sucateiro.

    O pulha Ventura chama-lhes frouxos porque quer passar por duro; algo difícil para um palhaço fala-barato que brinca com coelhos e só anda na rua rodeado de guarda-costas, mas a carneirada do Chega papa tudo. O PS ser frouxo não é grande problema. Pior é ser um esgoto a céu aberto.

  2. Os comunas que lambem as botas à Rússia, seja ela comuna ou fascista, e cujo eleitorado vira da CDU para o Chega é que são bons, querem ver !

  3. «Os comunas … é que são bons, querem ver !»

    Porque é que X ser mau implica que Z seja bom, merdolas? (V. é o merdolas, não é? Se não for não leve a mal, mas o merdolas também não tem nome e também só diz trampa.)

    Há realmente comunas – e também direitalhas – que confundem a Rússia actual, uma ditadura-oligarquia de gangsters, com a extinta URSS, uma ditadura que se intitulava socialista – o que era uma óbvia contradição, se alguém se desse ao trabalho de perceber o que significa socialismo.

    A confusão provém de certa nostalgia da guerra fria, de um mundo mais claramente dividido entre bons e maus, sendo que cada lado se considerava o bom. Para tais comunas a Rússia é ainda o inimigo dos EUA, logo deve ser apoiada, e para os direitalhas a mesma coisa, logo atacada.

    Claro que a Rússia deve mesmo ser atacada, mas por ser uma coutada de gangsters e mamões que atacou outro país, não por tais disparates. E claro que os EUA são ainda piores. Mas nada disto tem a ver com o pulha Ventura ou com os chulos, pulhas e trafulhas do Partido da Sucata.

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