Em cartaz

Este é o cartaz mais cognitivamente estimulante da campanha, porque o mais difícil de interpretar. O protagonista está a rir, vai sem discussão, posto que exibe a cremalheira toda. Mas a mensagem leva-nos para o choro e o sofrimento de milhões. Se Portugal precisa de salvação, e a salvação virá do fulano no cartaz salvífico, então é porque o desespero no País atingiu uma dimensão infernal. Estamos fatalmente perdidos, certamente por causa dos 50 anos de democracia, como outros cartazes do mesmo fulano explicam ao povo. Portanto, vai ser preciso recorrer ao Ventura para nos salvarmos, quem mais?

Eis o berbicacho na cachimónia do votante no Chega. Ele concorda com a perdição, está pronto para enterrar o 25 de Abril, mas hesita na adesão ao riso. Fica baralhado. Do que se ri o salvador? Do mal causado pelos corruptos, ciganos e indostânicos? Das mães e filhas portuguesas violadas por monhés e dos portugueses na miséria por causa dos subsídios à ciganagem? Da pretalhada com catanas? Ou será que a coisa não está tão mal assim, e o riso é apenas um sinal secreto para mostrar aos portugueses de bem que eles estão prestes a ser chamados para chefes disto e daquilo a mando do herói no cartaz?

Dilema fodido.

6 thoughts on “Em cartaz”

  1. Para os adeptos da frase -vou votar no chunga PORQUE ISTO TEM DE MUDAR NEM QUE SEJA PARA PIOR-
    dedico esta frase do tempo da troika e do láparo seu colaborador

    venham cobras e lagartos
    e da terra os seus tremores
    venham maremotos e vulcões
    para fazer a vontade aos cagalhões

    ps- desculpem o mau cheiro

  2. Os vigaristas votam chega, e os pobres de espírito também, porque não sabem quem são os deputados do chega que se não tivessem sido eleitos não tinham onde cair e não tinham a vida que têm agora .

  3. «Estamos fatalmente perdidos, certamente por causa dos 50 anos de democracia»…

    Não, volupi, não é por causa da democracia: é por causa dos 50 anos de partidocracia podre; 50 anos de saque e impunidade, a começar pela máfia sucateira que v. branqueia todos os dias.

    O êxito do Chega, como o nome deste indica, é apenas a manifestação da revolta, do protesto, do asco que o seu regime provoca. Os pulhas e trafulhas que v. defende fingem que este asco não existe; que a bandalheira corrupta a que chamam ‘democracia’ pode prosseguir imperturbável.

    Pois aqui têm o resultado: 50 deputedos, 50 tachos perdidos e um rio de esterco no v/ querido bordel paralamentar. Que alegria ver-vos com medo de perder mais tacho ou até – deusnoslivre! – ter de dividir o poleiro e o saque do país com mais um gangue. Pois é só isso que vos preocupa.

    Claro que tudo isto lhe entra a cem e sai a mil: como pode alguém que defende a inocência do 44, o mais óbvio dos trafulhas, reconhecer seja o que for? Vocês merecem isto e muito pior.

  4. «…se não tivessem sido eleitos não tinham onde cair e não tinham a vida que têm agora»

    Outra vez ambíguo, Luis: fala do Chega, do PS ou do PSD? Isso vale para todos eles! Olhe para o PS, por exemplo: sem a pulhítica ou dinheiro do papá onde acha que aquela canalha estaria hoje?

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