No terraço das insónias
Na frescura do Verão
É no Bairro das Colónias
Que vejo o meu coração
Minha filha Ana Maria
Nasceu nesta avenida
Foi à hora do meio-dia
Esteve em perigo de vida
Cidade em bilhete-postal
Avião passa dois minutos
Em dias de temporal
Ou nos dias mais enxutos
No ruído da ambulância
Nos neóns da claridade
Se percebe a distância
Das artérias da cidade
Pois tal como uma pessoa
A cidade fica cansada
Se o sol se põe em Lisboa
Sem Lisboa dar por nada
Sinfonia dos telhados
Escada de incêndio a cores
Nascem músicas de fados
No escuro dos corredores
No perfil que se desenha
Entre terraço e janela
Já Lisboa é uma senha
Para entrar numa tela
Foi pintada ao natural
Quando amor é vício
Transporte sentimental
Parado entre o bulício
oh meu! essa balada é dedicada aos gajos do inem? espero que sim e que não se atrasem em vir buscar-te.
Na varanda das sonecas
Na rigor do Inverno
É no Bairro das Fanecas
Que contemplo o meu inferno
Meu filho Fábio André
Cresceu nestas escadinhas
Ia para casa a pé
E dava aos gatos as espinhas
Cidade em telegrama
Comboio passa uma hora
Em meses passados na cama
Ou nos que vai para fora
No ruído da furgonete
Nos holofotes da cor
Se percebe a biciclete
A passear cheia de amor
Pois tal como uma pessoa
A cidade apanha chatos
Se a lua nasce em Foz Côa
Foz Côa dá corda aos sapatos
Sonata das águas-furtadas
Corrimões a preto e branco
Nascem músicas de fadas
No claro do tabalanco
No perfil que se projecta
Entre chão e parapeito
Já Foz Côa é provecta
Tem idade de respeito
Foi pintada com pincel
Quando ódio é virtude
Uma fábrica de papel
Estabelecida em Mafamude
Na minha terra havia um fulano, pessoa modesta, que tinha a mania dos versos, mas de versos não percebia nada. Falava de versos, que escrevia versos, lia versos aos amigos e colegas de trabalho. Enfim, vivia apenas para uma coisa: para versejar. Infelizmente, tudo o que escrevia era suficientemente mau, péssimo. Um dia houve um espectáculo lá na terra, uns cançonetistas e um concurso poético. O nosso homem candidatou-se. Chegada a sua vez, subiu ao palco levando consigo umas folhas de papel e vá de ler os versos que levava. De início, as pessoas presentes aguentaram com um sorriso e algumas palavras murmuradas. Mas quem disse que acabado o tempo de antena, o fulano largava o microfone? Havia ainda outros concorrentes para ouvir e ele não desandava por mais que lhe dissessem que tinha terminado o seu tempo. Sem ouvir ninguém, a criatura continuava a recitar, já com a sala a barafustar. Por fim, já ninguém se entendia. Pessoas no palco, o público a protestar, e o fulano, com o microfone bem agarrado, continuava a recitar. Em último recurso, foi chamada a autoridade e, mesmo assim, foi arrastado com o microfone atrás para fora do palco. Choviam os apupos, ouviam-se risos, e havia mesmo quem se mostrasse indignado. Vem isto a propósito do senhor jcfrancisco. Ele insiste, e insiste e não desiste. Não é o tal fulano, mas imita-o na perfeição. Só posso dizer que é lamentável num blog como o aspirina terem um colaborar na área da literatura a escrever atrocidades como a que pode ler-se neste seu poema. Faria melhor em ficar apenas pelas notas sobre livros. Ninguém o incomodava, certamente. Sempre que o leio, lembro-me do outro. Pois, ninguém me obriga a lê-lo. O problema é que há olhos atreitos à ramela. Pode ser o meu caso ou o caso deste blog.
Maria do Carmo, até me sinto mal por não teres dito nada sobre os meus versos. A pior das críticas é o desprezo.
E eu que me esforcei tanto com as rimas e com a métrica. São quadras de grande gabarito.
oh maria do carmo não francisco! eu tamém tive uma experiência semelhante, quando era miúdo, foi na gália e chamava-se assurancetourix.
não desesperem. o viegas está a recrutar bardos pró governo do relvas.
goatei muito de ler e fixei isso de nascer numa avenida. fiquei a pensar, sem ter que ver com o sucedido, obviamente, no que é nascer com larguesa ou em estreiteza. sinhãzices.:-)
É verdade Sinhã, foi no dia 4 de Janeiro de 1978 que a Ana nasceu, ainda havia eléctricos com atrelado, daqueles com dois cobradores e uma campaínha no atrelado. Por isso a freguesia da Ana se chama S. Jorge de Arroios…
Ó Sinhã, agora é que li. Não bastava já o charolês, agora aparece uma barregã. Fazem tanta falta como a fome…
Então e os meus versos jcfrancisco? O que achas deles?
não percebi nada, Zézinho. agora é que leste o quê e quem é a barregã? :-)
Olha uma tal «Maria do Carmo» que só agora li. Quanto ao falso Romeu perceba que eu não estou aqui para lhe dar o que quer que seja, muito menos opiniões.
afinal havia outra! o genuíno és tu. crias bué de nicks para fingir que tens muitos seguidores e admiradores da poesia desengonçada com que atrais abéculas e a prosa mal educada com que geres os comentários que não te agradam.
Falso?
Sim, falso porque não tem Julieta e o nome não é um nome, é um miserável trocadilho
http://gloriasdopassado.blogspot.com/2008/09/romeu.html este tambem não tem Julieta nenhuma e não é por isso que é falso.
E o trocadilho não é nada miserável, até está muito bem apanhado. Dizes isso porque fiz um poema mais giro que o teu.
É pá deixa-te de tretas. Se estás convencido que podes ser alguém, apresenta o teu trabalho a público, seja num concurso ou numa editora. Eu em 1980 concorri ao Prémio da Secretaria de Estado da Cultura e da Associação Portuguesa de Escritores. O júri foi Armando Silva Carvalho, Fernando J.B. Martinho e Pedro Tamen. Deixa-te de tretas e de trocadilhos parvos…
Tá velhote, o gajo. Tá senil. Sempre a remoer no mesmo e ninguém lhe liga. Sempre no gabanço, a repisar o prémio que recebeu (só podia ter sido por engano) há 31 anos atrás! Chiça, penico, como dizia o outro!
Eu estou a apresentar o meu trabalho ao público aqui, nesta caixa de comentários que é um local tão digno como outro qualquer, apesar de ser um post teu. Decerto que em 1980 não havia essa possibilidade, porque ainda não existia o Aspirina B e o Valupi talvez ainda nem fosse nascido.
Proponho que os restantes comentadores votem no poema de que gostaram mais, o meu ou o teu. Prometo que vou acatar a decisão qualquer que ela seja.
mas não pode ser assim, Zézinho: o til não é para qualquer uma: é marca registada.:-)
(claro está que voto no do homem da casa – ou escolho outro restaurante) :-)
oh meu! eu voto no teu.
oh xico! a lili canecas tamem fazia parte do juri e o país andava em campanha de alfabetização, tu deves ter sido contemplado com um dos primeiros diplomas.
Vai morrer longe e depressa, animal charolês!
jcfrancisco, a Sinhã chateou-se contigo por estares a usar o til para efeitos menos próprios, mas gosta de ti e até votou no teu poema, não lhe devias chamar coisas dessas.
Tu sabes muito bem a quem é que chamei animal charolês, não foi à Sinhã…
oh xico! deixa-te de timidez juvenil e dedica um poema à abécula que ele perdoa-te e voltam a ser felizes.
regra geral, anonimo, as mulheres – para mostrarem que são mulheres – abrem as pernas. a mim, basta-me abrir a boca. que azar o teu. :-)