Quem recusa este caminho económico e financeiro, quem considera que ele piorará a nossa situação, pondo o País na mesma situação em que a Grécia e a Irlanda se encontram, só poderia votar contra este PEC (IV).
(…)
Não houve uma coligação negativa. Houve três partidos que se têm oposto aos PEC’s e coerentemente se recusaram a colocar a sua assinatura num pacote de medidas que consideram inaceitável. E houve um partido que aceita, na prática, estas medidas, mas quer ser ele a aplicá-las. E que para isso abriu uma crise política.
Daniel Oliveira, 24 de Março de 2011
Os deputados representam os cidadãos, não representam partidos políticos ou governos. Cada um é deles é responsável pelo seu voto, que não é delegável em nenhum líder parlamentar. Nenhum deles se pode esconder atrás da disciplina partidária ou de declarações de voto inconsequentes. Cada um deles, nominalmente, será responsável por todas as consequências que este orçamento venha a ter para o País. Não vale a pena, daqui a um ou dois anos, criticarem as decisões que tomaram, como se elas lhes fossem estranhas.
(…)
Se aprovarem um orçamento em que, como já todos perceberam, não acreditam, os deputados que suportam a maioria terão de ser, cada um deles, responsabilizados por todas as consequências económicas, sociais e políticas que dele advenham. E se elas forem a que toda a gente com o mínimo de bom senso prevê, os portugueses não se devem esquecer dos seus nomes. Quem falha num momento destes não deve continuar na vida política. Nem como deputado, nem como ministro, nem como presidente de uma junta de freguesia. Em próximas eleições, a forma como cada um destes representantes dos cidadãos tiver votado deve ser exibida como o mais importante elemento do seu currículo político. Se soubessem que assim seria talvez pensassem duas vezes antes de votar.
Daniel Oliveira, 31 de Outubro de 2012
Bolds meus
O Daniel, apesar da recente deriva para a racionalidade, foi durante o período Sócrates mais uma fonte de poluição do debate político e do espaço público. Mas veremos o que tem para dar nesta sua nova fase.
Desconfio sempre de “derivas de racionalidade” quando não acompanhadas de reflexão sobre a irracionalidade prévia. Cheira-me sempre a que a racionalidade, nestes casos, é relógio partido: neste momento está certa.
Sim, também concordo muito com essa suspeita, a qual aponta para a hipocrisia e o oportunismo. Contudo, também é inegável que cada um tem o seu caminho, pelo que continua a ser verdadeira a sapiência evangélica: pelos frutos os conhecereis.
o doliveira é empregado do tio balsas, a visibilidade que tem e o dinheiro que recebe são a remuneração dos serviços que presta e que não prestam. as gajas da espinheira têm um discurso mais coerente, recebem muito menos e apesar da exposição solar ser mais prolongada, têm menos visibilidade política. cá pra mim anda-se a fazer ao parlamento como independente pelo ps.
Caro Vega9000,
Pondo de lado a questão da oportunidade politica (não pretendo começar aqui uma guerra), falho em compreender o sentido do post. Não vejo incoerência nenhuma entre as duas posições.
Incoerente seria ter votado contra o PEC IV e no entanto votar este orçamento…
Boas
João Viegas, vê lá se no primeiro texto encontras alguma referência ás “consequências” do voto referidas no segundo texto, e à responsabilidade “para com os cidadãos” e não para com o partido. Depois relê o título do post.
Esta bem Vega9000,
Mas olha que existe uma grande distância entre as consequências de se adoptar uma medida politica e as consequências de NAO se adoptar uma medida politica…
Isso até tem alguns lados “positivos”. Por exemplo, no espaço deixado em aberto por essa distância cabe, entre outras coisas, o facto de ser hoje perfeitamente académica a questão de saber se as restrições do orçamento proposto para 2013 seriam, ou não, uma consequência necessaria das medidas do PEC IV…
Boas
“Incoerente seria ter votado contra o PEC IV e no entanto votar este orçamento…”
a coerência do bloco e dos parvos que o apoiam é nunca estar de acordo para não terem de assumir responsabilidades, contra tudo & contra todos, técnica desenvolvida pela comunada no tempo da outra senhora, tamém conhecidos pelos gajos do contra.
João Viegas, a diferença que existe seria entre pegar intencionalmente fogo a uma casa e recusar-se a agir quando se assiste ao atear do fogo, dizendo que somos é a favor de uma casa ignífuga. Acções “diferentes”, consequências iguais. E o mesmo grau de irresponsabilidade e indiferença perante essas consequências.
Bom, os adeptos do BE dirão que a questão é se devemos aderir às acções propostas quando elas consitem em deitar mais chamas para cima da casa para afugentar o incêndio.
Mas isso ja é a questão da oportunidade…
O Daniel Oliveira sera criticavel, por exemplo pelas razões a que alude o Ignatz.
Mas não me parece que esteja a ser incoerente…
Boas
e quando houver dessas casas que fogem do ignatz, querem casas auto-extinguíveis para haver liberdade de incêndio e o mesmo ser extinto por vontade própria. não coisam, nem saem de cima, aka empatas.
“Mas não me parece que esteja a ser incoerente…”
é tudo relativo, na perspectiva de um filho da puta, a incoerência é bués de coerente e faz parte do jogo que só tem regras para os outros.
Caros especialista em PECologia, podem me explicar (com factos) como o PEC IV iria resultar tendo por base as mesmas políticas (mas em grau diferente) recessivas que serviram de base ao memorando (muitas das medidas do PEC IV estão inscritas no memorando)?
– há uma coisinha que me deixa profundamente irritado – a dialéctica tipo sexo dos anjos para papalvos sobre o dito pec iv …o tal iv até poderia ser uma grande treta até ao limite da treta…mas há lá algo que faz com qualquer estúpido que não o seja até ao limite da estupidez tem que considerar …mas…simplesmente os fdp (fora do porto) que usam o blabla sobre o dito fingem ignorar …com o tal pec os tipos de preto nunca cá punham as patorras…e nós teríamos os €€€€…aliás tal como os espanhóis os têm …porra…qual é a dúvida aqui…deve ser falta de algodão para ver a diferença…espera… tal como diz o neo-pateta – estamos prontos para governar com a troika…o tipo queria um cavalo e brinca agora com a bosta…
Zé,
as explicações não têm faltado, para quem as queira ouvir. Ouve.Ouve bem: os resgates nas condições assassinas que foram opcionadas pelo PSD, CDS, BE e PCP, nos idos de Março de 2011 (o PS tinha optado pel PEC, não por esta barbárie), têm, logo à partida, várias desvantagens em relação ao acordo PEC – PEC esse praticado por vários países europeus (em versões 1, 2, 3 e por aí fora) que, assim, evitaram ser “intervencionados”. Não estaríamos a pagar os juros usurários que pagamos agora: neste momento, cerca de 80% do que pagamos são juros, este saque não constava dos PECs.
As condições não passavam pela abolição de opções fundamentais quanto a políticas de crescimento da economia: a ajuda seria para isso e não para pagar juros sobre juros sobre juros à conta da anulação dos serviços fundamentais aos cidadãos. Que neste momento não os têm, mas pagam-nos a triplicar para pagar a usura e só isso.
Exemplo: as listas de espera para cirurgias passaram, graças a Sócrates, de cerca de dois anos e meio para poucos meses. Neste momento, apesar de pagarmos os serviços de saúde ao triplo do preço – taxas moderadoras-, fora os impostos para o efeito, chegámos ao indicador terceiro mundista de anos de fila de espera para intervenções que, muitas vezes, surgem post mortem. Aliás, é com base neste decréscimo da qualidade do serviço que a proposta de “refundação” do papel do estado se afirma: “como o serviço é mau, acabemos com o serviço”.
(excluo desta análise os mais sacrificados de todos os cidadãos, os funcionários que pagando 1,5% para acesso a serviços de saúde (contra 11%, pagos pelos trabalhadores do privado) têm acesso, sem taxas moderadoras , às clínicas e hospitais privados.)